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terça-feira, 23 de julho de 2024

Resgate do vermelho cornalina

Enquanto escolhia uma roupa para aquela confraternização familiar, ela ficou em dúvida com qual pretinho básico iria. De longe, seu guarda- roupa carecia de cores, mas diziam as más línguas que o preto emagrecia, além de ser extremamente elegante.

Confiante, ela pegou um vestido longo negro, com uma fenda discreta, e achou que havia encontrado o modelo certo para aquela noite.

Resolveu, então, abrir a última gaveta para pegar um adereço qualquer que combinasse com sua vestimenta e se deparou com um “estranho no ninho”: aquele vestido vermelho cornalina embrulhado com muito cuidado estava esquecido em sua gaveta há mais de 15 anos.

Ao desembrulhar aquele pacote, reviveu a última vez que o havia vestido e as lembranças foram as mais formidáveis possíveis.

Olhou para vestido e ficou em dúvida se ele ainda servia nela e arriscou experimentá-lo mais uma vez.

Olhando-se no espelho, ela reluziu. O preto deu passagem para aquele vermelho cornalina que a deixara deslumbrante.

Ao descer as escadas, ficou reticente, pois o preto predominava no ambiente festivo, mas ela não se atemorizou. Ensaiou alguns passos firmes e continuou seu trajeto até o garçom que servia os drinks.

Enquanto desfilava por entre aqueles trajes negros, percebeu os olhares de alguns como se dissessem que ela destoava do ambiente, mas se concentrou no olhar fascinado de seu esposo para ela por onde quer que andasse.

Aquele olhar marcante a fez experimentar um turbilhão de emoções. Não resistiu e rendeu-se àquele olhar que a encantava há mais de 30 anos e se deixou ser percebida pelo homem que despertou naquela noite as várias mulheres que existiam dentro dela.

Autora:

Patricia Lopes dos Santos

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