Em um país onde tantas iniciativas nascem da solidariedade de pessoas comuns, o trabalho do Instituto Erica da Fonseca se destaca como um exemplo raro de empatia transformada em ação concreta. Fundado e mantido com recursos próprios pela esteticista Erica da Fonseca, o projeto “Novo Eu” vem mudando vidas de mulheres que passaram por mastectomias* – cirurgias muitas vezes necessárias no tratamento do câncer de mama.
O Instituto é uma instituição especializada em tatuagem paramédica, técnica que devolve às mulheres a aparência das aréolas mamárias através de desenhos realistas. O que poderia parecer apenas um detalhe estético é, na verdade, um ato de reconstrução emocional, de reintegração da feminilidade e recuperação da autoestima. Cada mulher atendida reencontra, no espelho, uma parte de si que o câncer tentou tirar — e o resultado é visivelmente mais do que físico: é psicológico, simbólico e humano.
Com mais de cinco anos de atuação, o instituto reúne profissionais e voluntárias das áreas de psicologia, assistência social, fisioterapia e nutrição, oferecendo um atendimento integral e gratuito. Os casos chegam principalmente por meio do SUS, do CTO, do Hospital Alcides Carneiro*e da Associação de Pacientes Oncológicos de Petrópolis (APPO). Até hoje, cerca de 50 mulheres já foram beneficiadas pelo projeto — um número impressionante se considerarmos que nenhum ente ou órgão público financia as atividades.
Erica mantém o Instituto por iniciativa pessoal, arcando com todos os custos de material, espaço e atendimento. É uma ONG de verdade, que sobrevive pela força da causa, não pelo patrocínio de empresas ou governos. Mas o desafio é grande: sem apoio financeiro, fica difícil ampliar o trabalho e garantir a presença constante das profissionais de saúde que tanto ajudam na recuperação das pacientes. “Se a gente conseguir quem ajude a financiar, até pra colocar as profissionais como psicóloga, assistente social, nutricionista e fisioterapeuta…”, desabafa Erica, que vê com dificuldade a falta de reconhecimento de um trabalho que deveria ser abraçado como política pública de saúde e cidadania.
O projeto “Novo Eu” prova que a tatuagem, muitas vezes associada à estética, pode ser uma ferramenta poderosa de reconstrução e acolhimento. Ele transforma cicatrizes em símbolos de força, devolve o brilho aos olhos e redefine o significado da palavra “cura”.
O Instituto Erica da Fonseca, localizado na Praça Prefeito Alcindo Sodré, nº 6 – sobreloja nº 02, Centro – Petrópolis (RJ), é uma referência local de sensibilidade social e compromisso humano. No seu perfil no Instagram @institutoericadafonseca, é possível acompanhar relatos tocantes de mulheres que reencontraram no projeto um novo começo.
Mais do que um instituto de estética, este é um espaço de renascimento, onde cada gesto é um ato de amor e solidariedade. O trabalho de Erica merece apoio, visibilidade e investimento público — porque ajudar a reconstruir o corpo é, acima de tudo, reconstruir histórias.

