Com a proximidade do verão e o aumento dos casos de doenças sazonais, especialistas reforçam a importância de manter o calendário vacinal das crianças em dia
O Brasil enfrenta uma queda significativa na cobertura vacinal infantil, segundo dados do Ministério da Saúde, o que preocupa pediatras e pode favorecer o reaparecimento de doenças antes controladas. Atualmente, a cobertura vacinal nacional está abaixo da meta de 95% em diversas vacinas, incluindo poliomielite, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e influenza.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o calendário vacinal brasileiro é considerado um dos mais completos do mundo. Entre as atualizações recentes estão a inclusão da vacina contra a dengue, do Vírus Sincicial Respiratório (VSR) para gestantes e a ampliação do uso de vacinas pneumocócicas 15 e 20 valentes na rede particular. Mesmo assim, a adesão às campanhas segue abaixo do esperado, impactada pela desinformação e pelas fake news que ainda circulam sobre vacinas.
A pneumologista pediátrica do Grupo Prontobaby Brunna Santana reforça que a chegada do verão é um momento crucial para garantir que todas as vacinas estejam atualizadas. Segundo ela, o período também exige atenção com as doenças virais e gastrointestinais, que tendem a aumentar com o calor e o contato mais intenso entre as crianças.
“Todas as vacinas do calendário vacinal são prioritárias. Porém, quando falamos especificamente do verão, um período em que ocorrem surtos, principalmente de gastroenterites, a vacina mais importante é a contra o rotavírus humano (VORH), aplicada no 1º ano de vida, em 2 doses no SUS (aos 2 e 4 meses), e em 3 doses no particular (2,4 e 6 meses)”, comenta a especialista.
A médica destaca que alguns imunizantes têm o papel fundamental na prevenção de complicações graves e a queda nas taxas de vacinação abre espaço para o retorno de doenças que já estavam controladas no país.
“Qualquer doença pode entrar em surto ou reaparecer se a vacinação não for feita. É o que temos visto nos últimos anos com sarampo e poliomielite, antes consideradas erradicadas no Brasil, mas, com a redução dos níveis vacinais nos últimos anos, reapareceram. O mesmo acontece com a COVID 19 e a Influenza, cujas baixas coberturas vacinais deixam nossas crianças expostas aos vírus causadores dessas doenças”, sinaliza.
Com as férias se aproximando e o aumento de viagens, o risco de contágio também cresce em ambientes coletivos. Dra. Brunna explica que esses locais favorecem a propagação de vírus e bactérias, especialmente entre crianças pequenas.
“As doenças bacterianas ou virais podem ser transmitidas por contato direto entre as crianças, através de objetos contaminados e compartilhados, por alimentos, água, secreções respiratórias ou gotículas. Desta forma, em viagens e locais, como creches e colônias de férias, o contato delas é muito mais próximo e facilita a transmissão dos agentes causadores”, diz.
Nos últimos anos, o calendário vacinal brasileiro passou por diversas atualizações, ampliando a proteção oferecida às crianças.
“A partir de novembro, a vacina contra o VSR para gestantes estará disponível no SUS (antes só era oferecida na rede particular), e permitirá que elas já se protejam do principal vírus causador da bronquiolite. Em 2023, chegou à rede particular a vacina Pneumo 15 e, no ano passado, a Pneumo 20. Estas ainda não têm previsão de serem ofertadas no SUS, que oferece apenas a Pneumo 10”, diz a especialista.
Ela ainda explica ainda que “desde julho deste ano, a dose de reforço da meningite dos 12 meses no SUS é feita com a vacina ACWY. Antes, nesta idade, a criança recebia apenas a Meningite C (que continua sendo oferecida aos 3 e 5 meses); a ACWY aos 12 meses era só em clínicas particulares e na rede pública aos 11 anos”.
Segundo a pediatra, “desde o ano passado, a vacina contra a dengue entrou no nosso calendário. Na rede particular, é de 4 a 60 anos. No SUS, crianças e adolescentes de 10 a 17 anos podem tomá-la. A vacina de Covid 19 também entrou no nosso calendário a partir de 6 meses de idade, em 3 doses. O imunizante contra a poliomielite deixou de ser aplicado nos reforços e campanhas em gotinha (VOP) desde o ano passado. Por fim, o Nirsevimabe (anticorpo monoclonal contra o VRS) chegou no início deste ano apenas na rede particular. Os convênios cobrem apenas para prematuros, portadores de cardiopatias e pneumopatas crônicos (como os broncodisplásicos). Há previsão de chegar no SUS para estes grupos no 1º semestre de 2026”.
Além das mudanças técnicas, a médica ressalta que o combate à desinformação ainda é um dos maiores desafios enfrentados pelos profissionais de saúde.
“Para evitar as fake news, é importante sempre ficar de olho nas informações dadas pelo Ministério da Saúde, pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), que são os principais órgãos do nosso país que veiculam notícias seguras, fidedignas e atualizadas sobre imunização. Vacinas são seguras e protegem. E o calendário vacinal brasileiro é um dos mais completos do mundo”, explica a pediatra.
Com o aumento das viagens e atividades coletivas durante o verão, manter o cartão vacinal em dia é a principal forma de garantir proteção individual e coletiva. A atualização é uma medida simples, mas essencial para evitar surtos de rotavirose, gripe, sarampo, covid-19 e outras doenças que ainda circulam no país.
Sobre o Grupo Prontobaby
O Grupo Prontobaby é responsável pelo maior número de atendimentos pediátricos de emergência, cirurgias e internações da rede privada de todo o Estado do Rio de Janeiro e conta com as seguintes unidades: ProntoBaby — Hospital da Criança; Centro Pediátrico da Lagoa; ProntoBaby Méier; ProntoBaby Leopoldina; Instituto de Especialidades Pediátricas (IEP); HomeBaby — Atenção Domiciliar; e Clínica Pediátrica da Barra.
Autora:
Maria M. Figueiredo
