A Cidade

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Como qualquer turista que se preze, quis conhecer o que por muitos seria despercebido. Estava em uma cidade onde sonhava em visitar, com belos museus e arquitetura que vinha de seus sonhos, era como se a cidade fosse ele, ou vinda dele, gostava de pensar assim, mesmo não acreditando. Mesmo com muitos visitantes, era apenas vista de cima, era bem mais profunda do que os sentidos poderiam alcançar, o que a tornava cansativa para alguns, a superficialidade é mais confortável, então Ele, o qual eu não sei o nome

— porém, sabia muito mais que isso — queria desafiar. A cidade era velha, tinha muita coisa a oferecer, isso a fazia como a água, em ter uma alta tensão superficial, era também dolorida, pois em cada canto, tinha história, e de grande inteligência, sabia muito bem quando ser si mesma e quando não ser, e por isso o momento que se mostrava era à noite. Eram nos horários noturnos que dava um vislumbre do que realmente era capaz, de sua essência intrinsecamente diferente de qualquer outra coisa que existe, era de conceito humano que se baseava e se destruía, era heterogênea pois era um produto, não o reagente. Sabia que era especial para alguém, o modo que as lamparinas ainda eram acesas com óleo denunciava que ainda se importavam, e isso não sou eu quem digo, tudo foi Ele quem me relatou, só escrevo.

Sua idade era desconhecida, mas foi estimada por Ele em imortal e infinita, já que não era só física, muito de sua riqueza veio da mente das pessoas. Era artística por natureza, assim como científica, tinha dos mais abrangentes dos conhecimentos em sua biblioteca, a qual era como a de Alexandria. Tinha seus pontos turísticos, a sua própria Champs-Élysées, com seu próprio Arco do Triunfo, porém, seu sentido era desconhecido por Ele, mas me disse que era belíssimo e que era sentido suficiente. Foi de noite que ele foi investigar, me relatou. Me chamou atenção o modo o qual me contou, estava nervoso e inquieto, e logo foi me dizendo o que havia acontecido. Quando pegou seu cocheiro, já o olhava com estranheza, então perguntou se era a primeira vez que Ele havia ido lá, Ele disse que era, e disse que explicava o fascínio. Ele indagou o porquê, o homem riu e disse:

— Meu senhor, só quem vê o desconhecido pela primeira vez tem esse brilho no olhar.

E o cocheiro não mentira. Era realmente um brilho característico, genuíno e incontrolável. Chegou na rua principal, agradeceu e despediu-se do cocheiro. Era muito bem iluminada, de modo que a luz das velas no topo dos postes eram intensificadas e tinha cheiro amadeirado e floral, era bem aconchegante pelo que Ele me disse. Era cortada por um rio, e depois saiu perguntando para as pessoas curiosidades da cidade para que, no final, pudesse juntar todas as perspectivas para formar a sua. Após um certo tempo, não me especificou pois disse que não viu o tempo passar, percebeu que a cidade era viva. Ela era mais que viva pois não podia morrer, e descobriu ao ver que ela também respirava como todos que nela habitavam, ela era uma mistura de todos ao mesmo tempo que era única, era difícil sair da superfície pois ela não permitia, ela tinha suas intimidades e não queria compartilhá-las, era gente, suas lamparinas e postes eram seu olhar, seu rio era seu sangue, seu cheiro era seu perfume e as pessoas eram seus neurônios. Era esperta e linda, e sabia disso, o que fez meu narrador se sentir observado e agoniado, ao mesmo tempo que confortado, por isso a agonia quando me contava. Perguntei a Ele o motivo de sua reação e ele me respondeu:

— Querida, era bem mais do que uma cidade.

Autora:

Layla Azoubel

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