No contexto do Brasil Colônia, a partir de 1549, é possível afirmar que havia um interesse religioso e econômico por trás da catequização executada pela Companhia de Jesus, no qual atendia aos desejos da Coroa portuguesa. O ensino dos jesuítas tinha como fim não apenas a transmissão de conhecimentos científicos, escolares, mas a propagação da fé cristã.
Após a proclamação da Independência do Brasil foi outorgada a primeira constituição brasileira e no artigo 179 dela constava que a “instrução primária era gratuita para todos os cidadãos”; mesmo a instrução sendo gratuita não favorecia as classes pobres, pois estes não tinham acesso à escola, ou seja, a escola era para todos, porém, inacessível a quase todos, no decorrer dos séculos houve várias reformas.
Já em 1834, a partir do Ato Constitucional, o ensino primário e secundário para todos os cidadãos ficou na incumbência da província, especialmente, a educação de jovens e adultos.
Um fato impulsionador para que o governo desenvolvesse políticas eficazes no que tange o direito de uma educação universal, especialmente para o público jovem e adulto, era que entre os anos de 1946 a 1958, mais da metade da população era analfabeta. Para minimizar esse óbice, foram desenvolvidas ações de alfabetização, tais como a realização das “cruzadas”, o surgimento de políticas públicas voltadas para a educação dos jovens e adultos e a Campanha Nacional de Erradicação ao Analfabetismo (1958).
A Educação de Jovens e Adultos (EJA), criada oficialmente na década de 40, possuía como principal objetivo a alfabetização de indivíduos para que pudessem obter o direito de votar, pois, neste período, analfabetos não tinham direito de votar. Ademais, havia a intenção de aquecer a economia, isso significa que o propósito definitivo não era direcionado ao desenvolvimento educacional do ser humano.
Durante alguns séculos, a educação era caracterizada como excludente e seletiva, estando apenas ao alcance da burguesia branca, masculina e dos religioso; enquanto as mulheres, negros e os índios não eram incluídos.
A recente política de Educação de Jovens e Adultos, resultado das reivindicações de grupos e movimentos sociais, diante do desafio de resgatar um compromisso histórico da sociedade brasileira e contribuir para a igualdade de oportunidades, inclusão e justiça social, fundamenta sua construção nas exigências legais definidas pela Constituição Federal de 1988.
A Educação de Jovens e Adultos no Brasil vem superando os obstáculos ao longo dos anos por se tratar de uma educação voltada para uma parcela da população que se encontra excluída da sociedade letrada. Porém, deve-se haver um olhar diferenciado para o ensino na EJA. O educando dessa modalidade de ensino precisa ser visto como ser que traz consigo uma bagagem de conhecimentos.
O professor é o facilitador e incentivador de cada aluno, e o bom relacionamento, cuidado e carinho com os alunos contribui para o seu desenvolvimento intelectual e os estimula a permanecer nas aulas. Criatividade, solidariedade e confiança são essenciais na relação professor-aluno na EJA. Grande parte dos estudantes da Educação de Jovens e Adultos possuem um cotidiano corrido, muitos vão para a escola exaustos depois de um dia cansativo de trabalho, além de enfrentar as condições impostas por outras responsabilidades. Ademais, deve ser considerado que esses alunos ficaram anos sem frequentar a escola. Diante do exposto, o professor precisa ter muita responsabilidade, dedicação e criatividade para que esses alunos sejam incentivados a permanecer na escola.
A Educação de Jovens e Adultos é uma proposta educacional brasileira de extrema relevância para o século XXI. É por meio da EJA que os indivíduos que não puderam concluir as etapas da educação básica no tempo ideal, além daqueles que não obtiveram a oportunidade de ingressar no ensino básico possam, assim, ter o direito de serem escolarizadas e consigam adquirir um constante processo de educação e aprendizagem. O objetivo da EJA é desenvolver o processo de formação social humana, respeitando a cultura, a experiência e os saberes adquiridos pelo aluno ao longo de sua vida e complementando-os com novos valores e saberes, bem como conhecimentos técnicos e específicos.
BIBLIOGRAFIA
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LEAL, Telma Ferras. Desafios da educação de Jovens e Adultos: construindo práticas de alfabetização/ Telma Ferraz Leal; Eliana Borges Correia de Albuquerque (org.) – 1ª ed.; 1. Reimp. – Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
FREITAS, Giuliano Martins de. “A EJA e o preparo para o trabalho “; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/educacao/a-eja-preparo- para-trabalho.htm. Acesso em 05 de maio de 2023.
Arroyo, M. G. Formar Educadores e Educadoras de Jovens e Adultos. In: SOARES, Leôncio (org.). Formação de Educadores da Educação de Jovens e Adultos. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
Autor:
Rodrigo Barbosa de Souza