O setor de saúde tem renovado sua abordagem em relação à saúde mental. Segundo um levantamento da Ipsos (Líder global em pesquisa de mercado) para o World Mental Health Day 2024, 45% das pessoas entrevistadas consideram a saúde mental o principal problema de saúde em suas nações.
Esse dado, inclusive, representa um aumento significativo em relação a 2018, quando apenas 27% dos participantes apontavam a saúde mental como uma das questões mais críticas. Nesse sentido, é válido destacar que a pandemia de Covid-19 teve um impacto direto nesse aumento, intensificando a preocupação e a conscientização sobre o bem-estar mental da população.
No Brasil, esse movimento também é evidente. De acordo com o mesmo estudo, em 2018, apenas 18% dos entrevistados consideravam a saúde mental como o principal desafio de saúde. Contudo, esse índice saltou durante a pandemia, alcançando 40% em 2021, 49% em 2022 e 52% em 2023. Já em 2024, esse número atingiu 54%.
Apesar dessa crescente conscientização, muitos gestores de cuidados ainda enfrentam desafios que limitam a eficácia de suas iniciativas. Fatores como a sobrecarga de trabalho e a escassez de recursos são obstáculos comuns. Além disso, o estigma relacionado aos distúrbios mentais e a resistência de alguns pacientes em buscar tratamento agravam ainda mais o cenário.
O papel dos gestores de cuidados
O gestor de cuidados, também conhecido gestor de saúde, é o principal responsável pela administração e coordenação dos serviços nas instituições de saúde, como hospitais, clínicas e consultórios. Esses profissionais desempenham um papel essencial na redução das barreiras ao acesso à saúde mental.
Nesse contexto, uma das principais ações que os gestores de cuidados podem adotar é a integração da saúde mental nos planos de gerenciamento. Isto porque, a detecção precoce e a intervenção em problemas de saúde mental são fundamentais, e seu agravamento resulta em maior risco de readmissões hospitalares.
Desta forma, a incorporação de triagens de saúde mental em consultas regulares e processos de acompanhamento podem ajudar a identificar distúrbios em estágios iniciais, garantindo intervenções mais eficazes.
Além disso, os gestores de cuidados podem desenvolver programas holísticos de bem-estar. Neste aspecto, iniciativas como gestão do estresse e programas de melhoria do estilo de vida podem fazer a diferença, ao considerar de forma interligada a saúde física e mental dos pacientes.
Os gestores de cuidados podem atuar, também, como intermediários entre pacientes e profissionais de saúde mental. A construção de uma rede de confiança, sustentada por uma comunicação clara e coordenação eficaz, é igualmente importante para oferecer um atendimento mais coeso e integrado. Essa colaboração permite que os gestores se mantenham atualizados sobre as melhores práticas e opções de tratamento disponíveis, assegurando que os pacientes recebam o cuidado necessário.
À medida que as questões relacionadas à saúde mental se intensificam, é preciso, ainda, que os gestores de cuidados continuem investindo em treinamento especializado, para que estejam equipados com as ferramentas necessárias para melhorar os resultados para os pacientes.
A tecnologia como aliada
A tecnologia também tem se mostrado uma ferramenta valiosa para os gestores de cuidados. As plataformas de suporte à decisão clínica, por exemplo, têm a capacidade de fornecer informações atualizadas e baseadas em evidências, o que contribui para diagnósticos mais precisos e planos de tratamento bem fundamentados.
Essas soluções não apenas elevam a qualidade do atendimento, mas também tornam o trabalho dos gestores mais ágil e eficiente, facilitando a coordenação entre os diferentes serviços de saúde.
Assim, em um cenário em que a conscientização sobre a saúde mental cresce cada vez mais, a importância dos gestores de cuidados se torna cada vez mais definitiva na transformação da assistência à saúde.
Ao adotarem uma abordagem integrada e colaborativa, com foco na educação, no treinamento e no uso de tecnologias inovadoras, os gestores de cuidados podem aprimorar os resultados para os pacientes e contribuir para a construção de um sistema de saúde mais equilibrado e eficiente.
Autora:

Vanessa Guarise é Gerente Executiva de Contas e de Relacionamentos na Wolters Kluwer Health no Brasil.