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domingo, 12 de maio de 2024

Melocactus: A coroa verde da caatinga

Elas não são uma coroa convencional. Muito menos utilizadas como ornamento para a cabeça. Mas, sim, conferem à caatinga um certo triunfo devido a sua exuberância.

Coroa-de-frade, cabeça-de-frade ou tamborete-de-sogra. Essas são algumas das denominações atribuídas ao melocactus, um gênero de plantas pertencentes à família Cactaceae. A explicação por trás dessas denominações? O seu formato pequeno e arredondado, e, principalmente, a presença de um cefálio – estrutura cilíndrica presente no ápice da planta – característica singular do gênero.

O Brasil é considerado o maior centro de diversidade de melocactus do mundo, sendo a Bahia o estado onde é encontrado o maior número de espécies. Por isso, tenho certeza que você tem ou conhece alguém que tenha um melocactus em casa. Eles são amplamente utilizados na ornamentação, além de possuírem inúmeros significados místicos. Mas, falararemos sobre isso em um outro momento.

Na caatinga, os cactos sempre desempenharam um papel importante na vida dos sertanejos, auxiliando na economia e na subsistência. Os melocactus, por exemplo, apresentam espécies ricas em nutrientes, sendo uma alternativa para a alimentação de rebanhos e humanos em períodos de grandes secas. Para mais, também são utilizados na medicina tradicional no tratamento de tosses, gripes, cólicas, doenças renais e outras enfermidades, sendo importantes tanto para humanos como para outros animais da fauna local.

E as utilidades não param por aí. Na culinária popular, o caule do melocactus pode ser consumido de diferentes formas: “cru”, cozido, na produção de licores, bolos e cocadas, sendo uma alternativa rentável para os sertanejos. Quando se trata de serventia, nem mesmo os cefálios destas plantas ficam de fora. Da lã presente no cefálio, é possível fazer doces, enxertos para almofadas, selas e cangalhas. Mas olha só, nada de arrancar o primeiro cefálio que ver pela frente, ein?! A formação do cefálio nessas plantas pode demorar até 10 anos. Uma década de existência.

Apesar de inúmeras utilidades, o homem ainda insiste em destruir aquilo que a natureza oferece de melhor. Com o uso intensivo e a degradação do seu habitat, até mesmo as plantas mais resistentes podem ser afetadas. As populações de melocactus foram extremamente afetadas por atividades antrópicas – aquelas praticadas por homens- e, por isso, estão ameaçadas de extinção.

Mas calma. Nem tudo está perdido. Se começarmos a mudar nossas ações hoje mesmo, ainda podemos salvar esse e diversos outros gêneros botânicos que nos trazem tantos benefícios. Por isso, é essencial que as pessoas entendam a importância dessas espécies para a população, incentivando a sua preservação. E o nosso trabalho deve começar imediatamente! Que tal divulgar esse texto para um conhecido seu? Até a próxima e…lembre-se: nada de arrancar um melocactus sem necessidade.

Referências:
Melocactus / Diva Correia… [et al.]. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2018.

DIVERSIDADE, ETNOBOTÂNICA E PROPAGAÇÃO DE CABEÇA-DE-FRADE (Melocactus LINK
& OTTO – CACTACEAE) NO ESTADO DE SERGIPE / Eronildes Soares Bravo Filho – Sergipe, 2014.

OLIVEIRA, Marcio Roberto. Melocactus Ernestii in Habitat. Bahia, Brasil, 15 mar. 2010. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Melocactus_ernestii_in_habitat.jpg.Acesso em: 11 out. 2023

Autora:

Bianca Amorim Costa, estudante de Ciências Biológicas na Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS. Email: biancaamorimcosta@outlook.com

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