Início Negócios O que falta atualmente para as indústrias nacionais crescerem?      

O que falta atualmente para as indústrias nacionais crescerem?      

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O setor industrial, assim como todos os outros segmentos da economia tem apostado na tecnologia para automatizar processos e melhorar a eficiência operacional. Isso passou a ficar ainda mais evidente e ganhar força depois da pandemia de COVID-19, já que as empresas tiveram que se reinventar para continuar vendendo e sobrevivendo. Mas ainda há um longo caminho a ser percorrido.

Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o setor industrial prevê alta de 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023. Porém, é possível analisar como esse mercado tem potencial para crescer muito mais. Então, o que realmente falta para as indústrias nacionais prosperarem mais atualmente?

Para Flávio Guimarães, Presidente da Corning na América Latina e Caribe, uma das líderes mundiais em inovação da ciência de materiais que desenvolve produtos para as áreas de comunicações ópticas, eletrônicos móveis de consumo, tecnologias para displays, automóveis e ciências da vida, um dos principais gargalos hoje em dia na indústria nacional é a falta de investimento em equipamentos e ferramentas inovadoras. 

“A tecnologia é sem dúvidas imprescindível para o crescimento de todo e qualquer negócio. O que dificulta essa evolução muitas vezes, é o custo que deve ser desembolsado para implementar soluções de ponta. Porém, é importante destacar que já existem empresas que têm apostado no desenvolvimento de inovações mais acessíveis para todo tipo de negócio e que, a médio e longo prazo, trazem um retorno financeiro inteligente”, diz.          

Quando se trata do mercado brasileiro um exemplo disso é a não implementação de tecnologias que conseguem desempenhar funções que são feitas por humanos, já que existe a crença de que não são tão necessárias. Mas, felizmente essa mentalidade vem mudando ano após ano. 

De acordo com estudo da International Federation of Robotics, no segundo ano de pandemia de coronavírus as instalações de robôs dispararam para um nível recorde de 517.385 unidades, o que representou uma taxa de crescimento de 31% em relação à 2020. Neste contexto estão os robôs colaborativos (cobots) que tem ajudando a indústria a ser mais produtiva, além de fazerem trabalhos repetitivos, monótonos e perigosos para a saúde dos colaboradores, permitindo que estes migrem para cargos mais estratégicos. 

“Muitas vezes os líderes acreditam que o retorno financeiro deve vir da substituição da mão de obra direta, mas é preciso olhar todos os ganhos, inclusive os intangíveis, e a longo prazo. No caso dos cobots, as empresas conseguem identificar logo o aumento da flexibilidade e segurança, e otimização de processos, principalmente quando partem para uma automação híbrida, ou seja, de homens e máquinas trabalhando juntos. Por isso, temos visto uma mudança positiva na mentalidade de muitas fábricas. Tenho certeza que em 2023 os cobots passarão a fazer ainda mais parte de diferentes tipos de indústrias”, afirma Bruno Zabeu, Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Universal Robots na América do Sul, empresa dinamarquesa líder na produção de braços robóticos industriais colaborativos. 

Segundo André Ghignatti, Cofundador e CEO da WOW, uma das principais aceleradoras de startups do Brasil, que contribui com capital financeiro e intelectual ao longo de toda jornada das startups, um dos problemas que dificulta o crescimento das indústrias nacionais é o fato de não fazerem parcerias com startups e negócios que desenvolvem soluções inovadoras. “Existem fábricas que não conhecem os novos serviços e produtos do mercado porque não fazem networking com frequência com pontas importantes do ecossistema de inovação. As indústrias que querem crescer precisam inovar e estarem sempre em contato com aqueles que estão criando ferramentas modernas”, explica.                                                          

Nesse sentido, fica evidente a importância das companhias buscarem por agentes do ecossistema capazes de promover esse encontro com as startups e seus projetos, seja por meio de programas de aceleração, desafios ou eventos. “Parte da indústria brasileira já está dando alguns passos em direção a isso, mas ainda temos um longo caminho pela frente para que de fato a agenda de inovação aberta seja adotada e integrada à rotina dessas empresas. É possível conquistar muito mais eficiência operacional no curto prazo, ainda mais num ano desafiador como 2023, por meio de projetos com startups. Integração das indústrias com o ecossistema precisa ser algo que traga valor real para empresas e empreendedores”, avalia Guilherme Massa, co-fundador da Liga Ventures, maior rede de inovação aberta da América Latina, que conecta startups e grandes empresas para geração de negócios.

Assim, a falta de inovação é algo a ser vencido pelas indústrias. “Quando temos contato com o chão de fábrica, fica evidente que, independentemente do tipo de indústria, a carência de tecnologia para apoiar os gestores na tomada de decisão é imensa”, diz Reginaldo Ribeiro, CEO da COGTIVE, indtech participante do Startup OutReach Brasil, programa gratuito de internacionalização de startups brasileiras. Para sanar essa necessidade, a aposta da indtech é o uso de IoT (Internet das Coisas) e Inteligência Artificial para coletar dados no chão da fábrica e identificar oportunidades e gargalos, reduzindo custos e otimizando estoques, possibilitando que fábricas desbloqueiem sua capacidade oculta e alcancem sua máxima performance.      

Já para Run More, uma indústria referência no ramo de vestuário feminino, que produz peças para o segmento esportivo e beachwear, os investimentos vão além da tecnologia. A marca tem adotado as práticas de ESG tanto em maquinário para as suas coleções, quanto na utilização de fontes de energia renováveis e a realização de eventos com causas sociais. “O foco na sustentabilidade é um dos nossos valores e por meio dele, nós percebemos o quanto pode ser feito, desde iniciativas mais complexas, como a usina fotovoltaica, a produção de biogás e  limpeza da água, até as mais simples como a iluminação de led, os copos de café biodegradáveis e a separação do lixo. Nós acreditamos que por meio dessas ações, impactamos nossos colaboradores, fornecedores e comunidade de forma positiva, e isso corrobora para um cenário de conscientização na indústria”, afirma Ana Dullius, Gerente de Comunicação e Marketing da Run More. 

Por fim, quando se fala sobre indústria gráfica, é notável uma mudança considerável em relação ao consumo de alguns produtos e serviços. “O digital vem crescendo muito em nosso segmento, principalmente entre os micro e pequenos empreendedores que demandam materiais em menores quantidades. Aqui na Printi, nós investimos mais de R$100 milhões em máquinas tecnológicas com objetivo de proporcionar autonomia para que os clientes possam montar suas peças, enviar para impressão com soluções rápidas e personalizadas, com materiais de qualidade a preços acessíveis também em menores quantidades. Cada etapa é pensada para que as entregas superem sempre as expectativas, proporcionando a melhor experiência”, conta Fábio Carvalho, diretor de Supply Chain da Printi, uma das maiores gráficas online da América Latina. 

Autora:

Giovana Telles

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