Não bastasse o enorme número de vigaristas que atuam em nossa cena política, temos agora um filho de brasileiros nos envergonhando nos Estados Unidos: George Santos foi eleito para o Congresso daquele país pelo Partido Republicano, representando o estado de Nova York.
Antes mesmo de ser empossado, em 3 de janeiro, membros de seu próprio partido pediam sua renúncia, baseados nas investigações federais e estaduais envolvendo possíveis atividades criminosas relacionadas às suas duas campanhas para o Congresso – em 2020 concorreu mas não foi eleito – e em falsidades constantes de seu currículo.
Santos admitiu ter mentido ao afirmar ter trabalhado para grandes instituições financeiras, Goldman Sachs e Citigroup; também afirmou ter concluído um curso superior, o que não é verdade. Segundo ele, foram apenas pequenos pecados, uma tentativa de embelezar seu currículo.
Também mentiu ao colocar no site de sua campanha que se orgulhava de ser um judeu americano, que sua mãe era judia e que seus avós fugiram do regime nazista na Segunda Guerra Mundial. Santos agora afirma que é católico, mas que sua avó afirmava ser judia e ter se convertido ao catolicismo; nada disso é verdade.
Agora, surgem informações dando conta que Santos também tem contas a ajustar no Brasil: há cerca de 15 anos, ele teria utilizado um talão de cheques roubado e um nome falso para comprar roupas em uma loja em Niterói.
Um ano depois, em 2009, ele admitiu o crime ao proprietário da loja em uma mensagem enviada pela antiga rede social Orkut. Em 2010, Santos e sua mãe disseram às autoridades que ele havia roubado o talão de cheques de um homem para quem sua mãe costumava trabalhar. O caso não andou por ter Santos se mudado para os Estados Unidos; agora, a Justiça brasileira volta a se ocupar do assunto.
Sem dúvida, um belo currículo; nunca é demais esperar que perca o mandato e preste contas às Justiças americana e brasileira.
Autor:
Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas
