Finalizando nossa série de matérias sobre a franquia, vamos para “Mortal Kombat Legends: Cage Match” — ou, para quem gosta de um subtom abrasileirado, “Bom de Briga” — escancara sem culpa o neon, a pancadaria estilizada e o humor ácido dos anos 80, revisitando o universo de Mortal Kombat sob a ótica hilária e autoconsciente de Johnny Cage. Lançado em outubro de 2023, o filme está disponível na HBO Max e pode ser comprado ou alugado em plataformas como Amazon Prime, Google Play e Apple TV.
Aqui, Johnny Cage, dublador de uma nova era, é aquele herói improvável: metade estrela de ação decadente, metade aspirante a salvador da humanidade — mas sempre inteiro em sarcasmo e cafonice. A trama se desenrola quando sua colega de elenco desaparece misteriosamente, levando Cage a mergulhar de cabeça em uma conspiração demoníaca que ameaça Los Angeles. Entre perseguições de carros esportivos, explosões e duelos sanguinolentos (sim, o gore e a violência continuam fiel à franquia), Cage descobre que o cinema pode ser muito mais literal no quesito ‘luta pela vida’. A ambientação — cheia de rock clássico, luzes de neon e diálogos propositalmente ridículos — transporta o espectador direto para um delírio estético oitentista, encharcado de cultura pop e ironia fina.
“Cage Match” se destaca justamente ao abraçar o kitsch: ao invés de repetir a saturação épica dos filmes anteriores, opta por entregar um roteiro que parece um spin-off autodepreciativo, celebrando as paixões e inseguranças do anti-herói em busca não só do estrelato, mas também de redenção pessoal. O longa brinca com a mitologia do Mortal Kombat, explorando a superficialidade e a vaidade de Hollywood enquanto confronta demônios, tanto literais quanto simbólicos.
No fundo, é uma ode aos fracassos flamboyant, ao charme dos personagens erráticos e à fangloriosa arte de se reerguer das cinzas na base do deboche. Para quem cultua a mistura de ação, nostalgia, autocrítica e sangue virtual, “Mortal Kombat Legends: Cage Match” é uma joia reluzente no ringue da animação adulta contemporânea.
Nota: 8,0.

