Anosmia pode indicar problemas de saúde mais sérios
Especialista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial explica possíveis causas e o que fazer em caso de perda de olfato
A perda do olfato, ou anosmia, muitas vezes é vista apenas como um incômodo passageiro, mas pode ser um alerta para problemas de saúde mais sérios. Além de infecções respiratórias, como gripes, resfriados e COVID-19, a anosmia pode estar relacionada a doenças neurodegenerativas, traumas cranianos e até tumores nasais. Por isso, quando o olfato não retorna em algumas semanas, é essencial procurar um especialista para investigar a causa.
O problema ocorre quando há um bloqueio ou dano nas vias olfatórias. Entre as causas mais comuns estão infecções virais, como gripes, resfriados e, mais recentemente, a COVID-19; sinusites crônicas e polipose nasal, que são processos inflamatórios persistentes que podem afetar o olfato. Além disso, outras causas também podem ser traumatismo craniano, exposição a substâncias tóxicas, como contato frequente com fumaça, produtos químicos e poluentes, que podem prejudicar a capacidade olfativa; doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson, que podem ter a anosmia como um dos primeiros sinais; e tumores, já que em alguns casos a perda do olfato pode estar associada a formações tumorais na cavidade nasal.
Outra situação comum, mas menos grave, é a hiposmia, que é a redução parcial da capacidade olfativa. Ela pode ser causada por fatores semelhantes aos da anosmia, como infecções respiratórias, alergias e exposição a poluentes, mas pode apresentar melhora espontânea ou com tratamentos específicos.
“Se a perda olfativa for repentina e acompanhada de sintomas como dor de cabeça intensa, sangramentos nasais ou congestão persistente, um médico deve ser consultado imediatamente, principalmente, se a perda olfativa persistir por mais de duas semanas”, alerta o otorrinolaringologista e membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), Deusdedit Brandão.
Além da óbvia dificuldade em sentir cheiros, a anosmia pode afetar outros aspectos da saúde e do bem-estar. Do ponto de vista da segurança, a falta de olfato torna mais difícil detectar vazamento de gás, fumaça ou alimentos estragados, aumentando os riscos de acidentes domésticos. Na alimentação, muitas pessoas relatam perda de apetite e prazer na alimentação, o que pode levar a mudanças na dieta e até desnutrição em alguns casos. “Há impactos também no aspecto emocional, visto que a perda do olfato pode gerar isolamento social, ansiedade”, explica o especialista.
É possível recuperar o olfato?
O médico esclarece que o tratamento depende da causa da anosmia. “Para casos de obstrução nasal, como sinusites e pólipos, medicamentos e até cirurgias podem ser recomendados. Já em infecções virais, algumas pessoas recuperam o olfato espontaneamente, mas outras podem precisar de reabilitação olfatória”, detalha.
O treinamento olfatório é uma técnica eficaz que consiste em expor o paciente repetidamente a diferentes cheiros para estimular a regeneração das vias olfatórias, que pode ser feito com óleos essenciais ou itens do dia a dia, como tangerina, pasta de dente mentolada e café. No entanto, é importante evitar substâncias irritantes, como álcool e produtos químicos fortes, que podem piorar a situação.
Há prevenção?
Nem sempre é possível evitar a anosmia, mas algumas estratégias ajudam a minimizar os riscos. “Tratar sinusites e alergias corretamente, evitar exposição a substâncias tóxicas e fumaça de cigarro, usar equipamentos de proteção em atividades de risco para evitar traumas cranianos, manter uma alimentação equilibrada e uma boa hidratação são medidas preventivas importantes. Além disso, procurar um médico ao primeiro sinal de perda olfativa prolongada pode fazer a diferença no diagnóstico e no tratamento”, afirma o Doutor Deusdedit.
É fundamental, ainda, deixar claro que, para quem tem anosmia, algumas modificações na rotina são imprescindíveis, como usar detectores de gás e fumaça; conferir sempre a validade dos alimentos ou pedir ajuda de alguém com olfato normal para avaliar se um alimento está próprio para consumo.
Sobre a ABORL-CCF
Com mais de 75 anos de atuação entre Federação, Sociedade e Associação, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), Departamento de Otorrinolaringologia da Associação Médica Brasileira (AMB), promove o desenvolvimento da especialidade por meio de seus cursos, congressos, projetos de educação médica e intercâmbios científicos, entre outras entidades nacionais e internacionais. Busca também a defesa da especialidade e luta por melhores formas para uma remuneração justa em prol dos mais de 8.500 otorrinolaringologistas em todo o país.
Autora:
Beatriz Felicio