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quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Dica de Série: “Os Olhos de Wakanda” – a fábula do poder e da memória

Sob a superfície vibrante e dormente de Wakanda, pulsa desde sempre uma história silenciosa de vigília, coragem e sobrevivência. “Os Olhos de Wakanda”, minissérie antológica animada da Marvel Studios Animation, irrompe no Disney+ desde 1º de agosto de 2025, revelando em quatro episódios uma travessia tão épica quanto íntima, costurada entre eras e destinos, que resgata o vibranium não só como metal, mas como símbolo do elo entre passado e futuro.

Guiados por Noni – uma ex-Dora Milaje banida por sua rebeldia e agora agente dos Hatut Zaraze – os guerreiros atravessam séculos e fronteiras. Cada capítulo compõe um mosaico de missão secreta: artefatos perdidos, espólios militares, alianças rompidas, tudo pendente por uma poética de espionagem e filosofia africana. O roteiro de Todd Harris, com animação pintada à mão inspirada em artistas afro-americanos contemporâneos, flerta com a luz dos grandes mitos para ilustrar o drama do poder, da identidade e da responsabilidade coletiva, sempre à margem dos holofotes, eternamente à beira do sacrifício.

“Os Olhos de Wakanda” não se contentam com aventuras eficientes – faz da trajetória um exercício delicado de alteridade, revisitando a teimosia isoladora de Wakanda, as dores do tempo, e a ambição dos que desejam mais do que a própria glória. Espiando pelas rachaduras do universo Marvel, uma série preenchida o vazio da nostalgia panteriana com personagens que se negam a ser apenas heróis, tornando-se retalhos de uma memória em constante resgate.

Na tela, há mais do que batalhas: cada confronto é também uma meditação sobre o legado, sobre o peso de proteger o invisível, sobre o custo da vigilância. Wakanda surge aqui como caleidoscópio do passado e do futuro, onde cada artista representa não apenas poder, mas uma lição: guardar a própria história é tão vital quanto vencer.

Disponível exclusivamente no Disney+, “Os Olhos de Wakanda” seduz pelo frescor visual, pela densidade dramática e pelo resgate de heranças culturais do continente africano, dignificando figuras femininas de força e ética, e esculpindo no coração do MCU um requieto chamado à memória e à empatia.

Nota: 9,0

Manuel Flavio Saiol Pacheco
Manuel Flavio Saiol Pacheco
Doutorando e Sociologia e Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Mestre em Justiça e Segurança pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Especialista em Desenvolvimento Territorial pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).. Possui ainda especializações em Direito Tributário, Direito Constitucional, Direito Administrativo, Docência Jurídica, Docência de Antropologia, Sociologia Política, Ciência Política, Teologia e Cultura e Gestão Pública e Projetos. Graduado em Direito pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Advogado, Presidente da Comissão de Segurança Pública da 14º Subseção da OAB/RJ, Servidor Público.

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