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Com uso da inteligência artificial, designer brasileiro recria o rosto do “Salvator Mundi” de Leonardo

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Depois de ter apresentado ao mundo a reconstrução do rosto da Virgem Maria, da Mona Lisa jovem e de outra musa de Leonardo da Vinci, Ginevra de’ Benci, o pesquisador e designer Átila Soares da Costa Filho recorreu mais uma vez à inteligência artificial para revelar como teria sido o rosto de mais um modelo do grande gênio renascentista.

Desta vez, a base de seus experimentos foi o “Salvator Mundi”, pintura executada por Leonardo por volta de 1501. Trata-se da representação de um tema corrente na iconografia cristã de desde a Idade Média (mas com raízes bem mais antigas): “Senhor dos Céus e da Terra”, pertence ao período mais tardio da produção artística de Da Vinci, nos mostrando o Cristo em plano americano; mão direita em gesto de bênção e, a outra, segurando uma esfera translúcida, com implicações platônicas e da cosmografia grega. A inusitada ausência de uma cruz ao topo do globo (e da opacidade deste) deve ser referência à astronomia de Aristóteles e Copérnico na concepção das “Esferas Celestiais”, estruturas por onde os astros se distribuíam.

De acordo com o designer, além de algumas ferramentas de I.A. e softwares de edição de imagens, foram consideradas várias questões a fim de se conseguir um resultado mais fiel ao que a experiência se propunha. Uma delas foi tentar descartar, parcialmente, o estilo pessoal de Leonardo na procura do rosto original do personagem: “Cada mestre da pintura, mais ou menos conscientemente, deixava a sua marca pessoal na forma como retrata um tema – é o seu estilo. Isto é correto em termos da expressão da genialidade do artista, mas, por outro lado, a sua técnica poderia trazer alguma dissonância à chamada realidade objetiva da verdadeira fisionomia do sujeito retratado”.

“Salvator” é, nada mais, nada menos, que a mais cara pintura já arrebatada em leilões (450 milhões de dólares), e vem sendo ferozmente discutida no meio acadêmico, sobretudo, no que diz respeito sobre em até que ponto as restaurações possam ter interferido em sua avaliação. O quadro havia sido leiloado ao príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman em 2017 pela Christie’s de Nova York e, atualmente, se encontra em paradeiro ignorado – provavelmente, à espera de uma sala exclusiva (e definitiva) no Louvre de Abu Dhabi.

O designer Átila Soares, autor desta experiência, é também o descobridor da próvavel assinatura de Leonardo na controversa pintura, como publicado no site oficial do projeto “L’Invisibile nell’Arte”, para o Comitê Nacional para a Valorização do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de Roma:

https://www.invisibileinarte.it/contributi/112-o-miseri-mortali-aprite-gli-occhi-un-tesoro-saudita-e-una-firma-misteriosa

Autor:

Átila Soares da Costa Filho é licenciado em Desenho Industrial pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (Brasil) e possui pós-graduação em História, História da Arte, Filosofia, Antropologia, Sociologia, Arqueologia e Patrimônio. Tem vários artigos publicados em mais de 100 países e é membro do comité científico da Mona Lisa Foundation (Zurique), da Fundação Leonardo da Vinci (Milão) e do Comitê Nacional para a Valorização do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental (Roma).

1 COMENTÁRIO

  1. Se tiver um pouquinho de conhecimento da história, saberia por que nunca essa imagem poderia ser verdadeira ou aproximada com o momento histórico de referência.

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