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quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Cinema: O Começo de Tudo – “Transformers: O Início”

Há um fascínio peculiar nas narrativas que decidem revisitar as origens, desnudando mitos e transformando antigos inimigos em irmãos que simplesmente erraram o caminho. “Transformers: O Início”, lançado em 2024 sob a direção de Josh Cooley, é um mergulho profundo no universo de Cybertron, longe das paisagens terrestres que permeiam os demais filmes da franquia. Aqui, está ausente o humano, sobra o robô, e floresce o drama existencial.

No centro da trama é a relação entre Orion Pax (futuro Optimus Prime) e D-16 (futuro Megatron), dois mineradores, dois amigos, quase irmãos, em suas jornadas para se tornarem arquiinimigos. O roteiro habilmente escrito por Andrew Barrer e Gabriel Ferrari transforma a rivalidade em tragédia, explorando a ruptura entre os dois — ruptura que definirá o destino de Cybertron e, consequentemente, de todo o universo dos Transformers.

A animação, tecnológica e vibrante, traz vozes icônicas como Chris Hemsworth e Brian Tyree Henry no original, enquanto a dublagem brasileira nos presenteia com Romulo Estrela e Klebber Toledo. O planeta Cybertron é retratado como um organismo vivo, com suas contradições, conflitos de classe e dilemas políticos, numa metáfora clara das sociedades que insistem em construir e destruir.

Disponível nas plataformas Netflix e Paramount+, “Transformers: O Início” se impõe como o precursor cronológico da franquia — uma ponte entre a inocência e o caos, entre a fraternidade e o desespero. O filme, com duração de 1h44min, flerta com o épico ao propor que escolhas, mesmo impossíveis, são feitas com a alma dilacerada pela condição de ser diferente, de se buscar justiça diante do inexorável.

Este filme convida à reflexão sobre liderança, amizade, destino e traição: como a pureza da intenção pode sucumbir ao desejo de poder? Não é sobre tecnologia, explosão ou carro transformável; é sobre a tragédia da separação e a melancolia que reside no coração do líder solitário. E, sobretudo, é sobre como nossas próprias guerras internas fazem de todo o universo um palco de batalhas infinitas, onde cada um carrega um pouco de Orion, um pouco de D-16.

Nota: 8,5/10

Manuel Flavio Saiol Pacheco
Manuel Flavio Saiol Pacheco
Doutorando e Sociologia e Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Mestre em Justiça e Segurança pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Especialista em Desenvolvimento Territorial pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).. Possui ainda especializações em Direito Tributário, Direito Constitucional, Direito Administrativo, Docência Jurídica, Docência de Antropologia, Sociologia Política, Ciência Política, Teologia e Cultura e Gestão Pública e Projetos. Graduado em Direito pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Advogado, Presidente da Comissão de Segurança Pública da 14º Subseção da OAB/RJ, Servidor Público.

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