A ação esportiva é considerada um processo complexo e de interação, intencional, dirigido e regulado psicologicamente para atingir uma determinada meta. De acordo com Nitsch (1985) a ação esportiva emerge da interação entre fatores objetivos e subjetivos da pessoa, do meio ambiente e da tarefa. Desse modo, os fatores relacionados a pessoa referem-se às características individuais de cada indivíduo, as quais podem ser físicas (ex.: altura e peso) e psicológicas (ex.: motivações e emoções). Os fatores físicos citados anteriormente podem ser enquadrados como condições objetivas e as motivações podem ser entendidas como condições subjetivas. Por exemplo, os níveis de experiência na modalidade também são condições subjetivas, mas que influenciam as ações dos atletas, pois jogadores de futebol considerados peritos tendem a explorar melhor suas possibilidades de ação, além de tomar decisões mais rápidas e mais precisas, para se adaptarem aos diferentes contextos e produzirem soluções eficientes (BAKER et al., 2003) (ARAÚJO, 2009). Por sua vez, os fatores do meio ambiente também estão relacionados aos fatores físicos e sociais (SILVA, 2017). Por exemplo, em termos físicos (condições objetivas), a temperatura e a altitude podem influenciar o rendimento esportivo devido à interação do indivíduo com o ambiente (PASSOS; BATALAU; GONÇALVES, 2006). Ao mesmo tempo, o rendimento esportivo pode ser influenciado pelas expectativas sociais (condições subjetivas), como a oportunidade de disputar uma olimpíada fora do seu país e os possíveis incentivos de treinadores, família e amigos (ARAÚJO, 2005). Por fim, os fatores relacionados à tarefa também possuem características objetivas e subjetivas que influenciam a ação esportiva. Em relação às características objetivas incluem, por exemplo, as regras do esporte específico, a área de jogo e suas delimitações e os utensílios utilizados durante a atividade (ARAÚJO, 2009). Por sua vez, as características subjetivas englobam, por exemplo, as dificuldades de cada pessoa para lidar com a tarefa. De acordo com Nitsch (1985), as ações possuem três funções básicas:Função de exploração: por meio de ações se explora, experimenta e reconstrói a realidade; isso significa que o indivíduo é capaz de aprender e se desenvolver por meio de vivências e experiências nas modalidades esportivas em questão. Função construtiva: por meio de ações se cria e transforma a realidade e soluciona tarefas e problemas específicos; essas ações permitem que os atletas possam coordenar suas ações coletivas e tomar decisões como uma equipe, no intuito de solucionar os problemas advindos das partidas. Função de apresentação: a ação é a auto apresentação da pessoa e seu reflexo interno de valores, normas e regras sociais. Em esportes que necessitam de uma boa expressão corporal como na dança e as ginásticas, essa função é dominante.
GLOSSÁRIO
Robustez Mental: De acordo com Clough, Earle e Sewell (2002), a robustez mental está relacionada com os quatro Cs: control, commitment, challenge e confidence. Na tradução para o português, os quatro Cs podem ser entendidos como: (1) controle (tendência de sentir e agir com domínio e ter controle emocional); (2) comprometimento (envolvimento com metas independentes das dificuldades); (3) desafio (tendência de enxergar potenciais ameaças como oportunidades de desenvolvimento) e; (4) confiança (acreditar nas próprias habilidades e nas relações interpessoais apesar de possíveis contratempos). Teoria Ecológica: A perspectiva ecológica considera não só o ambiente, mas também o indivíduo com as suas características e ainda que tipo de tarefas (de exercícios) realiza o indivíduo na sua interação com o ambiente (ARAÚJO, 2009). Teoria Cognitivista: “Propõe analisar a mente, o ato de conhecer; como o homem desenvolve seu conhecimento acerca do mundo, analisando os aspectos que intervém no processo ‘estímulo/resposta’” (SANTOS, 2008, p. 100).
Autor:
Prof. Dr. Rinaldo Melo.