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segunda-feira, 18 de novembro de 2024

A inclusão da criança com Síndrome de Down no ambiente escolar

Houve um tempo em que as pessoas com deficiência eram excluídas da sociedade, e, portanto, impedidas de ir às escolas.  Havia para elas, apenas instituições sociais de cunho assistencialista.  Vários foram os movimentos sociais que lutaram por essa conquista e contribuíram para eventos importantes como a Conferência Mundial sobre Necessidades Básicas de Aprendizagem, que deu origem à Declaração de Salamanca em 1994, documento que mobilizou todo o mundo sobre a necessidade da inclusão, entendida por ela como atendimento a todos os alunos, independentemente de suas especificidades, no mesmo ambiente.

No contexto do Brasil, evidencia-se a Constituição Federal de 1988, que antes mesmo da Declaração de Salamanca, já estabelecia o princípio da igualdade e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) em seu artigo 4º, deixa claro que o atendimento educacional especializado gratuito às pessoas com necessidades educativas especiais deve ocorrer, preferencialmente na rede regular de ensino.

Atendendo a legislação, atualmente, as crianças com deficiência encontram-se matriculadas na escola de ensino regular numa proposta de inclusão escolar, ou seja, todos as crianças devem aprender juntas, sem distinção de características físicas, intelectuais ou sociais.  Nos dizeres de Santos (2016, p. 15) a escola tem o desafio de “alcançar   uma forma de educar que contemple a diversidade humana”.

Ressaltam Pessoa e Timbó (2018) que educar, nesse sentido, não envolve apenas currículo, mas, adequação da estrutura física, material e metodológica. É preciso desenvolver nos estudantes o sentimento de pertencimento, de reciprocidade e de afetividade entre todos.

Em relação à criança com Síndrome de Down, frequentar a sala de ensino regular é um direito garantido legalmente, e, portanto, as escolas precisam conhecer suas características e suas demandas para realizar para elaborar planos não só em relação às estratégias e recursos pedagógicos, mas também sociais e práticos (RODRIGUES; FREITAS, 2019).

Devido ao histórico de exclusão e segregação das pessoas com deficiência, a Síndrome de Down ainda não é muito conhecida em relação a suas especificidades, muitas pessoas, inclusive professores a identificam a partir das características físicas que ela apresenta (MACHADO, 2019).

  Rodrigues e Freitas (2019, p. 21) relatam que para a criança desenvolver seu potencial intelectual é preciso que “se acredite que ela é capaz, tornando-a mais forte e confiante ao aprender”, tal pontuação é pertinente, pois as expectativas dos adultos podem influenciar seu sucesso, por isso, o professor deve tomar cuidado para não causar à criança uma pressão psicológica e bloquear qualquer tentativa de superação. Afinal, essas crianças são capazes de “aprender muitas coisas: ler, escrever, tocar instrumentos, andar a cavalo, dançar, nadar, entre outras atividades” (DALLA DÈA; DUARTE, 2019). Basta dar-lhe o tempo necessário para processar as informações necessárias à aprendizagem.

No tocante  as estratégias e recursos pedagógicos, algumas pontuações se fazem necessárias, a primeira é que não há um  método específico para trabalhar  no processo de ensino e aprendizagem, por isso, a melhor prática é  a observação da criança em seu cotidiano da sala de aula, seja em relação à cognição, a interação social ou as atividades de vida diária;  registro  dos avanços  e também das demandas que irão  direcionar o docente para outras estratégias e práticas pedagógicas (PESSOA; TIMBÓ, 2018).

Enfim, um bom programa educacional é aquele que prepara a criança para todas as áreas da vida, não apenas a leitura, a escrita e a matemática, como muitos pais pensam os conteúdos, é claro que são importantes, entretanto, não é o que determinará a aprendizagem e desenvolvimento das crianças com Síndrome de Down (RODRIGUES; FREITAS, 2019).

 

Referências

DALLA DÈA, V. H. S.; DUARTE, E. (Orgs.). Síndrome de Down: informações, caminhos e histórias de amor. São Paulo: Phorte, 2009

MACHADO, F. de M. M. Aprendizagem de alunos com síndrome de Down em contexto de inclusão escolar. In: Colóquio Internacional “As Amazônias, as Áfricas e as Áfricas na Pan-Amazônia”. 7, 2016.  Anais… Rio Branco-AC: 2016.

PESSOA, A. da S. P.; TIMBÓ, R. C. Inclusão com Síndrome de Down e as práticas pedagógicas na educação infantil. Revista Multidisciplinar em Educação e Saúde. n. 4, p. 65-74, jan. 2018. Disponível em: https://frjaltosanto.edu.br/site/wp-content/uploads/2019/05/06-Artigo-INCLUS%C3%83O-COM-S%C3%8DNDROME-DE-DOWN.pdf. Acesso em: 29 out. 2023.

RODRIGUES, G. B.; FREITAS, M. C. A. Metodologias e estratégias para o processo de ensino aprendizagem de alunos com Síndrome de Down. In: Mostra Científica do Curso de Pedagogia, 6, 2019, Anápolis-GO. Anais… Anápolis-GO: Universidade Evangélica de Goiás, 2019. Disponível em: http://anais.unievangelica.edu.br/index.php/pedagogia/article/view/4498. Acesso em: 13 out. 2023.

SANTOS, P. A. dos. O uso uso da atividade investigativa na educação de alunos com sindrome de down. Monografia (Especialização em Ensino de Ciências por Investigação) – Universidade Federal de Minas Gerais,  Montes Claros/MG, 2016. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/32927/1/MONOGRAFIA%20ENCI%20PATRICIA%20ANTUNES-converted.pdf. Acesso em: 05 out. 2023.

Autores:

Michelli Aparecida Beirão Aragão – Graduada em Pedagogia e Especialista em Educação Especial e Inclusiva.

Mario Marcos Lopes – Especialista em Educação. Docente do Centro Universitário Barão de Mauá; Faculdade São Luís; Tutor do Curso de Pedagogia – UFTM; Professor da Rede Municipal de Ribeirão Preto.

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