Um estudo recente, publicado pela American Cancer Society no final de 2022, mostrou o crescimento da incidência de câncer colorretal em pacientes com menos de 50 anos, com uma alta de 9% nos casos desde 2020.
Também no ano passado, pesquisadores da Universidade de Harvard publicaram um artigo na revista científica “Nature Reviews Clinical Oncology” destacando 14 tipos de tumores cujo diagnóstico nesta faixa etária está em ascensão.
O aumento dos diagnósticos de tumores em adultos jovens, no entanto, não é um fenômeno isolado e já vem sendo identificado também aqui no Brasil.
Em 2019, o Observatório de Oncologia, um projeto do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, divulgou o estudo “Câncer antes dos 50”. Em seus achados, ficou detectado que esta já era uma realidade entre os brasileiros. A equipe de pesquisa realizou uma análise de dados abertos, fontes oficiais de informação em saúde, para entender este cenário.
Dentre os principais dados levantados para a faixa etária entre 20 e 49 anos, entre os anos de 1997 e 2016, o estudo brasileiro mostrou que o câncer colorretal teve um aumento de incidência de 3,4%.
Dois fatos destacaram-se sobre os tumores mais incidentes entre os homens e as mulheres no país:
– O câncer de próstata teve um aumento de incidência, nesta população, de 5,2%;
– A mortalidade por câncer de mama em mulheres mais jovens aumentou em 2,5% no período.
Os hábitos pouco saudáveis e o câncer
O câncer pode ser, de certa forma, considerado parte do processo de envelhecimento do organismo. Com o passar dos anos, o sistema de reparação celular começa a falhar e pode, por vários fatores, ocasionar uma multiplicação celular anômala e levar ao desenvolvimento de um câncer.
No entanto, segundo o levantamento do Observatório de Oncologia, o aumento da incidência e mortalidade por alguns tipos de neoplasias, que até então estavam relacionadas com o avanço da idade, vem acontecendo em pessoas cada vez mais jovens.
Entre os motivos para este novo fenômeno está o estilo de vida pouco saudável, que aumenta a exposição aos principais fatores de risco para o câncer.
É fundamental alertar, por meio de ações informativas, sobre a importância de adotar hábitos saudáveis, como a prática de atividade física regular, evitar consumo de bebidas alcoólicas, evitar o tabagismo e adotar alimentação saudável e balanceada.
Além do alerta para os riscos de uma doença potencialmente grave numa população cada vez mais jovem, os resultados deste estudo evidenciam a necessidade de estabelecer de forma prioritária e urgente políticas públicas de prevenção e controle do câncer no Brasil.
O controle efetivo sobre os fatores de risco mencionados anteriormente em âmbito de saúde individual e coletiva é essencial e gera impacto positivo não somente na prevenção do câncer em si, mas também de outras doenças crônicas (DCNTs), como o próprio diabetes e a hipertensão arterial. Adicionalmente, o que a população precisa ter muita clareza é com relação a importância da realização dos exames preventivos periódicos, indicados para cada grupo e faixa etária, pois são fundamentais para o diagnóstico precoce. Só a prevenção e promoção à saúde podem ajudar de fato a mudar as estatísticas do câncer e salvar vidas.
As informações completas podem ser acessadas no site www.observatoriodeoncologia.com.br
Autora:
Catherine Moura, Médica Sanitarista e líder do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer
