Passava das sete da noite quando se deu conta que a semana tinha transcorrido na mais perfeita ordem.
Em nenhum momento ela sentiu falta de estar com alguém, muito menos esboçou qualquer movimento para que isso acontecesse.
Do outro lado da cidade, ele tinha certeza que ela o procuraria ou estaria do outro lado lamentando a falta que ele acreditava que fazia na vida dela.
Enquanto se servia com uma dose de whisky, ela sequer cogitava sentir a ausência de alguém que considerou ter sido tão especial na vida dela. Ela simplesmente se deu ao luxo de olhar para si mesma e se deu de presente aquele momento de pura tranquilidade.
Já ele, percebendo a indiferença dela com ele, começou a enviar mensagens e mais mensagens para ela na tentativa de fazê-la acreditar que emocionalmente ela pertencia a ele.
Ao olhar seu celular com as mais diversas mensagens de desculpas pela ausência dele durante aquele tempo, ela desligou o celular e voltou seu pensamento para si e decidiu não entrar naquela vibe de controle emocional.
Não se contentando com o silêncio ensurdecedor dela, ele ligou e, para sua surpresa, o celular caiu direto na caixa postal e o que ele temia, aconteceu: agora era ele quem se via preso na própria armadilha de estar emocionalmente envolvido e não o contrário.
Ela não sentiu necessidade de falar com ele, muito menos entregar o seu maior tesouro que era estar bem consigo.
Recostou-se em seu travesseiro e adormeceu. O sono dos justos a acompanhava e ela teve uma noite indescritível. Na verdade, ela teve certeza que o tabuleiro havia se movimentado silenciosamente e a rainha havia derrubado aquele peão com toda elegância que jamais imaginava possuir.
Autora:
Patricia Lopes dos Santos
