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segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Cinema: “Mortal Kombat Legends – A Vingança de Scorpion” – Uma Animação Sangrenta Que Vinga o Fandom

Continuando a série de matérias sobre a franquia “Mortal Kombat Legends”, em meio ao mar de adaptações duvidosas que assolam franquias clássicas, “Mortal Kombat Legends – A Vingança de Scorpion” emerge como uma espécie de fatality cinematográfico: direto, cruel, estiloso e feito para os convertidos que respiram finish him e se deleitam na violência estilizada. Lançado em 2020, o longa animado da Warner Bros. Animation não pede licença para revisitar a mitologia de Mortal Kombat – invade, decapita, e constrói sua narrativa sobre a pilha de cadáveres que é a expectativa de fãs frustrados.

Aqui não existe pudor visual, nem hesitação temática: Scorpion, o espectro amarelado movido por vingança e dor, vive uma jornada que é tão sanguinolenta quanto existencial. A direção de Ethan Spaulding entende perfeitamente que Mortal Kombat é sinônimo de exagero, de músculos e monstros, de mortes mirabolantes e rivalidades eternas. Da primeira cena, o filme exibe uma animação caprichada e uma trilha sonora pulsante, mergulhando o espectador numa orgia de cores, golpes e gritos – tudo com aquela aura de nostalgia oitocentista de fliperama e joystick torto.

O roteiro? Não é Shakespeare, mas também não precisa ser. A trama entrega o básico: Hanzo Hasashi, transformado no vingativo Scorpion, busca redimir sua honra através do torneio Mortal Kombat, enfrentando inimigos simbólicos e reais, enquanto outros personagens icônicos como Sub-Zero, Raiden e Liu Kang se digladiam para garantir o destino do Reino da Terra. É uma história de vingança pura, quase adolescente, envolta em dilemas que só fazem sentido para quem já gritou “Get over here!” na sala de casa.

A beleza do filme reside no plástico dos seus movimentos: cada golpe é uma coreografia violenta, cada fatality é desenhado com amor ao detalhe grotesto, cada explosão de sangue parece uma aquarela para adultos. Não há didatismo, porque Mortal Kombat nunca foi sobre lições de vida – é sobre revanche, e o longa entende isso perfeitamente. Ainda assim, por trás da carnificina, existe um substrato de reflexão sobre perda, destino e o ciclo eterno da violência que, se não ensina, ao menos diverte ao questionar.

Se a intenção era agradar ao público que cresceu nas sombras dos arcades e dos VHSs proibidos, “A Vingança de Scorpion” é praticamente um uppercut na memória afetiva. Para quem deseja assistir à animação hoje, a produção está disponível no catálogo digital da HBO Max no Brasil, além de opções para aluguel ou compra em plataformas como Google Play e Amazon Prime Video.

Nota? Solta o fatality: 8,5. É sangue, nostalgia, plasticidade e vingança na medida certa para um público que não teme a brutalidade, mas a ausência de respeito à essência do game.

Manuel Flavio Saiol Pacheco
Manuel Flavio Saiol Pacheco
Doutorando e Sociologia e Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Mestre em Justiça e Segurança pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Especialista em Desenvolvimento Territorial pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).. Possui ainda especializações em Direito Tributário, Direito Constitucional, Direito Administrativo, Docência Jurídica, Docência de Antropologia, Sociologia Política, Ciência Política, Teologia e Cultura e Gestão Pública e Projetos. Graduado em Direito pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Advogado, Presidente da Comissão de Segurança Pública da 14º Subseção da OAB/RJ, Servidor Público.

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