O presente trabalho trata de uma análise crítica do conto “O jardim de veredas que se bifurcam”, de Jorge Luis Borges. A obra oferece elementos que contribuem para o desenvolvimento da literatura contemporânea, repleto de reflexões que caracterizam o conto como atemporal. Diante do exposto, a tese analítica do texto aborda a importância do autor e da obra em seu contexto histórico, além da observância sobre as características dos seus elementos de composição, alinhado com os conhecimentos adquiridos ao decorrer das unidades da disciplina.
Jorge Luis Borges foi reconhecido mundialmente como um dos melhores escritores do século XX pela perfeição de sua linguagem, a erudição de seus conhecimentos, o realismo fantástico de suas literaturas, a universalidade de suas ideias e a beleza de sua poesia.
Yu Tsun é o protagonista do conto de Borges, que se passa na Inglaterra durante a Primeira Guerra Mundial. Yu Tsun, um agente do Império Alemão, escapa de seu inimigo, o Capitão Madden. Mas antes que ele pudesse ser capturado, ele precisava garantir que os alemães soubessem o nome da cidade onde o novo parque de artilharia britânica estava localizado. Para tanto, ele viaja para Ashgrove para encontrar Stephen Albert, cuja casa fica no centro do labirinto do jardim. O avô de Yu Tsun, Ts’ui Pen, era um governador que abandonou a carreira para se dedicar à construção de labirintos e à escrita de um romance. Após longos anos de empenho, ele é assassinado por um desconhecido. Por fim, Stephen Albert decifra a charada graças a um fragmento de carta deixado por Ts´ui Pen antes de morrer: “Deixo aos vários futuros (não a todos) o meu jardim de caminhos que se bifurcam.” (Borges, 1941 , p.104).
O jardim de veredas que se bifurcam é um conto cujo tema é o tempo. O livro era o labirinto e no labirinto se encontrava o jardim das veredas. Ts’ui Pen criou um labirinto no qual o tempo não é linear. A representação do labirinto indicam uma série infinita de caminhos que nos impedem de chegar ao centro. O que o protagonista tenta fazer é potencializar a escrita e construir uma poética capaz de retratar todos os caminhos percorridos e contá-los no mesmo romance. Desse modo, todos os caminhos são realizados e, portanto, nenhum aparece de maneira clara.
O autor antecipa a incerteza do ambiente ao vincular a literatura às formas de conhecimento mais respeitadas, isto é, a Ciência. Ele consegue isso passando por um labirinto temporário, um complexo imaginário onde várias interseções devem ser encontradas simultaneamente; escolhas que deixam de ser escolhas quando você as selecionam todas de uma vez, criando tempos diferentes que se multiplicam e se dispersam.
Conclui-se, portanto, que o conto “O jardim de veredas que se bifurcam” esclarece a ideia de infinito para, Borges. O infindável do escritor não é temporal, uma duração plena e indefinida, mas um conjunto de possibilidades que geram multiplicações e a percepção de variadas temporalidades.
BIBLIOGRAFIA
BORGES, J. L. Ficções. 1°. ed. Companhia das Letras, 2007.
GLEZ, Monteiro. Borges e a Teoria dos Mundos Paralelos. El País, 2020. Disponível em: https://www.google.com/amp/s/brasil.elpais.com/brasil/2018/09/11/cultura/1536 655170_142491.html%3foutputType=amp. Acesso em: 06 de ago. de 2023.
MOREIRA, Ian Guy de Ipanema. Jardim de veredas que se bifurcam: baralho Ilustrado a partir da obra de Jorge Luis Borges. 2020. 64 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Comunicação Visual – Design) – Escola de Belas Artes, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2020.
MARCHETTO, Arthur. Literatura Fantástica: Jorge Luis Borges – Parte IV. Escotilha, 2018. Disponível em: https://escotilha.com.br/literatura/literatura- fantastica-jorge-luis-borges-parte- iv/#:~:text=Jardim%20das%20veredas%20que%20se%20bifurcam,- Borges%20abre%20o&text=O%20plano%20que%20elabora%20%C3%A9,o%2 0s%C3%A1bio%20Ts’ui%20Pein. Acesso em: 06 de ago. de 2023.
Autor:
Rodrigo Barbosa de Souza