Sob a superfície vibrante e dormente de Wakanda, pulsa desde sempre uma história silenciosa de vigília, coragem e sobrevivência. “Os Olhos de Wakanda”, minissérie antológica animada da Marvel Studios Animation, irrompe no Disney+ desde 1º de agosto de 2025, revelando em quatro episódios uma travessia tão épica quanto íntima, costurada entre eras e destinos, que resgata o vibranium não só como metal, mas como símbolo do elo entre passado e futuro.
Guiados por Noni – uma ex-Dora Milaje banida por sua rebeldia e agora agente dos Hatut Zaraze – os guerreiros atravessam séculos e fronteiras. Cada capítulo compõe um mosaico de missão secreta: artefatos perdidos, espólios militares, alianças rompidas, tudo pendente por uma poética de espionagem e filosofia africana. O roteiro de Todd Harris, com animação pintada à mão inspirada em artistas afro-americanos contemporâneos, flerta com a luz dos grandes mitos para ilustrar o drama do poder, da identidade e da responsabilidade coletiva, sempre à margem dos holofotes, eternamente à beira do sacrifício.
“Os Olhos de Wakanda” não se contentam com aventuras eficientes – faz da trajetória um exercício delicado de alteridade, revisitando a teimosia isoladora de Wakanda, as dores do tempo, e a ambição dos que desejam mais do que a própria glória. Espiando pelas rachaduras do universo Marvel, uma série preenchida o vazio da nostalgia panteriana com personagens que se negam a ser apenas heróis, tornando-se retalhos de uma memória em constante resgate.
Na tela, há mais do que batalhas: cada confronto é também uma meditação sobre o legado, sobre o peso de proteger o invisível, sobre o custo da vigilância. Wakanda surge aqui como caleidoscópio do passado e do futuro, onde cada artista representa não apenas poder, mas uma lição: guardar a própria história é tão vital quanto vencer.
Disponível exclusivamente no Disney+, “Os Olhos de Wakanda” seduz pelo frescor visual, pela densidade dramática e pelo resgate de heranças culturais do continente africano, dignificando figuras femininas de força e ética, e esculpindo no coração do MCU um requieto chamado à memória e à empatia.
Nota: 9,0

