Equipes da Universidade na operação Onça Cabocla, realizada no Norte de Minas, voltaram para casa nesta semana
Os integrantes das duas equipes da UNIFAL-MG que participaram da operação Onça Cabocla do Projeto Rondon, realizada entre os dias 11 e 28 de janeiro nos municípios de São João da Ponte e São João da Lagoa, ambos localizados na microrregião de Montes Claros, no Norte de Minas, voltaram para casa no início dessa semana. Na bagagem, mais do que roupas e objetos pessoais, os participantes trouxeram experiências de vida, vivências socioculturais e muito aprendizado.
Alana Mota Renó durante palestra sobre a importância da vacinação, no hospital municipal de São João da Ponte. (Foto: Arquivo/Eloésio Paulo)
“Participar dessa operação realizada pelo Projeto Rondon foi um ‘divisor de águas’ em minha vida”, conta Alana Mota Renó, estudante do 7º período do curso de Odontologia. A rondonista reflete que ter a oportunidade de entrar em contato com uma realidade distinta daquela à qual está habituada e, ao mesmo tempo, contribuir, oferecendo um pouco do seu conhecimento a essa comunidade, é uma experiência profundamente gratificante. “Ao término da operação, é inegável que aprendemos tanto, ou mais, com eles do que eles conosco”, afirma.
Segundo a acadêmica, a operação permitiu que os estudantes aprendessem a cultivar resiliência, a valorizar a vida e a reconhecer a importância de cada oportunidade concedida. “Voltei para casa transformada diante de todas as experiências vivenciadas durante esses dias”, ressalta.
Maria Fernanda Carvalho Ribeiro, do 7° período do curso de Farmácia, também destaca a oportunidade de participar do projeto como algo enriquecedor para sua formação. “Foi uma experiência muito única e especial na minha vida. Nesse projeto, eu pude vivenciar costumes diferentes de onde venho e poder experimentar essas diferenças socioculturais é muito enriquecedor e divertido”, compartilha.
Ao comentar as atividades desenvolvidas durante os quase 20 dias da operação, a estudante fala sobre como o Projeto Rondon abre as possibilidades de atuação profissional, despertando valores humanos. “Projetos sociais como esse favorecem muito nosso crescimento pessoal e profissional, na medida em que nos deixa, principalmente, mais humanos e humildes. Essas características sempre foram muito importantes para qualquer profissional e fico muito satisfeita de conseguir aflorá-las ainda mais”, disse.
Maria Fernanda Carvalho Ribeiro (à esquerda) durante a palestra sobre infecções sexualmente transmissíveis, ministrada junto à colega Yasmim Ribeiro, em unidade básica de saúde na cidade de São João da Ponte. (Foto: Arquivo/Eloésio Paulo)
Para a rondonista, um dos aspectos que mais chamou sua atenção foi o fato de aprender a lidar com imprevistos e a necessidade de focar no propósito. “No Rondon, eu conheci e convivi com pessoas muito diferentes de mim, conseguimos encontrar o equilíbrio e nos unimos de uma maneira incrível, o que refletiu admiravelmente em nosso trabalho. Acho que é isso que principalmente vou levar comigo dessa operação, a forma de nos conectar com as pessoas”, descreve Maria Fernanda Ribeiro.
A Universidade, que costuma enviar uma única equipe a cada operação, desta vez resolveu ampliar sua participação com duas equipes. Formadas por oito alunos de graduação e dois professores, um coordenador principal e outro adjunto, as equipes da edição 2024 foram encabeçadas pelos professores Tomaz Antônio Araújo (São João da Lagoa) e Eloésio Paulo dos Reis (São João da Ponte), o primeiro um veterano de operações Rondon – desta vez, está fazendo sua 19ª operação. Como adjunta, integrou o grupo da Pitinha (como é chamada São João da Lagoa por seus habitantes) a professora Marília Gabriela Alves Goulart Pereira; na outra equipe, a professora Manuella Carvalho da Costa foi a coordenadora adjunta.
“Houve uma etapa preparatória para a operação, em que todas as 13 equipes participantes da operação Onça Cabocla, enviadas por instituições de ensino de várias regiões mineiras, ficaram hospedadas por dois dias no 55º. Batalhão de Infantaria de Montes Claros”, relata o professor Eloésio Paulo. “Daí seguiram cada qual para o município onde iria trabalhar, ambas em parceria com equipes de outras instituições de ensino”, completa.
Oficina “Fitoterápicos e Plantas Medicinais” ministrada à população por estudantes de Farmácia, com o objetivo de difundir conhecimento sobre a cultura dos chás, ervas, plantas medicinais e infusões na comunidade Simão Campos. (Foto: Arquivo/Isabella Consentino)
Em São João da Ponte, município com cerca de 23 mil habitantes, dos quais a maioria vive na zona rural, a primeira atividade foi uma palestra sobre a importância da vacinação. “Era um dos objetivos mais importantes do grupo, pois havia sido constatado que ainda circulam naquela região muitas mentiras, disseminadas durante a pandemia do covid-19, a respeito de supostos males que seriam causados pela imunização; por exemplo, que crianças se tornam autistas por ter tomado vacina”, conta o professor Eloésio Paulo, coordenador da equipe.
A partir dessa atividade, a equipe trabalhou nos próximos 11 dias na sede do município e em cinco comunidades rurais, fazendo palestras e dirigindo oficinas com o intuito de formar multiplicadores do conhecimento e da informação, capazes de produzir impactos positivos nas áreas de saúde, educação, cultura e direitos humanos. “Houve, por exemplo, palestra para cuidadores de idosos e para professores da rede municipal de ensino (correção de redações, educação inclusiva e outros temas), além de oficinas ensinando a produzir vela artesanais e artesanato em argila.
Palestra sobre educação inclusiva, ministrada por Ana Carolina Cardoso (Ciências Biológicas). (Foto: Arquivo/Eloésio Paulo)
“Em São João da Ponte, o grupo ao qual pertenço ministrou uma série de oficinas com ênfase em saúde e educação. Abordamos temas como parasitoses e doenças endêmicas prevalentes na região e seus métodos de prevenção, cuidados básicos em relação à saúde bucal, noções de primeiros socorros, perigos associados à automedicação, técnicas de correção de redação, entre outros assuntos”, detalha a estudante Alana Renó.
Conforme a participante, a abordagem da equipe possibilitou que cada uma das participantes compartilhasse um pouco do conhecimento adquirido em sua área de estudo com a comunidade. “Para mim, como futura cirurgiã-dentista, o projeto proporcionou a oportunidade de testemunhar uma realidade que jamais teríamos acesso dentro de um consultório”, disse. “Ele nos instiga a sermos criativos, a buscar abordagens diferentes para transmitir conceitos que consideramos fundamentais, como os cuidados com a saúde bucal, de forma acessível e atraente para a população, de modo que possam compreender e incorporar tais práticas em seu dia a dia.”
Além do enriquecimento pessoal proporcionado pelo Projeto Rondon, a rondonista enfatizou que a operação também contribui de forma significativa para a formação profissional dos estudantes, incentivando-os a se tornar profissionais mais humanos e empáticos. “Cada sorriso, abraço e palavra de gratidão recebidos da comunidade reiteram a convicção de estarmos trilhando o caminho correto e de que dedicar-se e contribuir para o bem-estar do próximo é, verdadeiramente, recompensador”, finaliza.
Coordenado pelo Ministério da Defesa, o Projeto Rondon é um projeto de integração social que envolve a participação voluntária de estudantes universitários na busca de soluções que contribuam para o desenvolvimento sustentável de comunidades carentes e ampliem o bem-estar da população. Saiba mais
Autoria:
Diretoria de Comunicação Social UNIFAL MG