Início Literatura Crônicas Coelho da páscoa, personagens de histórias e direitos autorais.

Coelho da páscoa, personagens de histórias e direitos autorais.

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João é um menino inteligente e curioso. Certa vez, pegou sementes caídas de um caminhão e plantou no quintal. Nasceu um belo e vigoroso pé de feijão que dobrava de tamanho a cada dia. Logo estava tão grande e robusto quanto uma árvore. Ele queria escalar o pé de feijão para examinar a vista lá do alto, mas tinha receio de ir sozinho e convidou a amiga Branca, que mora no bosque. Seu primo Joãozinho também quis ir, mas o menino é muito levado, desbocado, conta piadas sujas e vive arrumando confusão.

Branca é linda e João esta a fim dela, mas a menina sonha em se casar com um príncipe. Topou escalar a árvore desde que Alice, sua vizinha no bosque, também fosse. João aceitou chateado e disse a si mesmo: A Branca vive numa casa com 7 homenzinhos na maior pouca vergonha e quer pagar de moralista prá cima de mim! Qual é?

Os dois foram até a casa da Alice, ocupada em cruzar uma galinha com um coelho para produzir ovos de Páscoa. Ela topou e levou bolinhos de canabis para o lanche. No caminho, encontraram uma camponesa conhecida por Chapeuzinho, que regava a plantação de cogumelos e também quis subir no pé de feijão.

No quintal de casa, João ouviu um grito. Olhou para baixo e viu que pisava no Pequeno Polegar, que observava formigas dando duro e carregando folhas enquanto duas cigarras tocavam banjo. Colocou o garoto no bolso da camisa e começou a subir atrás de Branca, para ver as bochechas inferiores da amiga. Chapeuzinho foi por último.

O pé de feijão estava com a altura de um prédio de 3 andares e cruzava a rua. Eles andaram sobre a larga rama até encontrarem uma janela trancada. O Pequeno Polegar destravou a fechadura, as crianças entraram e as luzes se acenderam. Estavam na sede da empresa do senhor Monsanto, gigante das sementes transgênicas. No canto, a recepcionista Ariel nadava num aquário gigante.

O senhor Monsanto entrou, deu balas para as crianças e disse que João está no radar da empresa há meses. Impressionado com seu sucesso na cultura de feijão geneticamente modificado, Monsanto propôs uma parceria comercial. Com suas sementes transgênicas e a tecnologia de plantio do João, a produtividade aumentaria e eles ganhariam muito dinheiro. Chapeuzinho e Alice se interessaram pelo assunto para melhorar a cultura de champignons  alucinógenos e canabis. O senhor Monsanto disse que recebeu grande encomenda de cevada transgênica da Rainha e eles poderiam trabalhar juntos. Branca recomendou cuidado com a Rainha Má, mas o sr. Monsanto disse que falava da sra. Heineken, a boa Rainha das Cervejas.

Informado por Pinóquio sobre a aventura, o Príncipe Valente entrou de supetão na sala pensando que os amigos estavam em perigo, mas viu que era apenas uma reunião de negócios. O garoto de madeira não pode acompanhar por causa da tinta fresca no corpo. O jovem nobre encantou-se com a bela Ariel e a Pequena Sereia achou o Príncipe atraente, apesar de parecer meio esquisito naquele saiote. Como é humana apenas do umbigo para cima e ele se contenta com o platonismo, Ariel cedeu aos encantos principescos.

Monsanto deu a João uma minuta do contrato para análise e todos desceram pelo pé de feijão até o quintal da casa, exceto o Príncipe Valente, que se molhou no aquário e ficou se secando.

Lá em baixo, dois homens esperavam o grupo. Um deles, do Ministério da Agricultura, intimou o tal João Pé de Feijão a comparecer à Repartição para apresentar a licença para cultivo urbano. O outro é advogado e representa herdeiros de La Fontaine, Esopo, Lewis Carol e Hans Christian Andersen, dentre outros escritores famosos. Explicou que eles não podem negociar qualquer contrato sem prévia autorização e o devido pagamento de royalties.

Eles ficaram tristes com a oportunidade perdida e por saberem que estão eternamente vinculados aos autores das fábulas. Foram à casa de Branca de Neve comer os bolinhos de canabis da Alice com chá de cogumelos da Chapeuzinho. Os homenzinhos fumavam erva em cachimbos, estranharam-se com João e quase saíram na porrada. As cigarras, doidonas, começaram a tocar banjo e tudo terminou em festa, menos para as pobres formigas que ainda carregavam folhas. O coelho fugiu, a galinha não botou e a Páscoa deste ano não terá ovos de chocolate. Só mesmo chapado para entender as fábulas fabulosas desses autores.

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