O varejo brasileiro encerrou 2024 com alta de 4,7% em relação ao ano anterior, o melhor desempenho do setor desde 2012. Os dados foram apresentados pela Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em um contexto de recuperação econômica e transformação acelerada, o crescimento reflete não apenas o aumento do consumo, mas também a capacidade de adaptação do setor às novas exigências do mercado.
A digitalização do consumo, impulsionada por mudanças no comportamento dos clientes, avanços tecnológicos e maior competição, tem levado empresas a repensarem seus modelos de negócio. Nesse ambiente, ganham protagonismo as Corporate Venture Builders (CVBs), estruturas criadas dentro de grandes corporações para desenvolver negócios digitais inovadores de forma ágil, com alinhamento estratégico e autonomia operacional.
Inovação estruturada e cultura empreendedora
As CVBs são estruturas internas, mas com operação autônoma, produzidas para desenvolver startups e soluções digitais alinhadas aos objetivos estratégicos da companhia. Funcionam como verdadeiros laboratórios, com times próprios, cultura empreendedora, liberdade para testar ideias e foco na criação de novos negócios que complementem ou expandam o core business da empresa.
No varejo, essa abordagem tem se materializado em soluções voltadas à experiência digital do consumidor, como personalização via inteligência artificial, realidade aumentada, ferramentas conversacionais e plataformas de marketplace próprias. Também há um movimento crescente em direção ao modelo Direct-to-Consumer (D2C), com marcas digitais nativas (DNVBs) que eliminam intermediários e fortalecem a conexão com o cliente final. Fintechs internas que oferecem crédito ao consumidor, seguros, e carteiras digitais são iniciativas comuns nascentes em CVBs do setor varejista.
Esses negócios são inicialmente testados em ambientes controlados, por meio de MVPs (produtos mínimos viáveis), permitindo que empresas validem hipóteses de mercado de forma rápida e com baixo custo. Caso as inovações apresentem bons resultados, podem ser escaladas de forma estratégica. Caso contrário, a falha é absorvida como aprendizado, sem grandes impactos para a operação principal.
Ecossistema fortalecido e cultura digital em expansão
Um dos principais ganhos das CVBs está na construção de uma cultura digital robusta, que se expande da iniciativa para o restante da corporação. Ao atrair talentos do segmento de tecnologia e empreendedores com perfil inovador, essas unidades se tornam pontos de infusão de novas práticas, mentalidades e conhecimentos.
Além disso, ao operarem de forma mais leve, as CVBs têm maior tolerância ao risco, promovem a experimentação e incentivam a criatividade — características nem sempre presentes no ambiente corporativo tradicional. Outro diferencial relevante é a atuação em parceria com o ecossistema de inovação. Startups, universidades, aceleradoras e hubs regionais têm sido aliados estratégicos para acelerar projetos, captar talentos e incorporar soluções externas complementares. Esse movimento fortalece o desenvolvimento local da inovação e contribui para o surgimento de novos polos tecnológicos no país.
Varejistas que apostam nesse modelo conseguem ampliar suas fontes de receita e presença no mercado. Super apps, por exemplo, são iniciativas já presentes em algumas grandes redes, reunindo compras, serviços financeiros e conteúdo em uma única plataforma, o que melhora a experiência do consumidor e aumenta o tempo de permanência no ambiente da marca.
As Corporate Venture Builders representam uma resposta estratégica às rápidas transformações que impactam o varejo. Ao permitir que empresas tradicionais desenvolvam novos negócios digitais de forma estruturada, alinhada e com menor risco, elas constroem uma ponte entre o presente e o futuro do setor. Mais do que sobreviver à disrupção, varejistas que investem nesse modelo demonstram capacidade de liderar a inovação em seus segmentos. Em um mercado cada vez mais dinâmico e competitivo, a capacidade de criar, testar e escalar novas soluções será decisiva para quem deseja se manter relevante. E as CVBs têm se mostrado um caminho eficiente para atingir esse objetivo.
Sobre a Leonora Ventures
A Leonora Ventures é uma corporate venture builder catarinense, que tem a missão de impulsionar o crescimento de startups que atuam no setor de varejo, logística e educação. Trata-se de uma iniciativa do Grupo Leonora, empresa que está presente no mercado desde 1984 e que se tornou a maior distribuidora de produtos de papelaria do Brasil. A Leonora Ventures é mão na massa e eleva o potencial escalável das startups em que atua. Para mais informações, acesse: https://leonoraventures.com.br/ ou @leonoraventures.
Autora:
Ana Paula Debiazi é CEO da Leonora Ventures, corporate venture builder catarinense, que tem a missão de impulsionar o crescimento de startups que atuam com tecnologias inovadoras no setor de varejo, logística e educação. – E-mail: leonoraventures@nbpress.com.br.