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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Mickey no domínio público e a inevitável transcendência da Disney

Mickey Mouse na Terra de Ninguém

 Em um lugar desconhecido no oceano atlântico encontra-se um navio. Um navio velho, velho para chuchu, que apenas se mantém navegando com ajuda de uma mão bem visível de uma grande companhia. Entretanto, a idade chega para todos e o Steamboat Willie naufragou na Terra de Ninguém. E aquilo que não é de ninguém é também de todo mundo. É assim que funciona o domínio público.

 Desde janeiro de 2024 o rato mais famoso do mundo é de domínio público. As clássicas animações de Mickey Mouse “Steamboat Willie” e “Plane Crazy”, que foram criadas em em 1928, não pertencem mais a Disney.

 A lei de direitos autorais dos EUA mantém os autores e empresas protegidos do domínio público por até 95 anos e esse período estipulado têm influência da própria Disney. Em 1976, essa e outras empresas pressionaram o congresso americano para mudar o período de 56 anos para 75. Em 1988, a empresa esteve novamente envolvida na mudança para os atuais 95. Agora, porém, a companhia de Walt Disney não se empenhou para mudar o limite novamente e perdeu o controle sobre seu primeiro grande sucesso.

Grande Empresa, Menores Negócios

 A Walt Disney Company com certeza fez parte da infância do leitor. Dos curtas do Mickey Mouse, Pato Donald e Pateta até às adaptações dos contos clássicos, a Disney nos trouxe histórias cativantes e mágicas. No entanto, a magia está se perdendo e o público dá a resposta. Nos cinemas, a Disney não está mais emplacando grandes bilheterias e sofre uma crise criativa.

A Marvel, por exemplo, teve a segunda maior bilheteria da história, faturando mais de 2 bilhões de dólares em 2019 com o lançamento de “Vingadores: Ultimato”. No entanto, “As Marvels”, o mais novo filme da produtora, rendeu apenas centenas de milhares de prejuízo. Quanto às animações da Pixar é necessário gastar muito mais para não se obter retornos exorbitantes. Isso se nota quando a receita de “Elementos” e “Toy Story” é quase a mesma, mas o orçamento do mais recente é mais de 6 vezes maior que do anterior. Durante o período da pandemia, a Disney também lançou um serviço de streaming, que vem a anos operando com prejuízo. E para piorar a situação, perderam os direitos sobre seu primeiro clássico. Há alguma esperança para a Disney?

Saindo do Mercado, Entrando para a História

 Por volta de 1591 e 1595 é escrita a peça mais famosa da história, que conta uma tragédia sobre dois adolescentes que se apaixonam, mas não poderiam se relacionar devido à rivalidade de suas famílias. O que teria sido de Romeu e Julieta se a peça fosse propriedade da William Shakespeare Company? Apenas seria possível ver esse enredo em teatros que pagaram para apresentá-lo e jamais veríamos tantas releituras. É por isso que a Disney deve ir.

Em um futuro, as histórias que ela criou e adaptou serão todas de domínio público e farão parte da cultura. Personagens como Mickey Mouse poderão figurar como os animais de Esopo em livros infantis, Zé Carioca será um símbolo nacional em histórias. Até os mais recentes lançamentos da Marvel, Pixar e Lucasfilm algum dia irão ser de livre acesso. Portanto, em um curto prazo é importante fazer um produto mercadologicamente rentável, mas no futuro, é preciso deixar uma boa marca na história e cultura.

Referências

RIBEIRO, A. P. “Mundo mágico” da Disney tem choque de realidade com tombo nas ações e divisões em crise; e agora? Disponível em: <https://www.infomoney.com.br/onde-investir/mundo-magico-da-disney-tem-choque-de-realidade-com-tombo-nas-acoes-e-divisoes-em-crise-e-agora/>.

Por que a Disney pode “perder” Mickey Mouse em 2024 após quase 100 anos? Disponível em: <https://www.uol.com.br/splash/noticias/2024/01/03/por-que-a-disney-pode-perder-mickey-mouse-em-2024-apos-quase-100-anos.htm>. Acesso em: 10 jan. 2024.

O Fim da Disney. Disponível em: <https://youtu.be/JAg7OQq9vpA?si=1AtJYvu_mSS5X991>. Acesso em: 10 jan. 2024.

Leonardo Resende Costa
Leonardo Resende Costa
Estudante, desocupado, cronista e Redator da Halo Project Brasil. Sobretudo, um amador.

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