Início Opinião “A consciência que nunca dorme”

“A consciência que nunca dorme”

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A consciência humana é um “mar…”, e o “pescador” é somente “parte do que somos”, o que equivale a dizer que é a “parte autoconsciente”, de _seja por assim dizer_ uma “parcela da própria consciência” que é “mar imenso”.

Um pescador se foca em uma “região pequena do mar”, selecionando-a, para nela pescar. Podemos utilizar, ainda, outra metáfora: a consciência é algo similar à uma máquina de fotografar, que faz um “recorte de uma cena imensa”, capturando, mediante a lente e todo o sistema que compõe tal máquina, apenas aquilo em que põe o seu foco, e além disto, a foto, a cena capturada, posteriormente acaba sendo mais ou menos editada, sendo acrescidas tonalidades diversas, retirados alguns “elementos indesejáveis” etc. Sendo assim, podemos afirmar que, a consciência que sobre um objeto, externo ou mesmo interno, se debruça para este descrever, transfere a este parte de si mesma; a consciência acrescenta à ela mesma e/ ou dela retira, certos detalhes do fenômeno em questão. Isto é, observador e objeto se relacionam, ao ponto de influenciarem-se mutuamente. Aliás, contrariando a base principal da Psicanálise (precisamente em Freud), afirmo que não existe o tal “Inconsciente”, e sim, “níveis de inconsciência”. De maneira metafórica, comparo a psique ou “mente” à um porão com a porta entreaberta, movendo-se ora para dentro, ora para fora, em diferentes graus, conforme a força do vento, fazendo, assim, que a luz entre, pouco a pouco, e que, pouco a pouco, se vá dissipando; gradações de luz e de escuridão se alternam no mesmo recinto, revelando ou ocultando, ora mais, ora menos, os objetos que nele há. Por conseguinte, ao que se costuma chamar de “o Consciente”, também se deve aplicar a mesma metáfora, visto que, tanto a um exemplo como ao outro, a questão _metaforicamente falando_ é de “níveis”, “gradações variáveis da expansão e da retração da luz que incide no interior do porão”. O “recinto” é somente um: não se trata de dois e, menos ainda, de “três recintos”, interligados, se fossemos considerar um tal “Pré-Consciente”. Busquei, por tempo consideravelmente longo, encontrar o que pudesse comprovar ou refutar a essa minha “intuição”, mas, somente há pouco tempo, obtive o “elemento faltante”. Passo a relatar um caso que observei em uma longa viagem que fiz, de ônibus: um homem, na poltrona do lado oposto ao da minha, no meio da noite começou à sonhar, gemendo e respirando em descompasso, expressando agonia. Ele, entre gemedos agonizantes, balbuciava, e o que se podia entender claramente, entre suas palavras sibilantes, era: “Me acorda!”. Foi muito fácil identificar que havia uma “consciência no sono”, um “estar consciente do próprio sono e do sonho agonizante”. A pessoa estava pedindo ajuda, implorando para que alguém o acordasse o quanto antes! Foi uma experiência interessantíssima presenciar alguém em estado “vigil-onírico”, ou vice-versa. Sendo assim, não é, o sonho, “a principal porta para o Inconsciênte”, nem existe isso de “o Inconsciente”, e podemos, metaforicamente, dizer que “a consciência nunca dorme”, apenas “muda o foco a outros elementos ou circunstâncias”. É a “consciência que nunca dorme que, em todas as manhãs, nos acorda” para trabalhar, estudar e para todos os demais afazeres. Não há, no estado de sono, um “desligamento da consciência”, pois, se tal ocorresse, “quem haveria de apertar o botão para tornar a ligá-la”, fazendo-nos acordar? Jamais acordaríamos após ter, uma única vez, “caído no sono”. Existe _seja por assim dizer_ um tipo de “sentinela psico-fisiológico”. Aquilo que se convencionou chamar de “O Inconsciente”, na realidade é uma “filtragem de dados”, visto que, se tudo, em toda a nossa existência, fosse por nós lembrado, “ao mesmo tempo agora”, ficaríamos permanentemente inertes, ou mais propriamente, nem chegaríamos a existir, porque a inércia absoluta impede todo o viver. O viver consiste em movimento e movimento requer mudanças que, por sua vez, são possíveis mediante a “ultrapassagem de uma coisa ou condição”. Essa “ultrapassagem” _no que se refere ao ser humano_ é o “sistema de filtragem psico-fisiológico”. Conceber um tal “Inconsciente” no ser humano e reputá-lo como “vilão”, relacionando-o à fraquezas, repressão de desejos, foi, ao meu ver, o maior erro de Freud e de outros, o que, obviamente, não o torna menos genial. Repressões, certamente existem, no contexto de nossa “estrutura de significados”, e a isto foi denominado, perfeitamente, como “recalque” e, por conseguinte, “mecanismos de defesa”. Costumo dizer que, o maior erro de Sigmund Freud, foi um “acerto incerto”, um “acerto mal-resolvido”.

O gráfico no presente artigo foi desenvolvido por mim para exemplificar o que é e como se desenvolve o fenômeno ao qual chamamos de “mente humana”. O gráfico mostra que o ser humano é um todo, desde o organismo, passando pela relação entre organismos, entre organismos coisas, ao que se insere, também, a historicidade da pessoa, pois não há existência sem localidade, relações e, consequentemente, historicidade. Ocorre-me, agora, o conceito “dasein”, de Heidegger, e tomo de empréstimo tal conceito, para dizer que, “ser-aí-no mundo”,, refere-se ao “humano” como um “perpassar histórico”, fazendo-se, refazendo-se e sendo feito” em diferentes “aís”, isto é, “momentos”, “circunstâncias”. O mundo não é o planeta, não é, portanto, uma localidade, e sim, um fenômeno que _em um dizer metafórico_ “habita o planeta”, um fenômeno do qual fazemos parte de maneira intrínseca.

O gráfico mostra, ainda, que “Consciente” e “Inconsciente” não existem, assim, separadamente, e sim, que se constituem como “alternância”, “graus variáveis da própria consciência” ou “alternância focal”, como já explicado aqui. Outro ponto importante no gráfico é a questão do “tempo”, que não existe concretamente, e sim, como “representação simbólico-matemática” objetivando-se à melhor administração de nossos afazeres. Nossa existência se dá, portanto, em um “tempo abstrato”, subjetivo na relação com a realidade, e o chamo de “tempo-retrospectivo-prospectivo”, porque a vida é puro movimento, sem divisão real entre o que se convencionou chamar de “passado”, “presente” e “futuro”. Toda a nossa historicidade, “objetivamente subjetivada”, se faz em uma espécie de “atemporalidade de todos os tempos”, tanto externamente como internamente. Há outros aspectos que o gráfico traz, que você, leitor (a) poderá analisar e, por si, entender, com o auxílio de tudo que, aqui, foi transmitido.

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Autor:

Cesar Tólmi – Psicanalista, filósofo, pós-graduando em Neurociência Clínica, jornalista, artista plástico autodidata, escritor e idealizador da Neuropsiquiatria Analítica integrada aos campos clínico, forense, jurídico e social.

E-mail: cesartolmi.contato@gmail.com

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