Uma multidão tentará mostrar, neste dia 7 de Setembro, que podem bradar contra tudo e todos aquilo que quiserem, por serem muitos. Tentará mostrar que seu herói pode dizer e fazer o que quiser, porque tem o apoio de muitos.
E o que muitos querem, pode ser feito. Será?
Muitos gritarão contra o judiciário, não importando o namoro disso com o pensamento antidemocrático, pois veem seu herói como estandarte singular contra a injustiça.
Clamarão contra o sistema legislativo, uma das principais bases da democracia, pois este sistema está, em suas mentes submissas, impedindo seu herói inventado de governar.
Em 1822, Dom Pedro I gritava “Independência ou Morte”, e esta frase nunca esteve tão certa.
Na época celebrava-se a independência de Portugal, mas a cada dia que passa, torna-se mais crítico e fundamental para nossa sobrevivência, libertar a nossa mente.
Como a própria Bíblia – tão enaltecida pelos apoiadores do atual governo – enfatiza: “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão.”
É curioso o fato do texto sagrado delegar esta tarefa a você: “Não se submeta novamente”.
O povo brasileiro parece não gostar de liberdade. Prefere, constantemente, escolher para si líderes e venerá-los tão intensamente que se torna impossível tomar atitude contra seus defeitos, pelo menos não antes que seja tarde.
Demoramos 16 anos para derrubar um projeto de poder, e estamos vendo de forma concreta a construção de um novo projeto de poder.
Aparentemente, porém, a multidão acima mencionada não está percebendo, ou se está, isso não a incomoda. Porquê?
Até quando vamos atribuir ao papel do governante, a figura de um herói, em vez de delegar seu papel real de funcionário?
Permanece a pergunta do título: somos independentes?
