Segundo Piaget (1998), as atividades lúdicas são estratégias enriquecedoras do desenvolvimento infantil, pois auxiliam na transformação e no ensino. Essa abordagem de aprendizagem emprega materiais diversos, proporcionando às crianças a expansão de seus conhecimentos por meio de métodos que envolvem jogos, brincadeiras, música e expressão corporais. Dessa maneira, as crianças se desenvolvem ao aumentar suas percepções e aprimorar suas qualidades individuais.
Durante as atividades lúdicas, o docente atua como um motivador e pode interpretar as situações que ocorrem na sala de aula, identificando conflitos, personalidades e habilidades entre seus educandos. Trabalhando nessa perspectiva, o professor oferece às crianças a oportunidade de iniciar seu processo de ensino e aprendizagem de forma significativa, incentivando a leitura, interpretação e criatividade.
Brincar não consiste em um simples momento reservado para permitir que a criança se divirta em um espaço com ou sem brinquedos. É, na verdade, uma oportunidade para ensinar e aprender. Zanluchi (2005, p. 89) aponta que “quando brinca, a criança prepara-se para a vida, pois é através de sua atividade lúdica que ela vai tendo contato com o mundo físico e social, bem como vai compreendendo como são e como funcionam as coisas”. O autor também destaca que a atividade lúdica proporciona às crianças uma preparação para a vida, atuando como uma ponte entre o mundo físico e social. Quando as crianças estão brincando, estão na verdade expressando sua linguagem pessoal.
Segundo Oliveira (2000), o brincar propicia o fortalecimento da autonomia da criança e contribui para a desconstrução de estruturas defensivas. Por exemplo, ao brincar de boneca, a menina imita e se identifica com a figura materna.
Pensando a partir desta abordagem teórica, muitos educadores desconhecem a real função do lúdico no cotidiano da sala de aula, assim acabam não desenvolvendo estas atividades intencionalmente. Sabe se que o educador é a chave principal deste processo e cabe a ele proporcionar momentos diferenciados dentro da rotina da educação infantil.
Para Gonzaga (2009), a essência de um bom professor reside na habilidade de planejar metas para a aprendizagem dos educandos, mediar suas experiências, auxiliar no uso das diferentes linguagens, realizar intervenções e ajustar o curso quando necessário. Talvez, os bons professores sejam aqueles que demonstram respeito pelas crianças, e é por isso que eles incorporam a qualidade lúdica em sua prática pedagógica.
Entretanto, Piaget (1998) alega que existem estágios progressivos para que a criança alcance o desenvolvimento e aprendizagem, avaliando que a criança se desenvolve gradualmente em etapas de absorção e acomodamento, esse processo resulta em desenvolver sentimentos afetuosos, igualitários, motor e cognitivo.
Santos (2002), em sua literatura discorre, que a ludicidade, não é apenas uma necessidade da criança, mais também do adulto, assim a necessidade do ser humano de se envolver em atividades lúdicas é fundamental em todas as idades e não deve ser considerada apenas como uma forma de diversão. O desenvolvimento da ludicidade desempenha um papel crucial na facilitação da aprendizagem, no crescimento pessoal, social, humanístico, socioemocioinal e cultural, contribuindo para uma boa saúde mental, preparando o indivíduo para um estado interior fértil. Além disso, promove os processos de socialização, comunicação, expressão e construção de conhecimentos.
A brincadeira é uma necessidade e também uma experiência, para qualquer idade, pois quebra barreira e diminui o estresse do dia a dia e de extrema importância para as crianças da Educação Infantil.
Referências
GONZAGA, R. R das N. A importância da formação lúdica para professores de educação infantil. Revista Maringá Ensina, n.10, fev./abr., 2009.
OLIVEIRA, V. B. de (org.). O brincar e a criança do nascimento aos seis anos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
PIAGET, J. A formação do símbolo: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
SANTOS, S. M. P. dos. O lúdico na formação do educador. 5.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002
ZANLUCHI, F. B. O brincar e o criar: as relações entre atividade lúdica, desenvolvimento da criatividade e Educação. Londrina: O autor, 2005.
Autores:
Raquel Cristiane de Lima – Especialista em Educação Infantil.
Mario Marcos Lopes – Especialista em Educação. Docente do Centro Universitário Barão de Mauá; Faculdade São Luís; Tutor do Curso de Pedagogia – UFTM; Professor da Rede Municipal de Ribeirão Preto.
ótimo artigo, parabéns.