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segunda-feira, 22 de abril de 2024

“Quanto maior a idade, maior a chance de desenvolver o Alzheimer”, alerta especialista; Brasil já tem quase 1 milhão de casos

A campanha Fevereiro Roxo busca conscientizar sobre a doença

A doença de Alzheimer é a responsável por 966.594 casos (55%) do total de demências (1,7 milhão), no Brasil, em pessoas acima dos 60 anos. Reconhecida pela perda de memória, o Alzheimer é apontado em uma frequência maior em idosos. Os dados foram apresentados pela Abraz (Associação Brasileira de Alzheimer) durante o segundo semestre do ano passado.

Nesse sentido, corrobora com o assunto o neurologista do Emilio Ribas, Neudson Alcântara, que aponta a idade acima de 60/65 anos como um fator de risco para a doença. “Abaixo de 65 anos, a gente chama que seria uma demência precoce. Acima de 65 anos são as convencionais, mas a idade em si é o fator de risco mais importante. Quanto maior a idade, maior a chance de esse paciente desenvolver doença de Alzheimer”, pontua.

Em relação a diferença entre demência e Alzheimer, o médico esclarece que o próprio Alzheimer é uma demência, “a mais conhecida”. “Existem várias demências. E daí a importância de aprofundar essa investigação médica no sentido de definir qual é a demência que esse paciente apresenta, porque tem as reversíveis e as irreversíveis. A busca por saber se aquela que o paciente está apresentando é reversível é importantíssima, porque eu posso desfazer um processo que está ali em andamento. Por exemplo, paciente que tem uma tireoide descontrolada, corrigindo os hormônios ou corrigindo a vitamina B12 do cérebro dele, ele volta a ter uma vida normal. Então, essa é uma demência reversível. Ao contrário da doença de Alzheimer e de outras demências primárias, pois elas têm um caráter progressivo, degenerativo e irreversível”.

Dentro do escopo do Alzheimer, a perda da memória recente é uma das características principais. “Geralmente o paciente não perde a memória da vida. Pelo menos numa fase inicial, para acontecimentos antigos do passado dele. Ele é, inclusive, capaz de descrever perfeitamente. Diferente de fatos ocorreram ontem ou o que aconteceu semana passada, a memória recente. Esquecer pequenos objetos, funções, trajetos conhecidos, ter desconhecimentos esporádicos, às vezes, troca de palavras”, destaca o neurologista do Emilio.

Causas

Além do fator idade apontado, outras condições também podem colaborar em níveis diferentes para o surgimento da doenças de Alzheimer, de acordo com o neurologista Neudson Alcântara.

“Às vezes não é o fator genético que define se o paciente vai ter ou não a doença de Alzheimer. O familiar por vezes vem com essa pergunta: meu pai/minha mãe tem a doença, eu terei também? E, a grosso modo, a resposta é não. Ainda que exista um risco aumentado, mas ainda sim é ‘irrisório’. Diferente dos casos de demência pré-senil, em que os componentes da doença aumentam significativamente as chances de transmissão entre gerações”, fala.  

Existem alguns outros fatores de risco relacionados às doenças associadas. “Por exemplo, se você for predisposto a ter Alzheimer aos 80 anos, quando você tem doenças ou corriqueiras sistêmicas como pressão alta, diabetes, quadros depressivos, coronariopatias, algumas doenças, elas antecipam o surgimento do Alzheimer, uma vez não tratadas. Ao invés de 80, a demência surge com 65 anos. Então, fica o chamado: se você tem essas patologias, tentar otimizá-las, tentar deixar uma glicemia boa, cuidado com o colesterol, cuidado com o tabagismo. Além de outros fatores também associados, como traumas, se você teve pancadas, acidentes na cabeça, pode estar incluído nesse histórico, crises de pressão baixa”, detalha o médico.

O especialista afirma ainda que não existe um exame diagnóstico objetivo para a doença. “A pessoa deve procurar um geriatra ou um neurologista para verificar os sintomas. O diagnóstico é dado, principalmente, a partir de relatos do paciente e do acompanhante que vai fornecer informações mais robustas. É somado relatos e histórico do paciente, testes cognitivos e o exame de ressonância. É um quebra-cabeça, unindo peça a peça, para identificar o diagnóstico”.

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