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terça-feira, 19 de novembro de 2024

Para sempre…

Naquele dia no litoral, paramos o carro e caminhamos por muito tempo, sentindo nos pés a areia fina e as marolas ritmadas do mar… Algumas gaivotas nos observavam e faziam acrobacias no ar para nos alegrar. De mãos dadas jurávamos que nunca mais iriamos nos separar. Para todo os lados que olhávamos a natureza nos reverenciava; esverdeada e com inúmeras árvores nativas e coqueiros por todos os lados. Nosso amigo caiçara levou a gente para dar um passeio em sua jangada, você ria muito. Nós riamos sem parar e em coro. Brincávamos como os peixes entre um mergulho e outro. O sorriso do verão nos cobria. Nada mais faltava. O mundo era nosso. Tínhamos registrado nossos nomes nas areias da praia muitas vezes. Sabem-se lá quantos dias estávamos naquele paraíso. Na verdade, o tempo não importava, estávamos felizes, e isto sim, era importante.

Era o nosso cantinho secreto do mundo há quatro décadas. Na nossa cabeça ninguém mais o conhecia. Fora criado e preparado só para nós. Era onde esquecíamos as mazelas do escritório; você como diretora, e eu como vendedor. Todo suor da labuta era lavado ali. O que mais poderíamos querer. Trabalhamos muito a vida toda; nossos filhos já estavam crescidos. Queríamos distância do nosso cotidiano na megalópole. Nada de engarrafamentos, paletó e gravata. Nada de salto alto e saia justa. Exigências da civilização que ficavam para trás. Desta vez seria diferente. Trocamos o carro e o que restou de dinheiro pela jangada. Ficamos com o mínimo de roupa. Apenas o suficiente para tapar nossos sexos. Deixamos os sapatos em algum lugar. Nenhuma fatura para pagar. O celular não mais tocava. Éramos nós e a jangada. Queríamos eternizar aquela felicidade. Desta vez concordamos em deixar o destino dirigir nossas vidas. E ele se apresentou em forma de vento.

Aos poucos o continente se distanciava. Lá longe tudo ficava pequeno: a praia, os coqueiros, as montanhas, e as lembranças. Só se via a imensidão do oceano. Riamos muito. O vento soprou forte e levou nossas minúsculas roupas. Sabíamos que não voltaríamos jamais, e que estaríamos juntos para sempre…

Autor:

Jaeder Wiler

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