Início Cultura Em parceria inédita, Galeria Marilia Razuk recebe exposição concebida pelo Ateliê397 e...

Em parceria inédita, Galeria Marilia Razuk recebe exposição concebida pelo Ateliê397 e pela coleção Alayde Alves

0

Exposição coletiva aposta na criação de ecossistemas de cooperação entre agentes para oxigenar o meio artístico

A exposição “Em tempos como estes” apresenta um encontro inédito entre agentes do meio em uma proposta experimental, com o intuito de desestigmatizar a produção de artistas mulheres mais velhas. São mostradas obras da coleção de Alayde Alves, de artistas da Galeria Marília Razuk e a produção de 11 mulheres artistas do grupo Rosa Choque, que se encontram para discutir suas pesquisas poéticas, em um processo de desenvolvimento contínuo com a mediação do Ateliê397, espaço independente de arte contemporânea, atuante no circuito há 20 anos.

A mostra é concebida pela curadora Érica Burini, que acompanha o grupo e integra a atual gestão do Ateliê397, e acontece a partir do dia 24 de junho de 2023 (sábado), das 11h às 16h, na Galeria Marília Razuk, no Itaim Bibi, em São Paulo.

O grupo intitulado Rosa Choque é formado pelas 11 artistas (Adriana Conti, Ana Sefair Mitre, Isabel Gouveia, Jussi Szilágyi, Lília Malheiros, Luciana Monteiro, Maria Lucia Simonsen, Michaela A F, Rosana Spagnuolo, Solange Renault e Sueli Espicalquis), acompanhadas pelas curadoras Thais Rivitti e Érica Burini, e com a direção da educadora Tania Rivitti e da colecionadora Alayde Alves. O grupo de artistas apresenta grande heterogeneidade, mas possui em comum algumas características. São mulheres cujas trajetórias artísticas são potentes, calcadas em um acúmulo de experiência, embora ainda não tenham recebido o devido reconhecimento. Em certos casos, são aportadas outras áreas de conhecimento aos projetos, sobretudo a psicologia  e a arquitetura, áreas de formação de algumas das integrantes do grupo.

As artistas criaram trabalhos inéditos, instigadas pelo diálogo com a coleção de Alayde Alves, com o acervo da Galeria Marília Razuk e também por uma referência bibliográfica, que visa tangenciar assuntos recorrentes das obras. “Em tempos como estes”, livro homônimo à exposição, publicado pela Ubu Editora, é um compêndio de correspondências de Efratia Gitai, mulher judia que foi testemunha dos grandes acontecimentos do século XX. Observações agudas sobre o contexto político e artístico aparecem durante conversas com familiares, assim como fragilidades, incertezas e inseguranças, compondo uma figura valente mas também muito humana.

A escrita mostra o mundo subjetivo denso e rico desta mulher, mãe do cineasta Amos Gitai, que foi apagada do registro da história, salvo os documentos e aparições nos filmes do filho. A correspondência, em especial as cartas de Efratia, se mostra um importante elo de ligação para o ecossistema que se forma nesta mostra, unindo um espaço independente, o Ateliê397, uma galeria, a Marília Razuk, uma coleção particular, de Alayde Alves, e a produção independente das artistas, em torno de questões de memória, apagamento e reconhecimento das subjetividades femininas.

“O tempo é um elemento em comum entre todas essas frentes de trabalho. Seja o tempo da urgência atual quando pensamos no Antropoceno e no capitalismo tardio, o tempo da história, da memória, do apagamento e da recuperação de figuras, sobretudo femininas, o tempo do olhar, que requer uma desaceleração, um movimento contra-corrente com o que vemos hoje, um ritmo frenético e desatento. Mas principalmente, o tempo de produção das artistas, sua idade, reflexão e a densidade que ele traz às produções. Muito além de uma questão temática, o que se propõe aqui é um olhar generoso e interessado para os trabalhos destas mulheres que, quando postos lado a lado com obras da coleção da Alayde ou de artistas da galeria Marília Razuk, se mostram igualmente pertinentes à atualidade e reveladores de questões muitas vezes não vistas por jovens artistas”, diz a curadora Érica Burini quando ressalta os elementos disparadores da escolha das obras.

A mostra reúne obras do grupo Rosa Choque (Adriana Conti Melo, Ana Sefair Mitre, Isabel Gouveia, Jussi Szilágyi, Lília Malheiros, Luciana Monteiro, Maria Lúcia Simonsen, Michaela A F, Rosana Spagnuolo, Solange Renault e Sueli Espicalquis), da coleção Alayde Alves (Amélia Toledo, Ana Mazzei, Fernanda Gomes, Mano Penalva, Shirley Paes Leme, Tatiana Blass e Ventura Profana) e da Galeria Marília Razuk (Hilal Sami Hilal e  Renata Tassinari).

Papel da mulher na sociedade
Como parte da programação, haverá uma fala no dia 04 de julho de 2023 (terça-feira), das 17h às 19h, com Noemi Jaffe e a mediação da curadora da mostra, Érica Burini, no Museu Judaico de São Paulo. A conversa será voltada para o livro “Em tempos como estes”, e para a figura da autora Efratia Gitai, que era abertamente feminista e socialista. A temática tem o foco voltado para o papel da mulher nas relações familiares e no mundo do trabalho, da arte e na política, enfocando esse papel feminino no público e no privado. Haverá a presença da Editora Ubu, com a venda do livro no local.

Sobre os participantes

Ateliê397
Em seus 20 anos de existência, se consolidou como um dos espaços independentes mais importantes na cena artística paulistana. Sua atuação divide-se em três eixos principais: a formação, a experimentação e a construção de modelos de autogestão. Nosso curso de acompanhamento de projetos tem hoje mais de 60 alunos, que de forma permanente discutem suas práticas com outros artistas e curadores mais experientes. As exposições e demais atividades que compõem nosso programa público revelam artistas, tocam em questões ainda não exploradas no campo das artes e propõem formatos inovadores. Nossa prática de gestão busca criar redes entre espaços independentes do centro e da periferia que possam gerar trocas de experiência e de repertório e construir ações conjuntas. Nosso objetivo é democratizar o circuito artístico, ampliando a participação de novos agentes, sejam eles curadores, sejam gestores, sejam artistas. Fazem parte da nossa atual gestão Bruna Fernanda, Caio Bonifácio, Érica Burini, Thais Rivitti e Tania Rivitti.  https://atelie397.com/

Érica Burini (São Manuel-SP, 1994). Vive e trabalha em São Paulo.
Curadora, historiadora da arte e pesquisadora. É formada em Artes Visuais e mestre em História da Arte na Unicamp. Realizou a curadoria de exposições, escreveu textos críticos e editou catálogos – trabalhos dentre os quais se destacam: a curadoria da coletiva A Regra e a Exceção (2023), no Ateliê397; Ai de Mim, que Sou Romântica (2023), individual de Bárbara Basseto na Galeria Luis Maluf; o texto crítico da individual Humanas, Demasiado Humanas (2022), de Monica Piloni, na Zipper Galeria; a curadoria de Trabalho em Dupla (2022), individual de Bruno Novaes no Espaço Marco do Valle, em Campinas-SP. Foi curadora assistente da exposição Estamos Aqui (2022), no Sesc Pinheiros; organizou Dizer Não (2021) junto de Thais Rivitti, Edu Marin e Adriana Rodrigues, no Ateliê397/Galpão Cru. Atualmente, participa da gestão do Ateliê397, espaço independente de arte contemporânea, no qual faz mediação nos grupos de acompanhamento para artistas, o Clínica Geral.

Grupo Rosa Choque
Foi formado em junho de 2020 e constituído como um campo de potência com o desenvolvimento contínuo de pesquisa e experimentação em arte contemporânea, em encontros quinzenais dirigidos por Tania Rivitti e Alayde Alves, recebendo posteriormente mediadores envolvidos com o Ateliê397, como Paola Ribeiro, Érica Burini e Thais Rivitti. Atualmente são 15 mulheres, das quais 11 são artistas, com idades que variam entre 40 e 70 anos. Acompanham elas 2 curadoras, 1 educadora e 1 colecionadora, instigando questões como: o que constitui uma artista? Como desestigmatizar o trabalho de arte de mulheres mais velhas? Como reconhecê-las integradas à contemporaneidade? Como classificar a produção recente de artistas que iniciaram sua produção com idade mais avançada? Como conciliar a maternidade, outra profissão e tantos outros papéis femininos com a prática artística? O coletivo recebeu este nome em 2023, após a morte de Rita Lee, pensando nas facetas mais contraditórias e ousadas exploradas pela cantora, e também pelas artistas.

Coleção Alayde Alves
A coleção Alayde Alves atua no circuito de arte contemporânea como uma plataforma de desenvolvimento, experimentação e projeção para jovens artistas. O colecionismo, tal como fomentado por Alayde Alves, tem como princípio a ampliação do meio artístico, o apoio à pesquisa e à circulação de artistas através de residências, projetos e exposições, expandindo a noção de aquisição, acúmulo e conservação de obras. Sua coleção tem início em 2005, com ênfase na arte contemporânea brasileira mais atual, experimental e pulsante, bem como na valorização da Arte do Carnaval como expressão máxima da arte brasileira.

Alayde Alves também é fundadora do Art’em Rede, comunidade atualmente com 227 participantes criada em 2013. Seus integrantes atuam nas diferentes áreas do sistema de Artes Visuais (colecionadores, público, artistas, curadores, galeristas, jornalistas, entre outros profissionais da área). Essa iniciativa tem como objetivo criar um lugar de comunicação, troca,  formação e desenvolvimento de espírito crítico, com modelos múltiplos de aprendizagem, privilegiando o conhecimento, em detrimento do mercado, proporcionando autonomia aos participantes em em visitas guiadas a museus, galerias, espaços independentes e ateliês, ouvindo também artistas, críticos, curadores e historiadores da arte.

Galeria Marilia Razuk
Foi inaugurada em 1992, com o objetivo de divulgar, promover e difundir a produção contemporânea, por meio da representação de artistas nacionais e internacionais de distintas gerações, participação em feiras internacionais, e exposições organizadas por curadores convidados.

Ao demonstrar a abertura para os diversos âmbitos da criação artística que move a sua diretora Marília Razuk, a Galeria representa, há mais de 30 anos, nomes consagrados, e fundamentais para o correto entendimento da arte brasileira do século XX, e artistas emergentes, nacionais e internacionais. https://www.galeriamariliarazuk.com.br/

Ubu Editora
Lançada em 2016, a Ubu tem como vocação participar do debate contemporâneo publicando sobretudo nas áreas de antropologia, filosofia, psicanálise, literatura clássica, design e artes visuais. Com autores de referência em seus campos, a editora atua em três frentes: formação de fundo de catálogo universitário, participação ativa no debate contemporâneo e produção de edições caprichadas de obras clássicas. Em 2019 criou o Circuito Ubu, clube de leitura e assinatura de livros que busca fortalecer o vínculo entre leitores. https://www.ubueditora.com.br

Museu Judaico de São Paulo
Fruto de uma iniciativa da sociedade civil acalentada por quase duas décadas, o Museu Judaico de São Paulo (MUJ) abre suas portas visando cultivar as diversas expressões, histórias, memórias, tradições e valores da cultura judaica, em diálogo com o contexto brasileiro, com o tempo presente e com as aspirações de seus diferentes públicos.

Amparado por um programa cultural e participativo que entrelaça a experiência judaica à cultura brasileira e à arte contemporânea, o MUJ nasce comprometido com a coexistência entre os variados grupos sociais e identidades, com o combate à intolerância e ao preconceito, com a educação e a transmissão intergeracional, valores a um só tempo universais e judaicos.

Instalado em um edifício tombado pelo patrimônio municipal e guardião do maior acervo judaico do país, constituído integralmente por doações, o MUJ considera a memória como fenômeno vivo, fonte de resistência e sobrevivência, em permanente transformação.

Que esta casa possa ser templo de inspiração e fórum de debate, lugar de encontro entre identidade e alteridade, espaço que conecta histórias e cria tranças entre um passado, um presente e um futuro partilhados coletivamente. https://www.museujudaicosp.org.br

Exposição “Em tempos como estes”

Artistas: Adriana Conti Melo, Amélia Toledo, Ana Sefair Mitre, Ana Mazzei, Fernanda Gomes, Hilal Sami Hilal, Isabel Gouveia, Jussi Szilágyi, Lília Malheiros, Luciana Monteiro, Mano Penalva, Maria Lucia Simonsen, Michaela A F, Renata Tassinari, Rosana Spagnuolo, Solange Renault, Sueli Espicalquis, Shirley Paes Leme, Tatiana Blass, Ventura Profana.

Curadoria: Érica Burini

Realização: Ateliê397; Alayde Alves – Arte em Conexão; Galeria Marília Razuk;
Apoio: Ubu Editora; Museu Judaico de São Paulo;

Vernissage: sáb. 24.06.2023, 11h-16h
Fala: Terça-feira, 04.07.2023, 17h- 19h com Noemi Jaffe (Museu Judaico de São Paulo. Rua Martinho Prado, 128 – Bela Vista, São Paulo – SP)
Visitação: até 15.07.2023
Terça a sexta: 11-18h
Sábado: 11-16h
Ativação: Sábado, 01.07.2023, 14h com Luciana Monteiro (Galeria Marília Razuk. Rua Jerônimo da Veiga, 62 – Itaim Bibi, São Paulo – SP)

Galeria Marilia Razuk
Rua Jerônimo da Veiga, 62
Itaim Bibi – São Paulo – SP – 04536-000
tel: (11) 3079.0853 / (11)  96082.3111 (whatsapp)
site: galeriamariliarazuk.com.br
quanto: gratuito e livre

Redes sociais
Exposição Em tempos como estes: @emtemposcomoestes
Ateliê397: @atelie397
Érica Burini: @ericaburini
Grupo de artistas Rosa Choque: @ana_sefair_mitre @adrianacontimelo @belgoyveia @jussiarte @lilia_malheiros @lu.cmonteiro @maria.lucia_arte @michaela.arte @rospagnuolo @solangevillanuevarenault @sueli_espicalquis
Galeria Marilia Razuk: @galeriamariliarazuk
Artistas: @renatatassinariart @hilalsamihilal
Coleção Alayde Alves: @alaydealves.ac
Artistas: @mazzeiana @manopenalva @shirleypaesleme @tatianablass_atelie @venturaprofana
Ubu Editora: @ubueditora
Museu Judaico de São Paulo: @museujudaicosp

créditos
design e-flyer: Thiá Sguoti
obras: Divulgação

Autor:

Erico Marmiroli

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Sair da versão mobile