Ao longo da minha vida, me deparei com muitos espetros, mas nenhum se comparou à sombra intimidante do compromisso. Era como se ele me seguisse por todos os cantos, observando-me com olhos julgadores, desafiando minha independência e liberdade.
Sempre fui uma alma inquieta, errante por natureza. O medo de compromisso era meu companheiro fiel, sussurrando em meus ouvidos todas as razões pelas quais eu deveria resistir a qualquer tentação de laços duradouros.
“Amar é aprisionar”, dizia ele em seu tom soturno, “e você não nasceu para estar enclausurada em correntes emocionais. Siga sua própria jornada, sem amarras, sem responsabilidades.”
E, de fato, a ideia de responsabilidade sempre me assustou. A ideia de me entrelaçar com outra pessoa e compartilhar meu tempo, meus sonhos e minhas angústias parecia um fardo pesado demais para carregar.
Mas, em meio ao pavor, também sentia uma inquietante curiosidade. E se, por acaso, o compromisso não fosse a prisão que eu imaginava? E se, ao invés disso, ele fosse a chave para desvendar novos mundos de conexão humana?
Foram esses questionamentos que me levaram a enfrentar meu medo de frente. Decidi dar uma chance ao compromisso, mesmo que relutante, sem saber ao certo o que encontraria nessa jornada desconhecida.
E, para minha surpresa, o que encontrei não foi um calabouço claustrofóbico, mas um universo de possibilidades. Ao invés de me sentir acorrentada, senti minhas asas se expandindo. O compromisso não me limitou, mas me libertou.
Percebi que, ao abrir espaço para compartilhar minha vida com alguém, eu não perdia minha individualidade, mas ganhava um companheiro de jornada. Encontrei uma parceria que me incentivou a ser a melhor versão de mim mesma, que me apoiou nos momentos de dificuldade e celebrou minhas vitórias.
O medo de compromisso, que antes parecia um monstro imponente, perdeu sua força. Aprendi que comprometer-se não é abrir mão de quem somos, mas abraçar a oportunidade de amadurecer, de aprender a ceder e de compartilhar o peso e a leveza da vida com outro coração.
Hoje, não nego que ainda sinto a presença ocasional do medo, mas já não permito que ele me domine. O compromisso se tornou um aliado, e nossa dança é uma constante evolução.
A vida é feita de escolhas, e eu escolhi abraçar o compromisso sem medo. Afinal, é no encontro com o desconhecido que descobrimos a verdadeira essência da nossa existência. E, nessa jornada, aprendi que o compromisso pode ser a mais bela das aventuras.
Autora:
Matile Facó é uma escritora e artista de alma inquieta, apaixonada por expressar suas emoções e reflexões sobre a vida por meio das palavras, desenhos e poesias. Sua busca pela verdade e autenticidade a levou a criar um universo único de criações artísticas que ressoam com os corações de seus leitores.
