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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Marrocos e França, normalização das relações  depende do reconhecimento do saara marroquino

Países importantes com posições geopolíticas e aberturas sobre o atlântico e o cenário internacional, caso do Marrocos e Brasil em relação a França e Portugal, tendo um passado colonialista, que continua surtindo efeitos sobre assuntos problemáticos na atualidade, tanto no sul do continente Americano, como no norte do continente africano. 

Para Marrocos, uma nova abordagem , dado o seu passado colonial, 1912- 1960, sobre a qual foi deixado muitos vestígios políticos, culturais e linguísticas, verdadeiros  motivos para retomar o diálogo e o consenso sobre setores de segurança, de estabilidade, de sustentabilidade e cooperação bilateral e internacional,  em muitos domínios políticos, socioeconômicos, investimentos e industriais.

Alguns razões da paralisação diplomática entre Marrocos e França são a seguir:

1- Hesitação de reconhecer definitivamente o Saara marroquino, a exemplo dos Estados Unidos, Espanha, Portugal, e Alemanha….

2- Aproximação francês do regime militar argelino, anti saara marroquino

3- Diminuição de vistos aos marroquinos 2019-2023

4-  Twit do Presidente Macron, na crise do terremoto da região de Marrakech, Marrocos, setembro 2023, dirigindo diretamente ao povo marroquino, ato denunciado e mal interpretado, e calculado diplomaticamente

5- Forças de seguranças da França indesejáveis, em muitos países africanos, após dois golpes militares em 2022, aumentos ataques dos grupos militantes islâmicos e radicais, caso do cerco ao Ouagadougou, Mali, Níger, deixando um rasto de violência sem precedentes, fator preocupante as forças francesas e em muita zonas militarizadas da África.

Diante desses pontos de friagem de relações entre Marrocos e França, a qual se parece hoje  ter interesse em prescrever uma nova fase de suas relações, sob orientações  do Presidente Emmanuel Macron, junto ao novo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Stéphane Sigourney, apesar do seu “passado sombrio” criticando o Marrocos no Parlamento Europeu, e seus interesses de integração territorial.

As declarações  do novo Ministro de relações exteriores da França,  Sigourney em relação a Marrocos mudaram, mas ao mesmo tempo devem ser convincentes, uma vez que o membro do parlamento europeu, Thierry Mariani tem levantado questões essenciais, sobre se é o pronto resume-se ao  reconhecimento da marroquinaidade do Saara?”, referendo também aos atos e práticas violentas e sanguíneas da era colonial sobre o Reino de Marrocos?

Tal reflexão  tem sido levantada sem dúvida, após o Palácio do Eliseu decidir constituir o novo governo, dadas recentes declarações dos observadores das relações franco-marroquinas, otimistas, no sentido da abertura de um novo capítulo de relações e regresso de Paris ao berço africano.

Razão pela qual os francês devem apoiar a iniciativa de autonomia para as províncias do sul do reino, após ser apresentada a comunidade internacional em 2007”, numa perspectiva otimista, apoiada na última Resolução nº. 2703, ( 2023), visando o processo de negociação e de altura. capaz de levar País as circunstâncias atuais a reconhecer e apoiar a iniciativa marroquina de autonomia para o saara.

Assim, Paris começou a perceber a importância do Saara não só para Marrocos, mas também para a zona  atlântica estratégica, envolvendo 13 países africanos, da qual se insere o Marrocos, e a França que busca alternativas para regressar ao continente africano, cumprir  o seu papel histórico de pós-colonização.

As províncias do sul de Marrocos as quais o governo investiu massivamente,  tornando actualmente um importante “elo económico” entre Rabat e  países do mundo, e africano, além de ser uma saída para o aperto econômico dos países do Sahel, face aos golpes militares e crises socioeconômicas, objeto dos interesses, das estratégias e da Iniciativa Atlântica, da qual Mauritânia foi inserida como novo ator na região. 

Parte essencial da União do Magrebe árabe, segundo especialistas internacionais, a título de entrada e saída para  África, Europa e América do sul, via Marrocos, Atlântico, mar Mediterrâneo,  Espanha e Portugal.

À luz de tudo isto, o Ministro francês, Sigourney não escondeu as tendências de Macron em relação a Marrocos, depois de procrastinar e confiar na Argélia, deteriorando assim as relações para com outros países, levando finalmente o presidente francês, Emmanuel Macron, convencido a retornar a Rabat e apoiar as províncias do sul,  regressando à África pela grande porta.

Nova página

A França não pode ignorar o rol do Marrocos no plano de segurança, de controle de imigração, de estabilidade e cooperação internacional, necessitando a seriedade dos francês e autoridades para a normalidade das relações e passar aos níveis de confiança mútua.

Esta falta  de seriedade entre as partes  dificulta ainda mais qualquer avanço, sem beco , portanto, para uma saída estratégica, além de envenenar as relações,  bloqueando os trabalhos e planos possíveis, rumo à defesa e proteção dos interesses e investimentos vitais das partes.

Por outro lado, a convicção do Presidente Emmanuel Macron passou a ser madura, para desenvolver a posição de Paris em favor da questão do Saara, numa nova abordagem  às demandas de Marrocos.

Tal questão do reconhecimento francês do Saara marroquino passou por um dinamismo de relações bilaterais, apesar da estagnação de projetos estruturais, caso da projeção de obras do trem de alta velocidade – Marrakech-Agadir, e a espera da decisão de altas instâncias, gabinete real, ou ainda da casa presidencial francês, dado avanço cauteloso, das mudanças repentinas, ou do eventual o apoio estratégico ao Saara marroquino.

Referente ao cepticismo de alguns círculos franceses em relação às declarações de Sigourney, os assuntos da era no Parlamento Europeu são considerados algo do passado, apesar de o ministro das relações exteriores da frança depender dos planos de Macron,  principal orientador da política externa francesa.

Uma vez que o plano de autonomia marroquina, apresentado em 2007 à ONU, para resolver o diferendo regional sobre as províncias do sul, tem a acolhido apoio internacional tanto para França como para aos adversários, agindo, de modo a não ficar isolado, ou nadar fora da tendência internacional, na hora em que se deve superar as diferenças e distanciamentos.

Reconhecimento franco

Os indicadores do desenvolvimento francês sobre o dossiê do Saara marroquino, segundo o embaixador francês junto aos meios de comunicação oficiais marroquinos, são cada vez mais traduzidos de forma positiva, em termos de interesses econômicos e comerciais,  a título do primeiro parceiro econômico, consagrando meios para fortalecer os laços, numa abertura sobre a região do sul, resultando na inauguração da sucursal da Câmara de Comércio e Indústria Francesa em Guelmim-Ouednoun.

Interroga-se então sobre esta aproximação com Rabat, se isso envolve  objetivos ou olhos voltados sobre África?

De fato, a França  parece chegar a um beco sem saída, tomando consciência dos projetos do Marrocos, dinamismo sem  o qual não se pode recolher nada, contra às manobras dos separatistas da Frente da polisario, 1975, que Argélia suporta, face aos interesses,  as conquistas e vantagens concorrenciais do Marrocos.

A França alinhada ao Marrocos sobre seu desenvolvimento das províncias do sul ( Laayoune, Dakhla, Sakia el Hamra, El Garguarat…) isso só pode traduzir vantagens, dadas níveis do desenvolvimentos de infra estruturas rodoviárias, marítimas, aeroportuárias, unidades industriais de peixes, dos fosfatos ou de plataformas, capazes de ser a porta de entrada para o continente africano, Americano e Oriente médio,  mas qualquer posição  outra francesa só pode  declinar sua influência em termos concorrenciais, claramente e diretamente  sobre a questão marroquina do Saara, e consequentemente relações estratégicas e diplomáticas com Rabat.

Sem portanto manter um diálogo constante e confiança, é necessário que a França mude de posição, se não fica paralisada sem negócios e avanço, entre as partes, a espera de medidas claras e objetivas,  as relações entre  Marrocos, França, e África do norte, segundo  o diplomata, Sigourney, passam pelo  reconhecimento do plano marroquino de autonomia para o saara,  pedra angular na construção  de relações futuras solidárias e prósperas.

Finalmente, tal nomeação de Sigourney como Ministro dos Negócios Estrangeiros tornou-se assim um passo  para o estabelecimento de boas relações com Rabat, evitando qualquer degradação no cenário do Sahel Africano, bem como nas áreas conflitantes de ameaças e guerras

Assim o Presidente francês, Macron teve pressão política dos aliados, para buscar alternativas no sentido de melhorar as relações com Marrocos, de reconhecer o plano de autonomia para o saara marroquino, condições de mudanças,  sobre as quais o Reino pode manter  acordos,  decidir e abrir a porta sobre África, europa e oriente médio. 

Autor:

Lahcen EL MOUTAQI Professor universitário e pesquisador de relações America do Sul, Rabat, Marrocos

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