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Tomada de Decisões Financeiras de Executivos à Luz da Economia Comportamental: Uma Análise Baseada no Livro “Rápido e Devagar”

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A tomada de decisões financeiras desempenha um papel fundamental na gestão e no sucesso das organizações. No entanto, muitas vezes, os executivos não tomam decisões racionais e maximizadoras de valor, como sugerido pela teoria econômica tradicional. Em vez disso, seus comportamentos são influenciados por uma série de fatores psicológicos e emocionais que podem levar a escolhas subótimas. Neste artigo, exploramos a economia comportamental, destacando os conceitos apresentados no livro “Rápido e Devagar” de Daniel Kahneman, e discutimos como essas ideias podem ser aplicadas para compreender e melhorar a tomada de decisões financeiras dos executivos.

A economia comportamental é um campo interdisciplinar que combina elementos da psicologia, da economia e da neurociência para entender como os indivíduos tomam decisões econômicas. Daniel Kahneman, renomado psicólogo e ganhador do Prêmio Nobel de Economia, explora essa temática em seu livro “Rápido e Devagar”, apresentando os conceitos de Sistema 1 e Sistema 2, que são dois modos de processamento cognitivo. O Sistema 1 é rápido, intuitivo e emocional, enquanto o Sistema 2 é mais lento, deliberativo e lógico. Neste artigo, examinaremos como esses sistemas influenciam as decisões financeiras dos executivos.

Viés cognitivo: é um termo utilizado para se referir ao conjunto de padrões de distorções presentes no julgamento e tomada de decisão humana. Eles são influenciados por fatores emocionais, sociais e culturais, o que pode levar a decisões irracionais e prejudiciais. O conceito foi amplamente estudado pelo psicólogo Daniel Kahneman e pelo economista Amos Tversky, que desenvolveram a teoria da Prospect Theory, que explica como as pessoas tomam decisões sob incerteza.

Os executivos, assim como todos os seres humanos, estão suscetíveis a uma série de vieses cognitivos que podem afetar suas decisões financeiras. Esses vieses e heurísticas podem levar a escolhas pouco assertivas.

Aqui estão alguns exemplos práticos que ilustram como os conceitos da economia comportamental, apresentados no livro que podem influenciar as decisões financeiras dos executivos:

1.     Viés de confirmação: Um executivo que acredita que uma nova estratégia de marketing será bem-sucedida pode buscar informações que confirmem essa crença, ignorando evidências contrárias. Isso pode levar a decisões financeiras baseadas em suposições infundadas e subestimação dos riscos envolvidos.

2.   Disponibilidade heurística: Ao avaliar diferentes opções de investimento, um executivo pode dar mais peso a casos de sucesso anteriores que estejam facilmente disponíveis em sua memória. Essa tendência pode levar à preferência por investimentos semelhantes, mesmo que outras opções possam ter um potencial de retorno maior.

3.    Aversão à perda: Um executivo que enfrenta a possibilidade de uma queda nos lucros pode adotar uma postura excessivamente cautelosa e evitar riscos, mesmo que esses riscos possam levar a oportunidades de crescimento. Essa aversão à perda pode prejudicar a capacidade da empresa de inovar e se adaptar às mudanças do mercado.

4.   Framing e efeito de ancoragem: Ao apresentar uma proposta de investimento para os executivos, a maneira como as informações são apresentadas pode influenciar suas decisões. Por exemplo, se uma oportunidade de investimento for apresentada como uma chance de “ganhar” 20% ou “evitar a perda” de 80%, os executivos podem ser influenciados pelo framing e tomar decisões diferentes com base nessa apresentação.

5.    Influências sociais: Um executivo pode ser influenciado pelas ações e opiniões de outros membros da organização. Se colegas ou superiores têm uma postura avessa ao risco, o executivo pode ser influenciado a adotar uma abordagem semelhante.

A economia comportamental e os conceitos apresentados no livro “Rápido e Devagar” oferecem uma perspectiva valiosa para entender a tomada de decisões financeiras dos executivos. Ao reconhecer os vieses cognitivos, as heurísticas e os fatores sociais que influenciam essas decisões, as organizações podem adotar estratégias e políticas que ajudem a mitigar os efeitos negativos desses padrões e promovam uma tomada de decisões mais racional e informada. Compreender as nuances do comportamento humano na tomada de decisões financeiras pode levar a resultados mais eficientes e melhores para as empresas

Autores:

Osvaldo de Souza éMestrando em Gestão de Negócios na FIA Business School.

Rodolfo Leandro de Faria Olivo é PhD em Administração pela FEA-USP e professor da FIA Business School.

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