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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Penitência de uma louca paixão       

Ana sempre foi uma mulher muito família e centrada. Mas, seu casamento ia de mal a pior e ela se sentiu vulnerável diante de Alex: um homem alto de boca carnuda e sorriso largo que trabalhava a menos de cem metros dela que a cortejava todos os dias e a deixava em situações desconcertantes em que só ela percebia.

O cortejo de Alex era muito discreto, o que aguçava ainda mais os pensamentos de Ana.

Sentada em sua estação de trabalho, Ana tentava entender as sensações que sentia: a adrenalina tomava conta de seu corpo, os pensamentos luxuriosos invadiam seu interior e ela lutava contra a correnteza que insistia em fazer com que ela estivesse sempre em contato com Alex, fazendo com que ela sentisse as sensações adormecidas com o tempo.

Extremamente discreta, Ana não deixava que Alex percebesse sua inquietude em relação a ele; fazia seu trabalho com muita dedicação, como sempre fizera, e quando dava seu horário, ia embora. Mas, ao longo do tempo esse “ir embora” a fazia querer ficar e o “chegar ao trabalho” a enchia de expectativa de como seria o dia.

O tempo foi passando e a aproximação entre os dois em relação ao trabalho só aumentava, o que fazia com que Ana se desdobrasse ainda mais para se livrar das armadilhas daquela paixão oculta. Mas, era evidente que haveria um deslize de um dos dois, e houve.

Certa manhã, enquanto Ana estava na copa adoçando um chá de erva cidreira, sentiu a aproximação de uma pessoa atrás de si. Virou-se, então, de supetão e deu de cara com Alex. O perfume, que diga-se de passagem de muito bom gosto, exalava o ambiente e ela se viu rente àquela boca linda que ele tinha. Tentou se desvencilhar daquele momento, mas já era tarde. Ele a beijou no canto da boca e disse “você me faz ter um dia incrível” e saiu.

Ana tremeu com aquele flerte e aquilo foi o suficiente para ela se martirizar, se penalizando por ter deixado acontecer aquele “beijo”.

Inerte em sua estação de trabalho, ela matutava em como poderia deixar de sentir aquilo tudo que estava sentindo. Pensava em sua família, em sua honra, mas não deixava de pensar também no que aquele homem estava cultivando nela. Ele despertou sentimentos que há anos luz não brotavam. Seu casamento tinha caído na rotina e o contato com o marido era esporádico. Limitavam-se aos problemas rotineiros da casa e filhos e deixaram no esquecimento o ponto crucial de uma boa relação: a paixão.

Mesmo tendo certeza de que por mais que seu casamento estivesse caminhando para o fracasso, Ana não conseguia seguir adiante com aquela paixão avassaladora que sentia por Alex.

Ao entrar no departamento de pessoal com sua carteira de trabalho, teve certeza de que estava tomando a decisão certa, pois queria a todo custo salvar seu casamento das investidas de Alex e, por que não dizer dela também.

Ana pediu demissão após uma longa conversa com o marido sobre a mudança deles para outra cidade onde ela teria oportunidades de trabalho tanto quanto ela tivera onde estava.

Mas, mesmo salvando seu casamento, percebeu que nada mudara na relação com o marido, notadamente sobre a paixão, e Ana se penitenciou pelo resto da vida por ter sentido aquilo tudo por Alex e por não ter se dado a oportunidade de viver uma tórrida paixão.

Autora:

Patricia Lopes dos Santos

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