Mas afinal o que é a instituição casamento?
O casamento é uma ligação permanente e dedicada entre um homem e uma mulher. A Bíblia diz em Mateus 19:5-6 “Deus ordenou: Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne. Assim já não são mais dois, mas uma só carne. Portanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem.”
Para Portalis define o casamento como “a sociedade do homem e da mulher, que se unem para perpetuar a espécie, para ajudar-se mediante socorros mútuos a carregar o peso da vida, e para compartilhar seu comum destino”.
Já Washington de Barros Monteiro definiu o casamento como “a união permanente entre o homem e a mulher, de acordo com a lei, a fim de se reproduzirem, de se ajudarem mutuamente e de criarem os seus filhos”.
Silvio de Salvo Venosa prefere citar em seu livro os ensinamentos de Guillermo Borda (1993:45) ”é a união do homem e da mulher para o estabelecimento de uma plena comunidade de vida”.
Para Silvio Rodrigues, casamento é “o contrato de direito de família que tem por fim promover a união do homem e da mulher de conformidade com a lei, a fim de regularem suas relações sexuais, cuidarem da prole comum e se prestarem mútua assistência”, conceito do qual acreditamos adequar-se à realidade atual.
Se observarmos os conceitos e teorias, a maioria enfatiza o casamento enquanto instituição para reprodução da espécie humana ou mero contrato onde as partes possuem funções pré-estabelecidas. Todas falam de cuidar de filhos, prestar assistência mútua, regular relações sexuais, em nenhum fala de felicidade plena, a preocupação do casamento na maioria das teorias sempre foi à continuidade da espécie e a garantia de ter alguém que subsidie na idade tenra da velhice.
IMPORTANTE RESSALTAR
Em plena pandemia da COVID 19, houve um aumento estarrecedor de divórcios no Brasil, , segundo dados da Associação Nacional de Advogados Públicos Federais o ano de 2021, o segundo da pandemia do novo coronavírus, foi marcado pela realização de 80.573 divórcios no Brasil, número recorde da série histórica iniciada em 2007.
Isso se deve ao fato de que as pessoas passaram a ficar mais tempo juntas, as relações são pautadas por várias situações, contudo a convivência é algo mais peculiar.Trabalhar o dia todo e chegar em casa a noite é uma coisa, passar o dia e a noite juntos é outra coisa, as pessoas se cansam da monotonia do dia a dia, as brigas se tornam mais frequentes, surgem vários atritos, ciúmes, conflito de ideias, não estamos acostumados a conviver por muito tempo, e sim nos habituamos a rotina de ir pra casa em determinados horários, descansar, dormir e voltar a rotina de novo.
Mas então, se a instituição casamento é algo que precisa ser melhor debatido, afinal, até que a morte nos separe é muito tempo, as pessoas acabam se cansando mais rápido que o habitual. Vários teóricos com suas concepções mirabolantes acabam destacando que a monotonia é uma das características que afetam a vivacidade do casamento, outros garantem que as relações fortuitas prejudicam as relações dos casais. O ciúme é outro fator prejudical as relações juntamente com a falta de liberdade permeada por uma relação abusiva justicada por um papel denominado certidão de casamento.
A falta de liberdade na relação afeta drasticamente de forma que as pessoas vivem com temor, deixam de fazer certas coisas para não brigar, se privam de fazer o que gostam com medo de reprovações, deixam de ser elas mesmas para viver o que o outro espera que elas sejam, deixam inclusive de falar com amigos para evitar brigas e confusões, e isso mina não só a relação mas os sentimentos que acabam se transformando na maioria das vezes em algo acessório, que serve somente para mostrar a sociedade que tem uma relação seja ela feliz ou não, ah, mas não importa, afinal a função do casamento é outra segundo nossos teóricos e nossa própria legislação.
Um estudo interessante feito pelo Gleeden, um aplicativo de encontros discretos pensado por e para mulheres, construiu um ranking dos países mais infiéis, com base na concentração de usuários cadastrados em cada localização geográfica, e o Brasil ficou em primeiro lugar como o país “mais infiel” da América. Segundo esses dados, 8 em cada 10 brasileiros foram infiéis. Dos entrevistados do sexo masculino 91% afirmaram já terem traído e, entre as mulheres, 88% revelaram terem sido infiéis.
MAS AFINAL, VALE A PENA CASAR?
O que observamos no decorrer dos anos é que o número de casamentos diminuiu frente ao aumento de divórcios, que ter filhos passa a não ser prioridade entre as mulheres que possuem discernimento moderado e renda própria, e acabam optando por suas carreiras enquanto prioridade.
A instituição casamento passa a ser debatida enquanto um dos vieses para as relações, onde viver juntos mesmo que sem um papel para documentar passa a ser opção, onde morar em casas separadas passa a ser moda em alguns países, considerando as particularidades e individualidades de cada um.
E temos alguns questionamentos:
Mas afinal, se casamento é tão bom porque existe o divórcio?
Se a instituição casamento é algo meramente para procriação não está fadada ao fracasso visto que hoje a maioria das pessoas opta por não ter filhos?
Se o casamento é uma instituição para regular as relações e a garantia de cuidados e assistência num futuro não muito distante, um papel pode garantir isso?
Se conseguirmos discernir sobre estas respostas, poderemos entender alguns pontos importantes em relação ao casamento.
O fato é que um papel não é garantia de perpetuação da espécie nem de cuidados e assistência momentânea ou num futuro próximo. As relações mudam muito rápido, o que pensamos hoje pode mudar amanhã e com o casamento não é diferente.
Não estamos aqui para desmotivar quem quer casar ou questionar o casamento, ao contrário, há muitos casamentos que perduram felizes, são raros, mas existem, mas há os que se mantém mediante as relações abusivas, que aparentam e vivem o que não existe mais, mas que a imposição social os obriga a demonstrar um casal feliz, mesmo que seja para manter o ego ou mesmo para mostrar socialmente o que parece normal numa sociedade machista.
E não raro vivemos relações para o outro e em prol do outro, somos assim, nos preocupamos com o que o outro pensa, sem se importar com o que realmente queremos, sentimos. E no fundo o que realmente buscamos?
Por fim, enquanto você buscar alguém que o complete você nunca será feliz, porque somos completos e buscamos alguém que entenda nossa completude, quando entender isso poderá alcançar a maturidade emocional de viver um dia de cada vez. Por isso Carpe Diem…
Autora:
Odalina Emiko Aoki Alves. Pedagoga/Bacharel Em Direito. Pós-Graduada Em Educação