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segunda-feira, 29 de abril de 2024

Michelangelo Sabia Sobre O Sudário De Turim?

A busca por algum elo que possa ligar o maior artista sacro da História à maior das relíquias sagradas tem todo o potencial para ser vista como uma necessidade ainda por se concretizar na ciência da Biografia. Contudo, esta é uma matéria desprezada nos meios acadêmicos – e fora deles – por razões diversas. Mas, por quê? Provavelmente, a carência de materialidade seja a principal destas razões. Mas, seria mesmo uma natural associação entre Michelangelo Buonarroti (1475-1564) e o Santo Sudário algo tão fora de questão? Assim como com Da Vinci, talvez a total falta de provas documentais que o associe à mortalha seja em razão de algo justificável (cuja razão nos seja oculta) ou, tão-somente, por uma mera casualidade – quando a “ausência de prova” não deve ser confundida com “prova de ausência”. Aliás, também não existem provas pessoais documentadas de que Michelangelo tenha sido um homossexual, ou de que Leonardo tenha pintado a “Mona Lisa”.

Devemos considerar que, não apenas para com ambos, mas com qualquer outro artista na Renascença, nunca veio às claras qualquer relação deste com o Sudário de Turim – como se, naturalmente, o assunto “Síndone” fosse algo sigiloso. Teria sido por, simplesmente, tais conhecimentos ou contatos nunca terem ocorrido? Difícil acreditar, pois a fama desta relíquia na Europa (e na Itália, especificamente) era gigantesca, e o estreito acercamento das altas rodas eclesiásticas e autoridades políticas com vários destes grandes artistas era uma constante, consequência natural da importância de suas atividades – um exemplo é que, da arte de Michelangelo, 96% foi produzida para cardeais e papas. Uma razão óbvia para tanta mudez deve ser o fato de que, caso um contato entre artista e o lençol fosse revelado, se poderia lançar suspeitas se a relíquia, na verdade, não era uma falsificação deste. Evidentemente, aquela sociedade não toleraria fraudes assim e, ainda que houvesse as cópias “oficiais” em exibição do Sudário, estas, já eram reconhecidamente declaradas como réplicas – com direito a portar um selo da Igreja.

Autor:

Professor Átila Soares da Costa Filho é bacharel em Desenho Industrial e pós-graduado em Filosofia, Sociologia, História da Arte, Arqueologia, Patrimônio, História e Antropologia. Atualmente integra o Comitê Científico na “Fondazione Leonardo da Vinci” (Milão), na “Mona Lisa Foundation” (Zurique) e no projeto “L’invisibile nell’Arte” do “Comitato Nazionale per la Valorizzazione dei Beni Storici, Culturali e Ambientali” (Roma).

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