Quinta-feira, dia 18 de maio de 2023, Teixeira um menino de rua franzino vive com uma caixa de balas pela cidade a oferecer. Menino, órfão de pai e mãe vivos, pois ambos foram presos por tráfico e homicídio numa favela do Rio. Teixeira chegou a Cabo Frio numa boleia de caminhão, que veio pegar material reciclado na cidade.
Sorrateiramente buscou o seu primeiro emprego de ambulante aos doze anos a vender bala no sinal da Avenida Teixeira e Souza. Menino esperto, a sobreviver na cidade praiana, que já foi cidade do sal.
Num estabelecimento comercial na avenida, se encantou com uma imensa fotografia de um homem a trabalhar numa salina. Com certeza uma fotografia em preto e branco do saudoso Wolney, que tem também Teixeira no nome. Chegando a Praça Porto Rocha, viu um busto, e nele colocou sua camiseta para secar no sol do outono cabo-friense.
Uma moça viu aquilo e chamou-lhe atenção:
– Menino este busto é de um grande escritor da cidade e que dá nome a uma avenida.
– Sinhora, não intendo diço não. A sinhora quer comprar bala pra mi de comê?
A moça respondeu:
– Por que na vai para uma escola?
– Ô senhora iscola na dá de comê, só a rua…e pai e mãe não tenho pra viver!
A moça franziu a testa e seguiu em frente. Teixeira foi cantarolando um refrão de uma linda canção que ouviu num bar da Passagem numa noite que vendia suas balas:
“Trabalhando o sal pra ver a mulher se vestir
E ao chegar em casa encontrar a família sorrir
Filho vir da escola problema maior é o de estudar”
Na composição de Bituca, Teixeira foi dobrando a esquina e seguiu mais um dia de sua vida como um ser invisível nesta sociedade.
Autor:
Rodrigo Octavio Pereira de Andrade (Rodrigo Poeta)
Escritor cabo-friense