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segunda-feira, 22 de abril de 2024

“A luta pela vida ou pela ideologia: o genocídio silencioso em nome da causa justa”

No dia 27 de janeiro foi o dia Internacional da Memória do Holocausto, fiquei pensando que as pessoas que consideram sua causa superior às demais tendem a se envolver em atrocidades, acreditando na justiça de sua causa. Ainda não entendo como uma sociedade avançada e racionalmente apoiou tamanho loucura e crueldade liderada por Hitler. 90 anos depois, acho que ainda não aprendemos muito com Auschwitz, que representa a maldade humana. O genocídio da tribo Yanomami parece não ter impacto em muitas pessoas, incluindo cristãos defensores da “vida”. Eles parecem entrar em um frenesi quando ouvem sobre aborto, mas ficam indiferentes ao saber que 540 crianças morreram de fome e que cerca de 700 mil pessoas morreram devido à negligência do governo na compra de vacinas. O silêncio dos líderes cristãos comprova que nossa luta nunca foi pela vida, mas sim pela ideologia. No Brasil, parece que o valor da vida é subordinado à ideologia. Há aqueles que apoiam o aborto e aqueles que os chamam de assassinos. Alguns líderes recusam-se a comprar vacinas que salvariam milhares de vidas ou negam ajuda humanitária a tribos indígenas. Direita e esquerda, ao defenderem suas causas, acabam cometendo atrocidades. Parece que, no Brasil, o que é importante não é a vida, mas a ideologia. “Por isso, no Brasil, temos nossas próprias Auschwitz – seja com fetos mortos, seja com vítimas da Covid-19, ou com aqueles que morrem por falta de alimentação. Quem vai para os centros de concentração ou câmaras de gás? depende da pessoa que está no poder.”

Autor:

Rafael Ribeiro Bollis de Souza é pastor, escritor, teólogo e historiador.

15 COMENTÁRIOS

  1. As atrocidades fazem parte do calcanhar de Aquiles das civilizações, é uma pena que a forma de executá-las apenas foi sofisticada.

    A vida tem um peso considerável, e sobre esta questão não há o que discutir, mas parece que os detentores do poder, seja de qual ala for ligam talvez sim para a questão, porém de maneira muito interesseira

    O autor nos conduziu a uma excelente reflexão, parabéns pelo encorajamento e presteza ao fazer um comentário sem nenhum tipo de viés ideológico!.

  2. Quase um século separa os fatos citados no ÓTIMO texto acima, onde a ideologia retira o senso crítico das pessoas e lideres se utilizam disso para benefícios próprios ou dos seus grupos.
    Vivemos um mundo repleto de noticias falsas ,desinformação e textos como esse, não nos deixam esquecer que devemos sempre estar atentos!

  3. Hoje temos lideranças protestantes que se curvaram ao fascismo. Lideranças que negaram o Jesus Nazareno. Lembro dos “Cristãos” que se juntaram aos que condenaram Jesus.
    Não à toa a historia (HISTÓRIA) de Jesus pré-condenação é pouco estudada nas igrejas.

    Rafael, continue sendo esse bom (necessário) sopro nesse triste vale dos ossos secos.

  4. Sintética, Esclarecedora e Necessária Análise.

    Voltemos aos contextos e circunstâncias -cpo histórico – que levaram Jesus à condenação.

    Viva à fé e à coragem !!!

  5. Parabéns ao autor pela reflexiva e interessante abordagem de um tema, que embora ocupe um tempo distante de nossa memória cronológica, ainda se faz tão presente em nossa sociedade atual.
    A Auschwitz realmente só mudou de nome. Atualmente esta revestida da desigualdade, de interesses escusos ou da negligência com os menos favorecidos.
    Excelente reflexão!

  6. Excelente abordagem! O autor foi detalhista e nos trouxe uma reflexão atemporal, que infelizmente, traduz um pouco da vivência de nossos povos originários. Que tenhamos a sensibilidade e a ousadia necessária para nos posicionar diante de tantas atrocidades que vinham sendo cometidas em nosso país. Parabéns ao autor!

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