18.4 C
São Paulo
terça-feira, 29 de abril de 2025

A PRIMEIRA TESTEMUNHA

Símbolo de sublimação, a polêmica Maria Madalena ressurge para o século XXI

Após a reconstrução dos rostos de várias personalidades – como a Virgem Maria, a Mona Lisa, e de Francisco e Clara de Assis -, o acadêmico e designer Átila Soares da Costa Filho recorre novamente à IA, análises sobre relíquias e conceitos da Antropologia para revelar como teria sido Maria Madalena, a mais notória e controversa dentre todos os seguidores de Jesus de Nazaré.

Os suportes históricos mais “confiáveis” seriam os próprios evangelhos canônicos que, apesar de citarem-na 12 ou 13 vezes (dependendo da metodologia histórico-literária), em absolutamente nada informam sobre suas características fisionômicas, físicas ou idade. As controvérsias em torno da identidade de “Miriam” já começam sobre seu próprio local de origem: provavelmente oriunda da aldeia de Magdala (“torre” em aramaico), na Galileia, mas há quem aposte numa vila de Bethania na Cisjordânia. Fato é que esta discípula do Messias passou para a História de forma determinante ainda que, em boa parte, entrelaçada em questões lendárias e de forte teor esotérico.

A reconstrução.

As fontes para esta nova reconstrução foram o suposto crânio da santa, preservado na Basílica Saint-Maximin-la-Sainte-Baume (região da Provença Alpes-Costa Azul), e, sobretudo, um aprofundamento antropológico em mais de 2000 rostos de mulheres (características fisionômicas recorrentes e variantes) por várias regiões do Oriente Médio correlatas às localidades de Magdala e Bethania. Vale notar que o crânio já havia sido objeto de reconstituição levada a cabo por uma dupla brasileira em 2015 e por outra, francesa, em 2017: Curiosamente, ambas apresentaram resultados notoriamente distintos. Desta vez, Átila Soares – especialista também em Antropologia, Arqueologia, e Arte e Tecnologia – opta por não tomar apenas o crânio como sustentáculo, mas trazer ao experimento o protagonismo da Antropologia Física sobre os povos médio-orientais: A razão, segundo ele, é que, para fins de uma boa aproximação, seria prudente não se apostar todas as fichas somente na controversa relíquia. Fato é que, além da Provença, fala-se que Madalena ainda poderia ter encerrado seus dias em Jerusalém, Roma ou Éfeso. Cada uma destas versões é apoiada por um combo de tradições, textos de evangelhos apócrifos, literatura gnóstica, e de autoridades cristãs e autores antigos – como Modestus e Gregório de Tours. O fato é que, sem fontes plenamente satisfatórias sobre sua real aparência – cujos restos franceses já foram também contemplados por Átila -, o autor ainda recorreu a ferramentas de Inteligência Artificial para agregar, em forma de algoritmos, mais uma “necessária frieza matemática” ao projeto. Em termos gerais, esta nova face para a santa é o resultado de uma combinação entre conceitos de Antropologia Física, a reconstituição do crânio provençal e a Inteligência Artificial.

Ingressar no mundo de sociedades antigas com Antropologia e Inteligência Artificial não é uma novidade para o acadêmico: Recentemente, Átila Soares desenvolveu a projeção do rosto da “princesa da Disney” e líder powhatan Pocahontas (1594-1617), cujos resultados foram chancelados pela Pocahontas Foundation de Gloucester, Virginia. Outro de seus experimentos recaiu sobre “Tora”, uma idosa do século XIII recriada pelo Museu da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia. As conclusões trazidas por Átila foram aprovadas pela arqueóloga-chefe da equipe, a Dra.Ellen Grav. Também é de sua autoria o projeto que trouxe à luz, em 2021, o que seria a verdadeira face de Maria de Nazaré, mãe de Jesus, com base no Santo Sudário de Turim. O experimento, além de ter sido destaque na National Geographic, ainda teve a chancela da maior autoridade mundial sobre a sagrada mortalha, o já falecido fotógrafo oficial do projeto STURP (1979-1981) e conferencista Barrie Schwortz. Atualmente, um estudo concernente à mesma reconstituição também compõe a Biblioteca do Centro de Estudos do Santuário de N.Sra. de Fátima, Portugal. No caso de Madalena, Átila declara que este rosto poderá agregar reflexões de várias naturezas ao tão extenso e complexo universo que cerca Maria Madalena, uma das figuras mais fortes e complexas da fé cristã.

Autor:

Prof. Átila Soares da Costa Filho é bacharel em Desenho Industrial (PUC-RIO) e pós-graduado em Arte e Tecnologia, Filosofia e Sociologia, Arquitetura e Patrimônio, História da Arte, Arqueologia e Patrimônio, História da América, Paleontologia e Cultura, História e Antropologia. É membro do Conselho Científico na Mona Lisa Foundation (Zurique), na Fondazione Leonardo da Vinci (Milão), no Centro Studi Leonardeschi (Varese), no Comitê Nacional para a Valorização do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental (Roma), e na revista internacional técnico-histórica Conservation Science in Cultural Heritage, publicada pelo Departamento do Patrimônio Cultural da Universidade de Bolonha em parceria com a La Sapienza (Roma). Átila também é CEO e desenvolvedor da “Metodologia Luminari” para análise de atribuição em obras de arte com uso de Inteligência Artificial.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Leia mais

Patrocínio