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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

As Nove Chaves Para o Sucesso de Um Comandante

Quais São as Nove Chaves Para o Sucesso de Aníbal, Alexandre e César? Por Que os Três Grandes Generais da História São Considerados Por Muitos Como Demônios?

A grandeza de três (3) grandes Generais – Aníbal, César e Alexandre – inspira a todos os seus liderados, mas deve-se considerar que a sua letalidade é aterradora. Na verdade, são três deuses da guerra, mas também são três demônios e muitos os admiram pelas mesmas razões que os temem. Eles eram excelentes, mas não eram bons; ou seja, o bom neles estava misturado com o mau. Então, o que está ligado ao sucesso de um grande comandante? Suas virtudes ou seus vícios?

Alexandre aparece na Bíblia como uma cabra com chifres, vigoroso e impetuoso, mas muitos preferem pensar nele como um cavalo – animado, rápido e capaz de carregar uma carga pesada. Aníbal era um grande felino predador – astuto, ágil, ligeiro, furtivo e oportunista. César era um lobo – rápido, implacável; ou seja, um caçador habilidoso e assassino.

Mas, a principal razão para o sucesso deles foi o que tinham em comum, pois eles sabiam como jogar o jogo da guerra. Esses três comandantes obtiveram um enorme êxito nas guerras que eles travaram, porque possuíam nove (9) qualidades essenciais para esse sucesso:

1ª) Ambição: A expressão que os gregos usam para definir a ambição humana significa “amor pela honra”. Já a palavra que eles usam para definir impulso seria “hormônio” e, uma terceira expressão grega não tem tradução para o português, mas precisa-se dela para entender esses 3 grandes líderes. Significa “grandeza da alma”, referindo-se a um impulso apaixonado para conseguir grandes feitos e ser recompensado com suprema honra. Esse era o perfil da ambição desses três grandes líderes. Eram homens com fome de honrarias e nada menos do que a conquista de novos mundos poderia satisfazê-los. Seus objetivos eram elevados, mas também egoístas e injustos.

Alexandre espalhou a democracia e a civilização grega, mas atacou a Pérsia para conquistar um império e não para acabar com alguma injustiça. Aníbal queria libertar seu país do controle de Roma, mas rejeitou as negociações, pois queria rivalizar as conquistas de Alexandre. César defendeu os interesses do povo, mas queria muito ser o primeiro homem em Roma e não hesitou em destruir a República. Eles tinham tanta necessidade de conquistas quanto os leões de caçar.

2ª) Julgamento: Bom julgamento, guiado por educação, intuição e experiência define o sucesso desses três líderes e, no entanto, quando se trata de política César possui uma classe especial, seguido por Alexandre e em terceiro lugar, Aníbal. Eles eram muito inteligentes, mas cada um tinha algo mais: intuição estratégica e, quando enfrentavam uma nova situação, cada um podia tirar experiências do passado e surgir com a resposta certa. Sabiam como trabalhar sem a informação perfeita e eram inabaláveis sob pressão. Eram capazes de pensar de forma criativa, rápida e eficiente. Conseguiam ler os outros como um livro e conheciam a guerra, mas também as pessoas.

Alexandre e Aníbal aprenderam com seus pais guerreiros, Filipe II, o conquistador rei da Macedônia e Amílcar Barca, o General cartaginense que lutou contra Roma até o fim. Já César, veio de uma família aristocrática que o fazia praticar oratória e guerra. Quando cruzou o Rubicão em 49 a. C. com 50 anos, tinha passado por uma das maiores escolas de guerra: _ tinha conquistado a Gália (o equivalente hoje a França e a Bélgica). Apesar de competentes como soldados cada um tinha um ponto cego, pois Alexandre ignorava a Marinha, Aníbal os cercos e César pouco conhecia de Logística. Eram habilidades importantes.

César era político e dominava o jogo do poder em Roma. Antes de invadir a Pérsia, Alexandre enfrentou as traições da corte da Macedônia, mas isso estava muito distante de governar um gigantesco império. Quando atacou Roma, Aníbal não tinha colocado o pé em Cartago desde os 9 anos e, sobre a política doméstica, ele sabia apenas o ABC.

3ª) Liderança: Eles tinham almas de ferro, eram decididos, vigorosos e seguros. Tinham equipes que podiam ser consultadas e que, frequentemente, prevaleciam sobre a opinião deles. Cresceram dando ordens e os homens obedeciam, porque o comandante tinha ganhado o seu respeito. Ou seja, tinham aprendido a confiar suas vidas a seu líder. Somente Alexandre era Rei, mas Aníbal e César eram nobres e todos tinham o toque comum, especialmente o político César.

Um Tenente de César resumiu o segredo do sucesso dos grandes comandantes: _ “Não seguia a causa. Seguia o homem”.  Tinham qualidades pessoais especiais que inspiravam os outros em um nível emocional. Mais do que oratória havia um gesto simples, mas eloquente. A visão de Aníbal dormindo no chão com seus homens ou Alexandre no deserto, recusando um capacete cheio de água enquanto seus homens estavam sedentos, ou César dormindo no pórtico de uma cabana requisitada para que seu soldado doente pudesse descansar – eram cenas que inspiravam mais a confiança dos soldados do que centenas de discursos.

Não que os comandantes apostassem na amizade para dirigir seus exércitos. Eles podiam colocar fogo em seus exércitos ou extinguir a paixão deles. César parou um motim com uma única palavra: _ “cidadãos” e, ao tratar seus homens como tal, ele os colocou de novo em seus lugares e lembrou o quanto importava a aprovação do chefe. Eram mestres da recompensa e da punição. Pagavam bem às suas tropas ou teriam de enfrentar motins. Tinham grande coração e queriam que todos soubessem disso, pois mantinham uma parte relativamente pequena do saque para si mesmos e repartiam o resto entre seus liderados.

E, quando se tratava de suas melhores tropas – os macedônios de Alexandre ou os africanos de Aníbal – eles faziam o máximo para ter um mínimo de baixas. Eles não deixavam dúvidas de que, se o pior acontecesse, as viúvas e os órfãos receberiam grandes benefícios. Alimentavam o medo, punindo qualquer um que os enfrentassem – soldados ou oficiais – e, surras, execuções e até crucificações eram todas armas de suas lideranças.

4ª) Audácia: A honra estava no coração do seu caráter e a coragem era o sangue vermelho das suas veias. Mas, a virtude do guerreiro que melhor personifica Alexandre, Aníbal e César era a audácia. Cada um deles estava escalando o Monte Everest e, o Rei da Macedônia, por exemplo, não deveria conquistar o vasto Império Persa. O Governador da Gália não deveria derrubar o Senado romano e seus exércitos.

E era inimaginável que o comandante cartaginense espanhol devesse cruzar tantos rios quanto montanhas e invadir a Itália. Mas eles ousaram fazer o que não poderia ser feito. Durante sua invasão ao Império Persa, Alexandre sofreu 7 ferimentos e, pelo menos 3 deles, bastante sérios, assim como uma doença da qual se recuperou. Era também eficiente, pois um General que passava pelos mesmos riscos de seus homens ganhava o coração deles.

Eram ousados nas campanhas militares que criavam e, apesar de a maioria dos Generais evitar riscos na maior parte do tempo, os três adoravam se arriscar. Eles sempre tentavam aproveitar as oportunidades e cada um deles apostou que poderia destruir o centro de gravidade do inimigo, antes que pudesse destruir o seu. Os 3 também sabiam quando não ser audaciosos. Alexandre, Aníbal e César chegaram ocasionalmente a correr riscos muito altos, mas normalmente calculavam as suas chances. Poucos homens se recuperavam tão rápido do fracasso quanto eles.

5ª) Agilidade: Como soldados os três comandantes enfrentavam o que fosse. Eles gostavam de mudanças no campo de batalha, e, quando se metiam com a política, enfrentavam desafios ainda maiores. Quando as condições de combate mudavam, eles se organizavam. Tendo conseguido brilhar na guerra convencional na Ásia, Alexandre mudou para a tática de contra insurgência quando enfrentou uma guerrilha na Ásia central. Aníbal mudava sem esforço entre campos de batalha e emboscadas. César se sentia confortável no campo de batalha, mas se jogou na guerra urbana em Alexandria e conseguiu uma importante vitória.

A velocidade era o lema deles e, a mobilidade, uma marca registrada. A cavalaria pesada de Alexandre, os cavaleiros ligeiros de Aníbal e a infantaria rápida de César eram os agentes do sucesso. Em suas mãos, até elefantes poderiam se mover com graça, como quando os elefantes de Aníbal foram colocados em jangadas para cruzar o rio Ródano. Viajavam com poucas coisas, seus homens viviam da terra – os de Alexandre eram menos precários do que os de Aníbal ou de César, já que os macedônios prestavam mais atenção à Logística.

Eram workaholics hercúleos que gerenciavam o tempo com habilidade. Só as necessidades de dormir e fazer sexo, dizia Alexandre, o faziam lembrar que era humano. Mas a agilidade tinha seus limites, pois Alexandre quase foi derrotado pela frota persa. Aníbal pagou caro por sua incapacidade de realizar cercos à Itália e, César, quase matou seu exército de fome durante o cerco mal organizado de Dirráquio.

Mas, nem sempre guerreiros ágeis necessariamente são bons políticos, pois guerra e clareza e política é frustração. Alexandre conquistou o Império Persa com garra, mas perdeu o interesse na administração de seus negócios. Aníbal descobriu que ganhar aliados na Itália era mais fácil do que fazer com que obedecessem a sua vontade. César achava o campo de batalha menos desafiador do que o Foro; sua queda não veio dos exércitos, mas das adagas do Senado Romano.

6ª) Infraestrutura: Ganhar uma guerra tem certas exigências, como armas e armaduras, comida, barcos e – principalmente – muito dinheiro, pois com ele você poderá comprar o resto. Você pode adquirir mão de obra disciplinada e veterana; ou seja, mercenários. Mas, uma coisa que o dinheiro não compra é a sinergia. Não pode comprar uma força armada combinada (infantaria leve e pesada, cavalaria junto com engenheiro) que esteja treinada para lutar em conjunto como um grupo unida a seu líder.

Na verdade, você precisará construir isso sozinho, como os nossos três Generais fizeram. Cada um herdou um instrumento e transformou em algo ainda mais mortal. Filipe II construiu o exército macedônio, Alexandre acrescentou o toque de liderar a cavalaria na maior batalha de Filipe. Depois da sua morte, Alexandre cavalgou à frente do exército em seus anos de glória na Ásia. Aníbal herdou os homens que tinha construído o novo Império cartaginense na Espanha por seu pai – Amílcar. César pegou legiões e assumiu como próprias. Forjados na provação das guerras gálicas, eles eram o melhor exército do mundo romano.

7ª) Estratégia: Em grego, estratégia se refere a tudo relacionado com as tarefas de um General, de táticas de batalha à arte das operações, até estratégia de guerra. Daí acrescentamos a isso o que agora se chama de “grande estratégia” – o objetivo político mais amplo que serve a uma guerra.

Os grandes comandantes devem dominar todos eles. Alexandre, Aníbal e César tinham um domínio instintivo das operações e, no entanto, o domínio de César sobre as táticas não se equiparava ao de Alexandre ou Aníbal. Em particular, Aníbal era o mestre da surpresa, pois sua marcha sobre os Alpes deixou o inimigo espantado. Ele criou círculos ao redor dos romanos com truques desconhecidos e assim conseguiu abrir os portões da cidade, lançar um ataque de cavalaria nas costas do inimigo e liberar seu exército debaixo do nariz dos romanos.

Embora Alexandre e César não estivessem a altura de Aníbal, eles tinham alguns truques na manga. Quando os persas bloquearam uma passagem montanhosa no Irá, Alexandre conseguiu atravessar as colinas e surpreendê-los por trás. Quando César enfrentou Pompeu ele escondeu suas melhores tropas até o ataque da cavalaria inimiga, quando então, usou seus homens e neutralizou o ataque.

Mas, quando falamos em estratégia de guerra, Alexandre e César deixam Aníbal para trás, pois eles pensavam com antecipação. Sabendo que não conseguiria vencer a Pérsia no mar, Alexandre preferiu conquistar os portos persas no Mediterrâneo e adiou a batalha. Pensando antecipadamente no confronto com Pompeu, César enviou a pilhagem conquistada na Gália de volta para a casa, entregando-a aos pobres da Itália e comprando os seus votos.

Já Aníbal era menos minucioso, ele adorava a velocidade e a bruxaria, mas não tinha qualquer interesse em esmagar os aliados de Roma. Apesar do seu sucesso, Aníbal fracassou no pensamento estratégico e, embora seus triunfos no campo de batalha tenham sido impressionantes, ele não conseguiu destruir Roma. Quando o inimigo se recuperou, ele não tinha um Plano B.

Todos os três comandantes tinham uma estratégia: _ Alexandre queria conquistar o Império Persa; Aníbal queria destruir o poder de Roma de uma vez e, César, queria conseguir a supremacia política.

8ª) Terror: Estavam dispostos a matar inocentes e todos sabiam disso. Cena de uma guerra civil: _ quando um oficial tentou impedir que César entrasse no tesouro de Roma, este levantou a voz e ameaçou matá-lo se não saísse do caminho: _ “Você precisa saber que falar isso foi mais difícil para mim do que realmente fazer”. O jovem oficial fugiu aterrorizado.

Mas ameaçar a vida de um funcionário não era nada comparado a massacrar cidades inteiras, como fizeram os comandantes. César saqueou a pequena cidade grega de Gomfoi como punição por traí-lo. Alexandre destruiu a metrópole grega de Tebas, somente para mostrar o que ele fazia com rebeldes. Pior ainda aconteceu mais tarde na Ásia Central, onde os furiosos macedônios massacraram todas as cidades.

César fez o mesmo na Gália, onde matou 1 milhão de pessoas e escravizou outro tanto, fazendo os italianos se renderem quando ele cruzou o Rubicão. César fez uma jogada inteligente e perdoou seus inimigos, o que ganhou o aplauso de um povo aliviado. A 1ª coisa que Aníbal fez quando chegou à Itália foi massacrar o povo de Turim a fim de quebrar a resistência. Quando ele deixou a Itália – 15 anos depois – massacrou aqueles italianos que se recusaram a ir com ele.

9ª) Estilo: Homens com ambições imperiais não vão à guerra por coisas pequenas, como a disputa de fronteiras, por exemplo. Eles precisam de grandes causas e símbolos claros. Nenhum dos três era homem do povo, mas todos eram populistas. Alexandre começou como vingador e terminou como semideus. Ele prometeu vingança pela invasão da Grécia pela Pérsia, proclamou a libertação das cidades que conquistou e transformou-as em democracias. Quando chegou ao Irã, vestiu o guarda-roupa persa, obrigou seus homens a saudarem ao estilo local e, enquanto isso, mandou que seus aliados gregos o venerassem como filho de Deus Zeus.

Aníbal também lutou por vingança e libertação. A Cartago ele prometeu vingança por sua derrota anterior para Roma; aos italianos, ele prometeu liberdade do domínio romano. Encorajou seus seguidores celtas a considera-lo um herói saído de seus mitos.

César passou dificuldades para mostra que não era um mero Governador que havia se revoltado contra o governo de Roma, pois ele dizia que estava lutando pelos direitos do povo. Ele também marcou uma diferença evidente entre ele mesmo e os Generais anteriores que marcharam sobre Roma, pois eles tinham selado sua guerra com reinos de terror, mas a política dele era de misericórdia.

Em relação aos deuses, a família de César traçava sua ancestralidade até Vênus. Ele recebeu honrarias divinas do Senado enquanto ainda estava vivo e foi divinizado depois da sua morte. Mas, César adquiriu algo que era ainda mais valioso: _ celebridade. Quando cruzou o Rubicão, a reputação dele serviu como um multiplicador de força.

https://www.facebook.com/juliocesar.s.santos

Julio Cesar S Santos
Professor JULIOhttps://profigestaoblog.wordpress.com/
Professor, Jornalista e Palestrante. Articulista de importantes Jornais no RJ, autor de vários livros sobre Estratégias de Marketing, Promoção, Merchandising, Recursos Humanos, Qualidade no Atendimento ao Cliente e Liderança. Por mais de 30 anos treinou equipes de Atendentes, Supervisores e Gerentes de Vendas, Marketing e Administração em empresas multinacionais de bens de consumo e de serviços. Elaborou o curso de Pós-Graduação em “Gestão Empresarial” e atualmente é Diretor Acadêmico do Polo Educacional do Méier e da Associação Brasileira de Jornalismo e Comunicação (ABRICOM). Mestre em Gestão Empresarial, especialista em Marketing Estratégico

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