Caos medicado

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Abro os olhos e me dou de cara com o caos. Ele está ao meu redor e eu não tenho forças para lutar contra isso.

As parafernálias, roupas estendidas nos varais, jogadas ao chão, gambiarras em todos os cantos, são os pequenos sinais de que nada está bem.

Na expectativa de melhorar aquele ambiente, lentamente me levanto e ensaio uma arrumação aqui e acolá, mas, tudo é em vão.

A tristeza e o pesar são absolutos naquele lugar. Não há fagulhas de vida em qualquer ambiente. Tudo está perdido e a magnitude dessa constatação me faz naufragar na mais profunda desolação.

Forças? Onde encontrar?

Mergulho no meu íntimo e busco o restabelecimento, mas sou inebriada pela dor.

Sobrecarregada com os mais diversos pensamentos, não consigo encontrar uma saída para me ver livre dessa realidade tão dura e dramática.

Olho ao meu redor e o vento contribui para que o caos prevaleça naquele ambiente.

Em busca de uma solução, me dirijo à escrivaninha e olho para os remédios jogados e percebo que não os tomo há algum tempo.

A luz se acende e vejo que toda aquela bagunça externa é um mero lembrete de que não estou medicada.

O absolutismo do caos me faz compreender que toda a bagunça está dentro de mim e não há como consertar o cenário externo se o interno não for modificado primeiramente.

Esgotada por lutar contra aquela medicação, relutando por não ter que se ver dependente daquela tarja, desmorono.

O choro é dolorido. É como sentir partir o sol para nunca mais vê- lo, mas é necessário.

Abro a medicação, tomo-a e adormeço logo em seguida. Doze horas depois, desperto.

O sentimento de liberdade toma conta de mim e me apodero daquilo sem pestanejar.

Renovada, percebo que o caos nada mais era do que a letargia de não tomar qualquer providência em relação à minha medicação. Todo o caos estava dentro de mim e eu não conseguia enxergar isso.

Autora:

Patricia Lopes dos Santos

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