“Pacificador”, série criada por James Gunn e estrelada por John Cena, encerrou recentemente sua segunda temporada na HBO Max, consolidando-se como uma das produções mais ousadas e autoconscientes do novo universo da DC. Cada temporada possui oito episódios, sendo a mais recente exibida entre 21 de agosto e 9 de outubro de 2025, com estreias semanais às quintas-feiras, sempre às 22h.
No momento, não há confirmação de uma terceira temporada, embora Gunn tenha garantido que o personagem continuará surgindo em futuras produções do DCU — o novo universo cinematográfico e televisivo da DC, em que “Pacificador” se conecta diretamente aos eventos do filme Superman: Man of Tomorrow.
Enquanto a primeira temporada explorava o trauma paterno e a hipocrisia da paz pela violência, a segunda mergulha em realidades paralelas e dilemas morais, ampliando o absurdo para um campo de reflexão política. O “herói” de capacete ridículo agora enfrenta a si próprio: entre seu fanatismo patrioticamente distorcido e uma busca sincera por redenção. James Gunn consegue transformar o grotesco em espelho — um reflexo da América que proclama “liberdade” enquanto destrói tudo em nome dela.
Há um toque quase nietzschiano na trajetória de Christopher Smith: o homem que luta tanto contra o mal acaba por tornar-se o próprio. O humor irreverente, cheio de referências pop e autocríticas ao gênero de super-herói, serve como antídoto contra o dogmatismo da moral tradicional. Em tempos de extremismos e verdades absolutas, “Pacificador” oferece o riso como método de desconstrução — escancarando que o heroísmo pode ser apenas mais uma narrativa de poder.
Mesmo sem uma confirmação de nova temporada, a série deixa marcas. Mostra que a cultura pop ainda pode ser filosófica sem ser pretensiosa, crítica sem perder o entretenimento, e política sem panfletar. “Pacificador” é, afinal, o anti-herói que revela o absurdo do real — e, por isso mesmo, talvez seja o personagem mais honesto da nova DC.
Nota 8,5/10

