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segunda-feira, 25 de novembro de 2024

A Psicóloga e o Divã

É sempre assim.

Mal deito a cabeça no divã, e já sinto seu olhar.

Não é qualquer olhar, não; 

É um olhar que julga. 

Ela jura que não;

e que, se o faz, é apenas para me entender.

“Para te atender melhor”. 

Eu não engulo. 

Me fecho. 

Mesmo sendo esse o motivo de eu estar ali. 

“Falam que preciso expressar melhor meus sentimentos.”

Mas não quero expressar nada.

Só o que consigo expressar é meu espanto com o preço da sessão.

45 minutos de conversa.  

2 vezes por semana. 

Converso mais de duas horas por dia com meu esquadrão no Counter Strike. 

Todos os dias. 

Com certeza faz mais bem que a ver olhando para mim.

Muda, quase sempre.

E quase sempre que deveria ficar, não o faz.

“Já pensou no porquê disso?

Sim. 

Eu sei o porquê disso.

Não preciso dela pra me fazer pensar. 

“Não preciso estar aqui”.

Penso nisso todo dia.

Mas agora já foi.

Já me comprometi.

Desistir só mostraria que todos tem razão.

E isso não vou dar a ninguém.

Só para minha psicóloga, em tudo que ela disser.

Tudo que for possível para receber alta;

Isso se existir alta pra algo assim.

Caso contrário, estou preso aqui.

Para sempre.

Mas, pelo menos, o divã é muito confortável…

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