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terça-feira, 1 de julho de 2025

Não existe modernização e aceleração digital sem transformação de processos

Nos últimos anos, muito se falou sobre transformação, modernização e aceleração digital, mas é cada vez mais evidente que muitas empresas interpretaram essa jornada de forma superficial. A adoção de ferramentas tecnológicas é apenas uma parte da equação; sem a transformação profunda de processos, a promessa de eficiência, agilidade e inovação permanece inalcançável. Em tempos de pressão por resultados e busca incessante por eficiência, é hora de revisitar o conceito de transformação digital e encarar a realidade: ela é indissociável da transformação de processos.

Muitas empresas começaram sua jornada digital investindo em tecnologias como cloud computing, sistemas de gestão (ERP), e-commerce e automação. Contudo, sem uma revisão estrutural de seus processos, a digitalização acaba sendo apenas um verniz tecnológico. Por exemplo, é comum encontrar organizações que implantam ferramentas sofisticadas para gestão de vendas, mas mantêm fluxos internos obsoletos, criando gargalos que anulam os ganhos esperados.

Em muitos casos, replicam processos analógicos no ambiente digital, ignorando que a tecnologia exige novos modelos mentais e operacionais. 

O atual contexto econômico, com margens mais apertadas e clientes mais exigentes, trouxe uma nova prioridade à mesa: eficiência. A necessidade de fazer mais com menos não é apenas uma questão de competitividade, mas de sobrevivência. E é justamente aqui que a transformação de processos se torna o ponto de partida para qualquer iniciativa digital bem-sucedida.

Transformar processos é entender, mapear e redesenhar a forma como uma organização opera. É analisar cada etapa – de ponta a ponta – e questionar sua relevância e eficiência. Quando feito de forma consciente e integrada à tecnologia, esse trabalho elimina ineficiências, reduz custos e acelera a entrega de valor.

Olhemos para o setor financeiro, por exemplo. Bancos tradicionais enfrentam a concorrência das fintechs. Enquanto muitos investiram em aplicativos e interfaces modernas, foram as fintechs que, ao redesenhar processos como abertura de contas e concessão de crédito, redefiniram a experiência do cliente. Isso reforça que a inovação em processos é o que realmente diferencia os players do mercado.

Porém, transformar processos vai além de metodologias como Lean ou Design Thinking. Trata-se também de uma questão cultural. Equipes precisam estar alinhadas à ideia de que a mudança não é pontual, mas um processo contínuo. Isso exige lideranças dispostas e colaboradores treinados para identificar e propor melhorias constantemente.

É fundamental criar um ambiente de colaboração entre times de tecnologia e áreas de negócio. Sem essa integração, a transformação de processos dificilmente será efetiva. 

Empresas que desejam se modernizar e acelerar digitalmente devem começar pelos fundamentos: os processos. Antes de investir em novas tecnologias, é fundamental entender como elas se conectam à operação atual e quais mudanças serão necessárias para maximizar seu impacto.

Por fim, vale lembrar que a transformação de processos não é apenas sobre eficiência. É sobre criar organizações mais ágeis, resilientes e preparadas para um futuro em constante mudança. Como disse Peter Drucker, “é mais importante fazer as coisas certas do que simplesmente fazer certo as coisas”. E, no contexto da aceleração digital, fazer as coisas certas começa com a transformação de processos.

Autor:

Victor Gonçalves é Chief Digital Officer na Verity

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