A Black Friday se consolidou como uma das datas mais aguardadas pelos consumidores brasileiros, mas junto com as oportunidades de bons negócios, também crescem os riscos de fraudes. Pesquisa recente da MindMiners revela que 53% dos consumidores se sentem insatisfeitos com a data devido ao aumento prévio de preços para simular descontos, prática conhecida como “Black Fraude”. Além disso, 44% relatam poucos produtos realmente em promoção e descontos baixos ou irrelevantes.
O cenário de desconfiança é real. Ainda segundo a MindMiners, 62% dos consumidores começam a acompanhar e monitorar preços muito antes da data, reflexo direto da falta de credibilidade que se instalou. Para ajudar você a aproveitar as ofertas com segurança e evitar cair em armadilhas, reunimos orientações de especialistas em diferentes áreas. Confira as principais dicas para fazer compras mais seguras nesta Black Friday.
Confira 6 dicas essenciais para comprar com segurança
1. Monitore preços com antecedência e desconfie de “descontos” irreais
Você está mais atento e desconfiado, e com razão. O estudo da MindMiners mostra que 9 em cada 10 pessoas fazem pesquisa prévia, independentemente de classe, gênero ou geração. Por isso, monitore os valores dos produtos que você deseja pelo menos 30 dias antes da Black Friday, garantindo que os descontos apresentados na data sejam reais.
Para compras em plataformas como marketplaces ou sites que revendem produtos recondicionados ou provenientes de logística reversa – formatos que têm cada vez mais conquistado o consumidor, também vale a orientação. “São canais que já costumam, como prática, apresentar preços abaixo do valor praticado no mercado. Vale observar com antecedência nesses canais os valores dos produtos que o consumidor deseja, checando dessa forma se um desconto compatível ao anunciado foi realmente aplicado. Além disso, cuidados com a autenticidade da plataforma ou loja são essenciais. Verifique a reputação no Reclame Aqui, nas redes sociais, nas avaliações, e só então opte por realizar a compra”, destaca o especialista em leilões online e CEO da plataforma Kwara, Thiago da Mata.
2. Cuidado com links suspeitos nas redes sociais
Para 31% da Geração Z, as redes sociais têm papel destacado na data comemorativa, com o TikTok, por exemplo, já funcionando como ferramenta de busca para essa geração durante as promoções nesse período, segundo o levantamento da MindMiners. No entanto, as redes sociais se tornaram terreno fértil para criminosos que criam perfis e anúncios falsos oferecendo promoções tentadoras.
“Os golpistas aproveitam o alto volume de anúncios durante a Black Friday para se camuflar, e as redes sociais são um prato cheio para este momento. Para se proteger, sempre verifique a autenticidade dos perfis das lojas procure pelo selo de verificação para o caso de lojas grandes ou conhecidas, leia os comentários dos posts, cheque se o número de curtidas nos posts do perfil são compatíveis ao número de seguidores, cheque a reputação da loja no Google. Outra dica valiosa é utilizar plataformas de comparação de preços, que reúnem ofertas de diversos sites e facilitam a identificação de promoções reais. E, claro, desconfie de ofertas que parecem boas demais para ser verdade”, orienta a diretora de marketing e especialista em gestão digital, Bruna Madaloni.
A especialista alerta ainda para um tipo de fraude recorrente na Black Friday brasileira: as promoções de empresas de viagem. “É preciso ter atenção redobrada com pacotes turísticos e passagens aéreas em promoção, principalmente de empresas menores ou desconhecidas. Muitas vezes, há vários asteriscos e condições que não ficam claras inicialmente, e o consumidor acaba descobrindo taxas adicionais que fazem o valor final não valer a pena. Antes de fechar qualquer compra de viagem, leia todas as condições com atenção e pesquise a reputação da empresa.”
Bruna destaca também uma oportunidade estratégica para as marcas durante o período. “A Black Friday não precisa ser apenas sobre descontos agressivos. É um momento excelente para as empresas trabalharem branding, criarem campanhas criativas e até brincarem com o conceito da data. Algumas marcas já fazem isso de forma muito inteligente, trazendo conversas relevantes para seus públicos ao invés de apenas empurrar promoções. Essa abordagem diferenciada pode gerar muito mais engajamento e conexão genuína com os consumidores”, afirma.
3. Priorize pagamentos com PIX por aproximação ou por biometria para maior segurança
Ao finalizar a compra de um produto por meio de sites ou aplicativos, a forma de pagamento pode ser determinante para evitar fraudes. O PIX por aproximação ou por biometria no checkout não só agiliza as transações como adiciona uma camada extra de segurança, reduzindo significativamente o risco de clonagem de cartões e fraudes. Além disso, recentemente o Banco Central passou a permitir a contestação de transações via PIX, o que reforça ainda mais a proteção do consumidor em casos de golpes ou erros de pagamento.
“Neste período de maratona de ofertas, a expectativa é que esse novo recurso simplifique ainda mais as transações, impulsionando tanto o comércio físico quanto o online e aumentando a competitividade entre meios de pagamento como cartões e dinheiro”, destaca o especialista em tecnologia financeira e diretor de negócios da Lina Open X (startup que apoia instituições financeiras em suas necessidades), Murilo Rabusky.
4. Utilize carteiras digitais para mais segurança e praticidade
As carteiras digitais se consolidaram como uma opção segura e prática para compras online, especialmente em datas de alto volume como a Black Friday. Elas oferecem camadas extras de proteção aos seus dados financeiros, além de agilizar o processo de pagamento.
“As carteiras digitais trazem benefícios importantes para o consumidor, como a criptografia dos dados do cartão, autenticação biométrica e redução do risco de vazamento de informações sensíveis. Durante a Black Friday, quando o volume de transações aumenta exponencialmente, utilizar essas ferramentas pode fazer toda a diferença na segurança da sua compra”, destaca Gustavo Siuves, especialista financeiro e CRO da Azify.
No entanto, é importante tomar alguns cuidados: “sempre utilize carteiras digitais de empresas reconhecidas no mercado, ative a autenticação em duas etapas, mantenha o aplicativo atualizado e nunca compartilhe suas senhas ou códigos de acesso. Desconfie de links que pedem para você “atualizar” ou “validar” sua carteira digital, bancos e empresas legítimas nunca fazem esse tipo de solicitação. Segurança precisa ser um ponto-chave em grandes eventos do varejo”, acrescenta Gustavo.
5. Proteja seus dados pessoais contra vazamentos
Durante a Black Friday, você precisa redobrar os cuidados com seus dados pessoais. Utilize apenas sites seguros (verifique se a URL começa com “https”), evite fazer compras em redes Wi-Fi públicas e desconfie de cadastros que pedem informações excessivas ou desnecessárias para finalizar a compra.
Ao mesmo tempo, é importante saber que as empresas também têm responsabilidade sobre a segurança dos seus dados. Um estudo da PwC mostra que 90% dos consumidores brasileiros afirma que a proteção dos seus dados pessoais é um dos fatores mais importantes para que as empresas conquistem a sua confiança. Simultaneamente, esses clientes exigem experiências altamente personalizadas, desafiando empresas a equilibrar a intimidade das informações com a personalização.“Estamos entrando em uma era em que a privacidade dos dados não é apenas um direito, mas uma expectativa integrada à experiência digital. Empresas que adotarem modelos proativos de proteção terão uma vantagem competitiva significativa”, reforça Lucas Monteiro, especialista em automação de marketing e experiência digital e Martech Leader da Keyrus.
- 6. Proteja-se de golpes digitais: ofertas falsas, links suspeitos e a importância de manter seus dispositivos seguros
Durante a Black Friday, os cibercriminosos intensificam a criação de lojas virtuais falsas que copiam sites reais para aplicar golpes. A principal isca? Ofertas absurdamente baixas que parecem irresistíveis.
“Muitas fraudes que vemos na Black Friday envolvem lojas falsas oferecendo produtos com valores muito abaixo do mercado para criar aquela oferta irresistível. Aquele iPhone por dois mil reais, por exemplo. O brasileiro gosta de promoção, gosta de ter vantagem, e acaba passando o cartão nesse tipo de oferta absurda. Um ponto importante é: cuidado com as ofertas. Fique atento à reputação do site de e-commerce. Se você vê alguém oferecendo um produto muito abaixo do valor de mercado, desconfie. Antes de fazer a compra, avalie se a loja tem reclamações no Reclame Aqui, veja o que os usuários falam dessa loja na internet”, alerta o especialista em segurança cibernética e CEO da Security First, Fernando Corrêa.
Além disso, um dos golpes mais comuns durante a Black Friday envolve o envio de links maliciosos por WhatsApp, SMS e e-mail. Os criminosos se aproveitam do alto volume de comunicações nesse período para enviar mensagens falsas que imitam lojas conhecidas, bancos ou até mesmo os Correios e a Receita Federal.
Fernando explica que os e-mails promocionais fraudulentos usam táticas de pressão psicológica: “Nesses e-mails, o atacante vai tentar fazer um apelo para a oferta irresistível: ‘você tem 30 minutos, a oferta expira, só tem mais um produto restante’. Essa urgência gera uma escassez artificial e faz com que a pessoa queira adquirir aquele produto o mais rápido possível, sem avaliar se é legítimo.”
Entre os golpes mais frequentes estão: mensagens informando que “sua compra está retida nos Correios” e solicitando o pagamento de uma taxa para liberação; notificações falsas da Receita Federal sobre supostas pendências; links prometendo descontos exclusivos ou prêmios da Black Friday; e ligações que se passam por centrais de atendimento de bancos pedindo dados pessoais ou senhas.
O especialista alerta ainda para arquivos maliciosos disfarçados de promoções. “Tem criminosos que mandam arquivos para a pessoa baixar ou abrir, e com isso acabam infectando a máquina do usuário desatento com algum tipo de malware. Imagina isso no ambiente corporativo: alguém interessado em aproveitar a Black Friday baixa um arquivo no computador da empresa e acaba infectando toda a rede.”
Embora o comportamento do usuário seja o fator mais crítico na Black Friday, a segurança técnica também não pode ser negligenciada. Criminosos exploram vulnerabilidades em sistemas operacionais e aplicativos desatualizados para roubar dados durante períodos de alta movimentação.
Fernando reforça que, na Black Friday, o fator humano é ainda mais crítico. “O mês das ofertas está muito mais relacionada ao comportamento dos usuários. Todo mundo quer aproveitar uma promoção e, para isso, as pessoas acabam baixando arquivos suspeitos ou passando o cartão em sites duvidosos. A principal defesa é desconfiar de ofertas boas demais para serem verdade e sempre verificar a reputação da loja antes de finalizar qualquer compra.”
Com essas orientações em mente, você estará mais preparado para aproveitar as melhores ofertas da Black Friday sem cair em armadilhas. Lembre-se: a melhor compra é aquela feita com segurança e planejamento. Se uma oferta parecer boa demais para ser verdade, provavelmente é um golpe. Pesquise, compare preços e priorize sempre lojas e plataformas confiáveis.

