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sábado, 30 de novembro de 2024

Há romance em tudo ou temos a necessidade de romantizar a vida?

Hoje eu comecei fazer atividade física, não foi nenhuma maratona, mas pra quem estava quase um ano sem fazer nada útil fisicamente com o próprio corpo, e aqui inclui sexo, foi um grande avanço.

Serotonina de exercício check, não vomitar na primeira pedalada check. Romantizar até isso… sempre

Alimentada pelo traço da minha personalidade “romântica incorrigível”, eu fantasiei até uma volta de bike. Por que eu simplesmente não posso só andar de bike e nada mais?

Eu preciso imaginar que eu sentarei em frente a maré, e um cara nem tão bonito assim vai sentar no meu lado, vai achar curioso o meu intercalo de bike e livro sobre solteirice, não vai se importar se eu fico feia de legging. Ele não vai ser um descarado, não vai ter aliança nenhum dedo, não vai conhecer sobre meu passado e vai ser inteligente e engraçado na medida certa. Vamos ter aquela conversa que você sonha em ter com um crush, a dose perfeita de respostas rápidas com humor e sarcasmo, e uma pitadinha de flerte. Ele vai levantar antes mesmo de me dizer seu nome, e eu vou ficar a semana inteira pensando nele, e até ai poderia ter uma dose do verdadeiro real.

Mas como isso só é um fanfic, na sexta que vem, ele vai estar no banco certo, e me esperando, afirmando que achou que eu não ia aparecer, vai dizer que dessa vez trouxe o seu livro. É claro que vai ser um daqueles livros que todo mundo que ouve Tribalistas, faz curso de humanas e critica o presidente, com uma Boa taça de vinho, lê anualmente. Ele gosta de Tim Maia, e tem um lindo sorriso, tem barba. Parece perfeito, mas não, algo nele me incomoda, mas não consigo descrever. A incomodação é tão pequena, perto da enorme atração que nos mantém.

Eu olho a hora no celular, ele entende que é hora de ir. Diz tchau e até a próxima sexta, borboletas saem do casulo e eu estou pronta pra amar novamente. Antes de ir, ele volta, ainda me pega fazendo soquinhos de vitória com a mão, sorri e diz:

Ah, propósito, meu nome é Fred.

Seria lindo, se não fosse só imaginação romantizada de uma volta suada de bike pra casa.

Autora:

Carol Modesto 

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