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domingo, 21 de abril de 2024

Bar retrô

Bar que serve almoço é uma tradição que já estava quase desaparecendo, restaram poucos que já eram consagrados. Até algumas décadas atrás, qualquer botequim “pé-sujo” servia pelo menos uma refeição, em alguns casos tinha janta também. Era aquele “pê-efe” de respeito com um bifão do tamanho do prato por cima. O “zoiudo” era outra presença garantida neste prato típico, ele vinha com a gema mole para a gente estourar com a ponta da faca de serrinha e deixar escorrer por cima do arroz branquinho, que vinha no formato certinho da cumbuca na qual eles o colocavam e viravam no prato. O feijão vinha numa cumbuca à parte, assim como a salada de alface com tomate e cebola.

A gente entrava naqueles estabelecimentos com azulejos até metade da parede, geralmente nas cores: verde-claro, azul-claro, branco, amarelo ou revezando 2 destas cores, na posição normal (quadrados) ou tombados (losangos), cumprimentava o dono e íamos nos sentar. Ele mesmo vinha anotar nossos pedidos, colocava na mesa o jogo americano descartável de papel com propagandas de lojas e já trazia “uma” por conta da casa para tomar com a gente. Existia um certo nível de amizade, de fraternidade, entre frequentadores e proprietários de bares.

O balcão era de madeira e tinha estufas embutidas, que serviam como vitrines repletas de carnes, bolinhos, batatas cozidas, torresmos, empadas, coxinhas e pastéis. De frente para ele, alguns bancos fixos com assentos giratórios de madeira, onde se sentavam os fregueses que preferiam beber ali. Do outro lado, engradados de cerveja vazios ficavam empilhados numa parede, no canto, ao lado da porta do banheiro. No topo desta pilha, o último engradado sustentava uma tábua de madeira com uma TV 14″ em cima, transmitindo o jornal do meio-dia.

Ultimamente estão tentando resgatar esta tradição. Fazem uma decoração retrô (naquele estilo), reproduzem os pratos clássicos, mas ainda faltam algumas coisas. O dono ainda não aparece sempre, nem se senta para conversar e a comida, apesar de gostosa, ainda não é igual. O profissionalismo empresarial e a higiene excessiva tiraram o gosto da comida e pelo papo.

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