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Dia da Mulher: Líderes femininas do franchising apontam os desafios e as soluções na gestão de empresas

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Bruna Vasconi - sócia-fundadora do Peça Rara Brechó

Veja as estratégias que empresárias encontraram para gerenciar os negócios e obter sucesso na empreitada

São Paulo (SP), março de 2025: O levantamento Criando Sinergias entre a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e o G20, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apresentou dados sobre a igualdade de gênero de países que fazem parte do grupo de nações com as maiores economias do mundo. Com 38,8% de mulheres na liderança de empresas, o Brasil está em terceiro lugar no ranking dentre os participantes do G20, superando a média de 30,58%.

Isso pode ser observado no setor de franquias, que está cada vez mais diverso. De acordo com um estudo divulgado em agosto de 2024 pela ABF (Associação Brasileira de Franchising), as mulheres já são maioria nas redes franqueadoras, cuja participação passou de 46% para 57%, uma alta de 11 pontos porcentuais na amostra, entre 2015 e 2024. O levantamento também indica alta da presença feminina nos cargos de liderança das empresas franqueadoras, de 19% para 29% no período analisado.

No Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, sócias e C-levels apontam os desafios de serem líderes no mercado brasileiro e soluções encontradas para ter uma gestão eficiente.

Andrea Kohlrausch – presidente da Calçados Bibi

Segundo a executiva, um dos maiores desafios de ser líder mulher é equilibrar os diferentes papéis e responsabilidades, como gestora, empreendedora, mãe, esposa, filha e amiga. Para atender a agenda pessoal e a profissional, a empresária explica que a organização é essencial para contemplar todos os compromissos de forma equilibrada, sem ter o sentimento de culpa e infelicidade. “Para dar conta dos deveres de ser presidente de uma empresa com mais de 1.100 colaboradores e uma rede de franquias com mais de 150 lojas no Brasil e na América Latina, tive que desenvolver uma rede de apoio e, ao longo do tempo, aprendi a descentralizar algumas tarefas. Com dois filhos, foi necessário administrar a agenda deles à distância, devido aos compromissos profissionais e, dessa forma, otimizar meu tempo de forma mais eficiente”, revela. 

Outro desafio apontando pela empresária é cuidar da saúde e do bem-estar pessoal. Ao longo dos anos com vários papéis para exercer, Andrea conseguiu reservar o primeiro horário da manhã para si. Ela conta que, muitas vezes, sua saúde foi negligenciada devido aos compromissos diários. “Sempre gostei de esportes, mas vivi fases de sedentarismo. Hoje, acordo às 05h15 para me priorizar e ter uma vida mais ativa e saudável. Enquanto todos dormem, já estou iniciando as atividades físicas para estar bem, desenvolver a agenda profissional e ter um tempo de qualidade com minha família”, finaliza.

Simone Galante – fundadora e CEO da GALUNION Consultoria de foodservice

À frente da GALUNION, consultoria especializada em foodservice, Simone Galante revela que atuar como líder neste segmento traz aprendizados únicos e, muitas vezes, desafiadores. “É um mercado dinâmico, de forte presença masculina em cargos estratégicos e que exige tomada de decisão rápida, gestão de múltiplos processos e conexão profunda com pessoas”, diz. Para a empresária, um dos desafios é equilibrar a força e a empatia. O setor de alimentação fora do lar demanda decisões assertivas e foco em resultados. Ser líder mulher trouxe a necessidade de integrar força com sensibilidade. “Inspirada no conceito do Liderança Shakti, percebi que unir a energia do fazer com a escuta ativa gera um impacto mais duradouro. A solução foi trabalhar a autopercepção para encontrar esse equilíbrio, criando ambientes onde eficiência e humanidade coexistem”, comenta.

A empreendedora também cita como desafio gerenciar o invisível. A liderança feminina traz um peso extra: o de ser emocionalmente disponível o tempo todo. “Isto pode gerar sobrecarga e até autocrítica excessiva. A solução que encontrei foi investir em autoconhecimento e redes de apoio, além de reconhecer que a liderança não está em suprir todas as demandas, mas em inspirar autonomia e responsabilidade no time”, reflete. Para finalizar, Simone enfatiza que ser mulher no foodservice é, acima de tudo, sobre aprender diariamente a combinar estratégia e empatia, firmeza e escuta, criando não só negócios sustentáveis, como relações mais humanas.

Renata Morais- sócia-administradora da Rockfeller Language

A empreendedora está há 20 anos à frente da gestão da rede e conhece bem os desafios de ser uma mulher em posição de liderança. Para ela, liderar é como trilhar uma montanha: exige preparo, equilíbrio e a consciência de que nunca se caminha sozinha. Inspirada pelo montanhismo e pelo yoga, Renata aprendeu a dosar firmeza e sensibilidade, encarando os obstáculos do mundo corporativo com leveza e determinação. Sua jornada mostrou que o verdadeiro desafio não é eliminar as dificuldades, mas desenvolver a percepção e o autoconhecimento para enfrentá-las com inteligência emocional.
Ao longo dos anos, ela percebeu que a liderança exige tanto estratégia quanto empatia, e que o caminho importa tanto quanto o destino. Para outras mulheres líderes, seu conselho é claro: a liderança é uma construção interna, onde o equilíbrio entre razão e emoção faz toda a diferença.

Bruna Vasconi – sócia-fundadora do Peça Rara Brechó há 18 anos em Brasília

“Dentre os principais desafios de ser mulher, mãe de 4 filhos, esposa e empresária no comando de uma grande operação é a gestão de tempo. Em alguns momentos, você é cobrada e questionada. Por outro lado, vem a satisfação de manter uma cultura sólida e o acompanhamento constante para manter a consistência que a marca requer, com tantas unidades espalhadas pelo país, diferentes franqueados/ gestores e as peculiaridades regionais”. 

O segredo da empreendedora é manter a firmeza, construir alianças estratégicas com outras mulheres, inclusive, e não deixar que apaguem sua autoridade. A oportunidade de ocupar um lugar de referência no mercado faz com que outras mulheres se interessem e se motivem a buscar oportunidades para se desenvolverem profissionalmente também. Além disso, a liderança feminina pode e deve ser um diferencial para fortalecer a empresa, com o olhar atento, uma abordagem mais conciliadora, que busca soluções equilibradas e evita rupturas bruscas. Mulheres tendem a mediar conflitos com mais diálogo e sensibilidade.

Luciana Melo – CEO e fundadora do Café Cultura

Para Luciana Melo, a liderança feminina traz uma abordagem mais colaborativa, empática e estratégica, características que têm um impacto positivo na construção de negócios sustentáveis e inovadores. “Vejo que mulheres líderes costumam equilibrar resultado e propósito, criando ambientes mais inclusivos e times mais engajados”.  Outro ponto é que, para ela, as mulheres têm uma grande capacidade de resiliência e adaptação, algo essencial no cenário empresarial atual. “No Café Cultura, essa visão tem sido fundamental para a expansão da marca, pois a liderança baseada em valores, inovação e relacionamento tem sido um diferencial competitivo”. Luciana ainda acredita que há desafios a serem superados, mas que há, ainda, um avanço significativo no reconhecimento da importância da liderança feminina em diversos setores. “Quanto mais mulheres ocupam posições estratégicas, mais abrimos caminho para que novas gerações tenham exemplos concretos de que é possível liderar e transformar mercados”.

Já quando os assuntos são os desafios vencidos, um dos maiores foi conciliar crescimento acelerado com manutenção da essência da marca. “Expandir o Café Cultura por meio de franquias exigiu uma nova mentalidade de gestão, construção de processos sólidos e uma comunicação eficiente para garantir que cada unidade transmitisse os valores da marca”.

Mas, não só. “Outro desafio constante é a necessidade de provar competência em ambientes ainda predominantemente masculinos. Para vencer isso, sempre acreditei que resultado, consistência e inovação falam mais alto. Quando você entrega um trabalho bem-feito, supera expectativas e gera impacto positivo, as barreiras começam a cair. Além disso, o apoio de uma rede de mentoria e networking foi essencial. Trocar experiências com outras empreendedoras e líderes me ajudou a enxergar novos caminhos e fortalecer minha atuação. O aprendizado contínuo e a capacidade de se reinventar são, sem dúvida, os maiores aliados para vencer desafios e continuar crescendo”, finaliza.

Autora:

Caroline Souza

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