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terça-feira, 28 de outubro de 2025

Um gesto que devolve autoestima: o trabalho transformador do Instituto Erica da Fonseca

Em um país onde tantas iniciativas nascem da solidariedade de pessoas comuns, o trabalho do Instituto Erica da Fonseca se destaca como um exemplo raro de empatia transformada em ação concreta. Fundado e mantido com recursos próprios pela esteticista Erica da Fonseca, o projeto “Novo Eu” vem mudando vidas de mulheres que passaram por mastectomias* – cirurgias muitas vezes necessárias no tratamento do câncer de mama.

O Instituto é uma instituição especializada em tatuagem paramédica, técnica que devolve às mulheres a aparência das aréolas mamárias através de desenhos realistas. O que poderia parecer apenas um detalhe estético é, na verdade, um ato de reconstrução emocional, de reintegração da feminilidade e recuperação da autoestima. Cada mulher atendida reencontra, no espelho, uma parte de si que o câncer tentou tirar — e o resultado é visivelmente mais do que físico: é psicológico, simbólico e humano.

Com mais de cinco anos de atuação, o instituto reúne profissionais e voluntárias das áreas de psicologia, assistência social, fisioterapia e nutrição, oferecendo um atendimento integral e gratuito. Os casos chegam principalmente por meio do SUS, do CTO, do Hospital Alcides Carneiro*e da Associação de Pacientes Oncológicos de Petrópolis (APPO). Até hoje, cerca de 50 mulheres já foram beneficiadas pelo projeto — um número impressionante se considerarmos que nenhum ente ou órgão público financia as atividades.

Erica mantém o Instituto por iniciativa pessoal, arcando com todos os custos de material, espaço e atendimento. É uma ONG de verdade, que sobrevive pela força da causa, não pelo patrocínio de empresas ou governos. Mas o desafio é grande: sem apoio financeiro, fica difícil ampliar o trabalho e garantir a presença constante das profissionais de saúde que tanto ajudam na recuperação das pacientes. “Se a gente conseguir quem ajude a financiar, até pra colocar as profissionais como psicóloga, assistente social, nutricionista e fisioterapeuta…”, desabafa Erica, que vê com dificuldade a falta de reconhecimento de um trabalho que deveria ser abraçado como política pública de saúde e cidadania.

O projeto “Novo Eu” prova que a tatuagem, muitas vezes associada à estética, pode ser uma ferramenta poderosa de reconstrução e acolhimento. Ele transforma cicatrizes em símbolos de força, devolve o brilho aos olhos e redefine o significado da palavra “cura”.

O Instituto Erica da Fonseca, localizado na Praça Prefeito Alcindo Sodré, nº 6 – sobreloja nº 02, Centro – Petrópolis (RJ), é uma referência local de sensibilidade social e compromisso humano. No seu perfil no Instagram @institutoericadafonseca, é possível acompanhar relatos tocantes de mulheres que reencontraram no projeto um novo começo.

Mais do que um instituto de estética, este é um espaço de renascimento, onde cada gesto é um ato de amor e solidariedade. O trabalho de Erica merece apoio, visibilidade e investimento público — porque ajudar a reconstruir o corpo é, acima de tudo, reconstruir histórias.

Manuel Flavio Saiol Pacheco
Manuel Flavio Saiol Pacheco
Doutorando e Sociologia e Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Mestre em Justiça e Segurança pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Especialista em Desenvolvimento Territorial pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).. Possui ainda especializações em Direito Tributário, Direito Constitucional, Direito Administrativo, Docência Jurídica, Docência de Antropologia, Sociologia Política, Ciência Política, Teologia e Cultura e Gestão Pública e Projetos. Graduado em Direito pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Advogado, Presidente da Comissão de Segurança Pública da 14º Subseção da OAB/RJ, Servidor Público.

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