Produtividade do Campo para Exportar X Escassez de Alimento para Povo
Talvez muitos jovens de vinte anos ou menos não tenha a dimensão do que foi o Brasil dos últimos anos. Dentro do olho do furacão, não conseguimos observar de forma panorâmica as questões as quais estamos inseridos. Quero dizer que nosso país voltou ao mapa da fome. Isso significa que a um tempo atrás, nós não estávamos neste contexto. Havíamos saído com muito custo deste mapa, e infelizmente por descaso ou desinteresse governamental voltamos.
O “agribusiness”, como é eventualmente chamado o agronegócio, envolve uma cadeia a qual inclui a própria produção agrícola. Desenvolvem técnicas de cultivos de culturas, demandam adubos e fertilizantes, aprimoram os equipamentos agrícolas e o desenvolvimento de tecnologias para campo. Tudo isso para um fator fundamental do “capitalismo do campo”, o lucro.
Nosso país é um dos mais representativos do mundo no agronegócio, sobretudo no que diz respeito à exportação. O Brasil é o maior fornecedor de café, açúcar e cana-de-açúcar; é também um dos três maiores exportadores de carne bovina, o maior fornecedor de carne de frango, está entre os quatro maiores na exportação de carne suína, assim alimentando o mundo. Enquanto isso, o nosso povo com fome.
Esse modelo tradicional de produção, fortalece cada vez mais grupos minoritários de grandes investidores, intensifica cada vez mais o processo de concentração fundiária no país – uma questão de enfrentamento história das classes da agricultura familiar. Sobretudo, é considerado um entrave no que diz respeito a política de Reforma Agrária no Brasil, que se arrasta pela história desde meados do século XX sem uma definição concreta.
Acredita-se que a saída é o fortalecimento de políticas públicas voltadas para a agricultura familiar. Trata-se de um sistema de produção agrícola que as atividades rurais são realizadas por pequenos produtores, que contam com o auxílio dos membros da sua família ou de alguns funcionários contratados. Dados do último Censo Agropecuário demonstram que a agricultura familiar é a base da economia de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil habitantes. Além disso, é responsável pela renda de 40% da população economicamente ativa do país e por mais de 70% dos brasileiros ocupados no campo.
Observa-se a necessidade de ampliar o ideal cooperativista, políticas públicas que incentive a geração de empregos, a derrubada da reforma trabalhistas, a derrubada do teto de gastos que congelou os investimentos do país, a aplicação da reforma agrária, dentre outras medidas. É inadmissível voltarmos ao cenário em que pessoas fazem filas para receber doações de ossos para se alimentar, enquanto somos um dos maiores exportadores de alimentos para o mundo. Não se trata de vitimização, isso é queda de direitos e precisa ser enfrentado e debatido nas praças.
Autor:
Dione Silva de Castro