Quando uma nova tecnologia chega ao mercado, podem acontecer situações que não haviam sido previstas anteriormente.
Uma dessas situações, cômica, aconteceu recentemente em São Francisco, nos Estados Unidos: um veículo autônomo, sem motorista, operando como taxi, foi parado pela polícia, por estar trafegando com as luzes apagadas.
Um vídeo postado no Instagram, mostra como os policiais que havia parado o veículo, vão até a janela e tentam abrir a porta, sem sucesso, voltando a seguir para a viatura. Nesse momento, o carro começa a se movimentar e para trinta metros adiante. Os policiais deixam a viatura e caminham em volta do carro, presumivelmente tentando descobrir como acender os faróis.
O veículo era um Cruise, produto de uma parceria entre a General Motors e a Honda; a empresa disse que o veículo voltou a se movimentar para estacionar em um lugar mais seguro e que ainda não sabia por que razão as luzes estavam apagadas – teria havido uma falha de hardware ou software. De qualquer forma, era um ponto importante, pois esses veículos, ao menos por enquanto, só podem rodar em São Francisco entre 22 e 6 horas.
A empresa disse também que “trabalha em estreita colaboração com a polícia”, com a qual está definindo um processo de interação para tratar de problemas gerados por veículos autônomos.
A Cruise começou a prestar serviços de taxi recentemente, embora desde 2017 seus funcionários venham sendo transportados por seus veículos, sem incidentes.
Mas às vezes acontecem tragédias: em 2018, um veículo autônomo do Uber, da marca Volvo, que estava em teste, atingiu e matou uma ciclista em uma estrada do Arizona.
Foram várias as causas do acidente: investigações descobriram que o Uber havia desativado o sistema de frenagem de emergência que vinha da fábrica Volvo para evitar qualquer interação com seu software de direção autônoma, mas não ficou claro o quanto isso contribuiu para o acidente. O Uber também não tinha um gerente de segurança responsável pela avaliação e mitigação de riscos e a motorista que estava a bordo assistia um programa de TV em seu celular; já a ciclista, atravessou a via fora da faixa de pedestres.
Casos como estes mostram que ainda há um longo caminho a percorrer até que os veículos autônomos se incorporem ao nosso cotidiano.
Autor:
Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de IoT